Sábado, 12 Julho

O Governo do Amazonas, comandado por Wilson Lima (UB), firmou e pagou mais de R$ 50 milhões à empresa Segra Segurança Radiológica LTDA para serviços na Fundação Centro de Oncologia do Amazonas (FCECON) – que sofre sem remédio – e outras unidades de saúde de 2019 até os dias atuais. No entanto, o alto gasto com a empresa não reflete a realidade no atendimento das unidades que recebem o serviço da Segra.

Nossa equipe apurou que o Estado do Amazonas têm firmado contratos e termos aditivos frequentemente com a empresa há anos, sendo a maioria destes na gestão de Wilson Lima, iniciando em 2019 e persistindo até os dias atuais. No total, foram 10 contratos e 27 termos aditivos que somam o montante de R$ 50.867.894,54 (Cinquenta milhões, oitocentos e sessenta e sete mil, oitocentos e noventa e quatro reais e cinquenta e quatro centavos).

Entre os serviços prestados nos diversos contratos que resultaram nos R$ 50 milhões estão os de “radioterapia, compreendendo simulação de pacientes e tratamento de radioterapia em aparelhos de cobalto; serviços de médico especialista em radioterapia, técnicos de radioterapia e de radiologia com especialização em radioterapia e dosimetristas; serviços técnicos radiológicos; e pediatria oncológica.

O último contrato firmado pelo governo de Wilson Lima e a empresa Segra, foi publicado no diário oficial do último dia 16 de maio com o valor de mais de R$ 7 milhões. Contudo, o serviço que será prestado não foi informado.

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Ao analisar esses gastos, fica nítido que os mesmos não condizem com a realidade no atendimento do FCecon. O programa Mais Verdade o Portal Alex Braga têm trazido casos recorrentes de descaso contra os cidadãos amazonenses que dependem do serviço público de saúde para sobreviver.

Em um dos casos, Cristina de Souza Coelho, de 42 anos vive em condições precárias, sem acesso a tratamento adequado e desabafou ao PAB que os médicos do FCecon afirmaram que não podem fazer nada em relação ao câncer que ela tem no útero.

“Nem sei quanto tempo tenho essa doença. Antes eu era forte, trabalhava, corria atrás. Hoje eu estou doente, debilitada, e só peço socorro”, conta emocionada.

Em um segundo caso acompanhado pelo PAB e pela Rede Mais Amazonas, vários pacientes da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (Fcecon) denunciam a falta de remédios e tratamento de quimioterapia na unidade.

Um dos paciente, seu Edilson, 52, relatou a falta de remédios e chamou atenção para a gravidade do câncer

“Aqui está uma calamidade sobre remédios. Câncer não é uma doença qualquer, é uma doença séria. A gente chega na farmácia para pegar o remédio e não tem. Eu dependo para fazer essa quimioterapia. São seis pílulas por dia que tenho que tomar e eu não tenho. Não tenho trabalho e nem dinheiro. Tive que pedir ajuda para comprar esse remédio fora”, relatou.

Seu Edilson

Segra: a empresa “de milhões”

O PAB apurou informações a respeito da empresa e identificou que, segundo a Receita Federal, ela tem sua sede localizada em um centro comercial situado na rua Martin Afonso de Souza, no bairro Dom Pedro, zona Centro-Oeste de Manaus.

Fachada da empresa Segra

Ainda de acordo com a Receita, a Segra possui 45 sócios, tendo dois deles como sócios administradores; destes, Diógenes Antônio Gondim Sales é quem responde pela instituição e assina os contratos.

Posicionamento

Nossa equipe enviou demanda para o governo do Amazonas solicitando esclarecimentos a respeito do alto investimento com a empresa em contraste com a realidade do FCecon, mas até o fechamento desta matéria não fomos respondidos.