Nesta quinta-feira (13), o Amazonas completa cinco anos desde que o primeiro caso de Covid foi confirmado no Estado. Uma mulher de 39 anos, que chegou de Londres, foi a primeira paciente da maior tragédia humanitária do Estado. Daquele dia em diante, seguiram-se milhares de mortes, colapso na rede de Saúde, mortos por asfixia, covas coletivas, escândalos de corrupção, respiradores comprados e, loja de vinho e uma sequência do desmonte das estruturas dos hospitais que até hoje seguem cobrando vidas.
MORTES BRINDADAS A VINHO
As duas ondas de Covid que afogaram os amazonenses no luto foram portas abertas para denúncias de corrupção no governo Wilson Lima. A mais célebre de todas foi a compra de respiradores em loja de vinho, desdobrada em operação da Polícia Federal, pedido de prisão e afastamento do governador Wilson Lima e um escândalo que pautou a imprensa nacional.
O Amazonas viveu duas grandes ondas da Covid-19. A primeira entre os meses de março e maio de 2020, a segunda onda entre o final de novembro de 2020 e janeiro de 2021.
WILSON LIMA VIROU RÉU, MAS ESCAPOU DA PRISÃO
A corrida por oxigênio nas ruas, enquanto os entes queridos asfixiavam na rede estadual de Saúde do Amazonas está entre as imagens mais impactantes da pandemia no Amazonas. Enquanto aquele sofrimento viralizava na rede social, o governador Wilson Lima era monitorado por uma suspeita compra de respiradores em loja de vinhos.

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No dia 27 de setembro de 2021, Wilson Lima tornou-se réu no Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde foi chamado de “chefe de quadrilha”. Escapou da prisão e do pedido de afastamento feito pela Polícia Federal, a quem foi obrigado a entregar o celular num hotel em Brasília.
Até hoje o caso corre no STJ, sem uma conclusão.
Depois disso, além de não ser julgado, Wilson Lima pediu habeas corpus para não depor na CPI da Covid no Senado, conseguiu ser reeleito, escapou ileso da CPI na Assembleia Legislativa do Amazonas, e viu seus secretários de Saúde serem presos, enquanto se mantém no poder a peso de advogados e da imunidade que o cargo lhe empresta.
O prejuízo apurado na época, R$ 2 milhões, jamais foi ressarcido.
CRISE PARA ALÉM DA COVID
Hoje, passados cinco anos do início da Covid, a Saúde do Amazonas segue em crise, comandada pelo mesmo governador e entregando à população cenas como a desta mãe, que ano passado deu à luz no chão da Maternidade Ana Braga, unidade comanda pela Secretaria Estadual de Saúde (SES), com orçamento de R$ 3 bilhões.
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Fica a lembrança dos entes queridos perdidos e a dura realidade do que ocorre hoje, com uma análise triste de quem conhece a realidade da população, o presidente do Sindicato dos Médicos do Amazonas, doutor Mário Vianna, capaz de ligar passado, presente e futuro, num Estado onde a Saúde ficou em segundo plano, e onde o Governo se recusa a responder para a população o que pretende fazer para mudar o quadro atual.

“Na pandemia ocorreram coisas absurdas, como pacientes sem Covid colocados com pacientes com a Covid, sem o menor constrangimento. Várias atrocidades foram cometidas durante a pandemia, e são cometidas ainda hoje depois da pandemia, e nós temos uma total hipoatividade dos órgãos de fiscalização”.
Mário Vianna, presidente do Sindicato dos Médicos do Amazonas