Quinta-feira, 20 Março

A vida de quem depende do Hospital 28 de Agosto, um dos maiores da rede pública do Amazonas, tem se tornado um verdadeiro desafio, especialmente para aqueles que, como Luiz Lima da Silva, 66, buscam atendimento de urgência. A família do paciente procurou a equipe de jornalismo do Portal Alex Braga para denunciar uma espera que já dura 1 mês por um cateterismo, exame que pode ser a diferença entra a vida de a morte do paciente, vítima de infarto.

As dificuldades enfrentadas pelos pacientes, como espera por atendimento, por leito e a constante falha na comunicação entre os funcionários, têm gerado angústia para a família do paciente, dias depois do governador Wilson Lima, em suas redes sociais afirma que não haveria mais fila e nem espera.

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No entanto, a experiência de Luiz Lima, que sofreu um infarto em fevereiro deste ano, mostra uma realidade bem diferente. De acordo com sua filha, Lucina da Silva, Luiz precisou ser internado emergencialmente no Hospital 28 de Agosto e, após a realização de alguns exames iniciais, foi solicitado o procedimento de cateterismo, que poderia determinar o grau do entupimento das artérias ou até mesmo a necessidade de uma cirurgia mais complexa.

Mas, o que deveria ser apenas um exame simples acabou se tornando um verdadeiro pesadelo.

Lucina narra que, desde o início do tratamento, a família tem enfrentado um verdadeiro caos dentro do hospital.

“Já vai fazer um mês que meu pai está nessa luta no Hospital 28 de Agosto devido a desencontros de informações. Ele tem que fazer o exame de cateterismo no Hospital Francisca Mendes, mas, por falhas no atendimento, ele foi e voltou duas vezes sem realizar o procedimento”, relata Lucina.

Desinformação e descaso

O primeiro imprevisto ocorreu quando a equipe médica do Hospital 28 de Agosto não tratou a questão renal de Luiz, um problema que foi identificado somente no Hospital Francisca Mendes, após o paciente já ter ficado 12 dias internado sem o tratamento necessário. O atraso no atendimento e a falta de coordenação entre as unidades hospitalares geraram um sofrimento adicional para Luiz e sua família.

No segundo episódio, o problema se agravou. Luiz, que é cardiopata e sofre de constantes ataques cardíacos, não recebeu o devido tratamento no Hospital 28 de Agosto antes de tentar novamente o exame de cateterismo. No momento do procedimento, ele estava com 150 batimentos cardíacos por minuto, o que impediu que o exame fosse realizado, pois o risco de complicações fatais era grande. “Ele ficou o tempo todo sem a medicação necessária para acalmar o coração. A gente tinha que voltar para o Hospital 28 de Agosto para tentar estabilizá-lo novamente”, explica Lucina.

A falta de informações claras e precisas também tem sido uma constante. Quando a família finalmente conseguiu remarcar o exame para o dia 5 de março, a surpresa veio com mais um erro: os médicos do Hospital 28 de Agosto alegaram que não sabiam da data marcada e disseram que o procedimento não estava agendado. “Fui até o setor NIR do hospital, e lá disseram que não havia data marcada. Mas, para o médico de cima, ele afirmou que havia. Estão fazendo a gente de palhaço, porque estamos há um mês tentando resolver isso e não temos dinheiro para ficar pagando Uber e outras despesas”, desabafou Lucina.

O caso de Luiz Lima expõe uma grave falha no atendimento de urgência e na comunicação dentro do sistema de saúde pública do estado. Apesar das promessas de melhorias feitas pelo governo, como a redução da fila de espera e a ampliação de cirurgias, a realidade de quem precisa de atendimento médico continua sendo de descaso e descuido.

A situação de Luiz Lima da Silva é apenas mais um exemplo das dificuldades enfrentadas por muitos amazonenses que dependem do SUS para cuidados médicos essenciais. A falta de estrutura, a demora no atendimento e as falhas no repasse de informações estão colocando em risco a vida de pacientes e gerando um sofrimento que poderia ser evitado com uma gestão mais eficiente e atenta às necessidades da população.

O Outro lado

O Núcleo Investigativo do Portal do Alex Braga, entrou em contato com a Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (Ses-AM), para questionar as falhas no atendimento do paciente Luiz e se existe alguma data para a realização do exame de cateterismo. Mas até a publicação desta reportagem não tivéssemos respostas.

O espaço segue aberto para esclarecimentos.

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