Um esquema criminoso em Guajará, interior do Amazonas, que veio à tona no final das eleições municipais de 2024, envolve recursos públicos da prefeitura para trazer eleitores que moram em Cruzeiro do Sul, cidade do estado do Acre que faz fronteira com o município para votarem.
Tudo veio à tona após Mardson de Oliveira que também disputou as eleições para prefeito revelar todo o esquema onde afirmou que tudo começou com Rafael Alexandro que é sobrinho do prefeito eleito em 2024 Adaildo da Costa Melo Filho, após ser foi nomeado para ser o chefe da divisão de tributos e fiscalização de terras urbanas no início de 2024 desde então emitiu diversas declarações de residências falsas, para que moradores de Cruzeiro do Sul transferirem seus títulos de eleitor para Guajará, a fim de que votassem no candidato Adaildo, que era apoiado pelo ex prefeito.
Rafael, como servidor da prefeitura, emitiu documentos públicos, contendo informações falsas de que pessoas que moram em Cruzeiro do Sul, que recebem bolsa família por Cruzeiro do Sul, tinham terrenos em Guajará, imóveis que nunca sequer existiram.
A suspeita é de que o grupo criminoso se utilizou das estruturas do poder público municipal de Guajará em benefício e interesses particulares teriam articulado um esquema para transferir 1.604 eleitores com o objetivo de garantir sua vitória nas eleições municipais de 2024, a diferença entre Adaildo e Madson de Oliveira Gomes foi de 200 votos.
Confirma a Justiça Eleitoral que a cidade conta com aproximadamente 12.500 eleitores, mas o IBGE consta que a sua população total é 14.332, incluindo crianças e adolescente de 1 a 15 anos de idade.
Uma conta que não bate para que as informações da justiça eleitoral representassem a realidade, para que de fato o município tivesse 12.500 eleitores, o município precisaria ter uma população de mais de 16.000 pessoas, visto que conta com aproximadamente 4.000 que ainda não alcançaram a idade para votar.
Um simples cálculo já demonstra que a 45º Zona Eleitoral do Amazonas contém um eleitorado irreal, pois se o IBGE estima que a população de Guajará é de 14.332, sendo que desse total 4.709 não podem votar, menores de 16 anos, a cidade poderia contar com no máximo 9.623 eleitores, quase 3 mil a menos do que a justiça eleitoral afirma haver, pois existe 12.580 eleitores registrado e aptos ao voto.
Toda essa realidade deixa evidente que não é mais a população de Guajará quem decide o seu futuro, mas sim cidadãos de outra cidade, de outro estado, que foram aliciados a mudar seu domicílio eleitoral para beneficiar um grupo político criminoso.
O vereador Josimar Melo de Lima (UB) também é apontado como responsável pela gestão do esquema de compra de votos, com recibos de pagamentos via pix presentes no inquérito, os quais podem ser decisivos para a cassação do prefeito.
Uma das provas apresentadas envolve o caso de dois homens e dois eleitores que tiveram sua identidade preservada, ambos moram em Cruzeiro do Sul, mas foram registrados como moradores de Guajará, o que lhe permitiu votar nas eleições de 2024.
Foram promessas, e vários benefícios em troca do voto em Adaildo, como a reforma de residência , emprego, no entanto, segundo a denunciante, nenhuma das promessas foram cumpridas.
Este outro afirmou que foi induzido a transferir seu título eleitoral para Guajará, por um vereador, pois até conta bancária teve que abrir.
O Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM) poderá, se as denúncias forem confirmadas, cassar o mandato de Adaildo e convocar novas eleições no município, a investigação ainda está em andamento, e os desdobramentos do caso podem causar mudanças significativas na política local.