Em meio ao caos da saúde pública e ao abandono das autoridades no Amazonas, sob a gestão do governador Wilson Lima, a história da paciente Cristina de Souza Coelho, de 42 anos, escancara a dura realidade de milhares de brasileiros esquecidos pelo poder público.
Diagnosticada com câncer no útero, a faxineira vive em condições sub-humanas, sem acesso a tratamento adequado, em uma moradia improvisada construída sobre um igarapé, no bairro da Alvorada zona Oeste de Manaus. Falta moradia, falta assistência médica e até comida onde a propaganda dos programas estaduais de auxílio nunca tornou-se verdade.

O caminho até o barraco de madeira onde vive com o marido é um desafio por si só: pontes improvisadas com tábuas soltas, riscos constantes de acidentes e nenhuma estrutura adequada. A pequena casa, que pertence a uma sobrinha e foi cedida temporariamente, está condenada pela Defesa Civil. No entanto, sem ter para onde ir, dona Cristina permanece no local, vivendo entre o lixo, o igarapé poluído e o medo de um desabamento.

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“Eu preciso muito de uma moradia. Se alguém puder me ajudar, que Deus toque no coração dessa pessoa. Aqui está com risco de desabar”, desabafa. “A Defesa Civil veio aqui, mas só condenou o local. Disseram que eu tenho que sair, mas não tenho para onde ir.”

Dentro do cômodo de madeira onde passa a maior parte dos dias, a situação é ainda mais crítica. Apenas uma cama, um ventilador velho, uma mala usada como guarda-roupa e uma televisão de tubo que quase não funciona compõem o cenário. Não há banheiro ou saneamento. As necessidades básicas são feitas como for possível. Cristina sequer consegue mais ir ao médico, tamanha a debilidade física.
Pedido de socorro

Segundo a paciente, os médicos da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Amazonas (FCecon) informaram que não podem intervir no tumor no momento. “Nem sei quanto tempo tenho essa doença. Antes eu era forte, trabalhava, corria atrás. Hoje eu estou doente, debilitada, e só peço socorro”, conta emocionada.
Sem qualquer tipo de auxílio do Estado ou da Secretaria de Saúde, a paciente sobrevive graças à solidariedade dos vizinhos e de membros da igreja evangélica que frequenta. “Me alimento porque a minha pastora cozinha e traz comida. Meus pastores também compram remédios quando eu preciso, mas às vezes não tem no posto, está em falta”, relata.
O marido de Cristina trabalha em um mercadinho da região, mas o salário é insuficiente para garantir dignidade à família. Mesmo assim, ele ajuda com o que pode, especialmente nos momentos em que a esposa precisa de medicação ou de locomoção para algum atendimento médico.
A história de Cristina de Souza Coelho é um apelo desesperado por dignidade. Em tempos em que tanto se fala em direitos humanos e inclusão, ela continua à margem, pedindo por algo básico: o direito de viver com dignidade enquanto luta contra uma doença grave. Uma moradia segura e acesso à saúde são o mínimo que se espera de um Estado que deveria cuidar dos seus cidadãos.
Para ajudar Cristina, você pode enviar um PIX pela chave 92991656815 ou ir diretamente em seu endereço: rua Blue, número 57, bairro Alvorada 3.
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