Manaus – A vice na chapa de Alberto Neto (PL) professora Maria do Carmo (Novo), está sendo alvo de denúncia apresentada à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal (MP-AM).
Abaixo, confira os documentos que indicariam a suposta existência de repasses de dinheiro de forma ilegal, abuso de poder econômico e uso das empresas de Maria do Carmo para o cometimento de supostos crimes eleitorais, conhecido como ‘Caixa 2‘.
Maria do Carmo Seffair é empresária e dona da maior rede de faculdade particular do Amazonas.
Ronaldo Fernandes da Silva é o autor da denúncia, Fernandes é professor e se candidatou a vereador pelo Partido Novo, mesmo partido de Seffair.
Ronaldo Fernandes reuniu gravações, fotos, extratos bancários e prints de conversas do WhatsApp que comprovam que Maria do Carmo teria repassado ilegalmente dinheiro para ele e o grupo de 220 cabos eleitorais sob seu comando. Em uma das gravações, Maria admite ter enviado a quantia de quase R$ 1 milhão pelo grupo liderado pelo denunciante. Em outro momento, ela confessa que já se acha eleita e tem a pretensão de disputar o governo do estado em 2026.
O áudio gravado, deixa claro que não só recursos financeiros do grupo empresarial de Maria do Carmo é usado para beneficiar sua campanha eleitoral como também a estrutura da Faculdade Fametro e Santa Tereza foi utilizada para as operações.
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Acordos de união e financeiro
Próximo das convenções partidárias, Maria do Carmo aceitou ser vice na chapa de Alberto Neto, formando a Coligação Ordem e Progresso, que recebeu apoio de grandes políticos como Jair Bolsonaro. Os documentos apresentados como prova mostram os extratos bancários que confirmam transferências financeiras de Maria para Ronaldo, que mobilizou 24 equipes de cabos eleitorais, totalizando cerca de 220 pessoas.
Nas conversas que Maria do Carmo tinha com o professor Ronaldo Fernandes, ficou claro que Ronaldo estava sendo abastecido financeiramente por Maria do Carmo. Em uma conversa no dia anterior ao primeiro turno da eleição, Maria escreveu: “Ronaldo, estou tentando arrumar 50.000. Mas não tenho esse valor. Posso fazer Pix”.
No dia seguinte, ela transferiu R$ 22 mil da conta do Centro de Estudos Jurídicos do Amazonas para a conta pessoal de Ronaldo, como havia prometido.
Ronaldo utilizou duas contas para receber os recursos de “caixa 2”: uma conta de pessoa física no Banco Itaú e outra, de pessoa jurídica, com o nome fantasia “O Assessor”. Esse nome gerou estranhamento em Maria do Carmo, que questionou: “Ronaldo, o teu Pix? A Kellen me passou um, mas aparece assessor. É isso mesmo?”.
Denúncia na Polícia Federal
A denúncia realizada por Ronaldo Fernandes pode levar à cassação da chapa Alberto Neto- do Carmo por abuso econômico e uso de caixa 2.
Leia o documento na íntegra
Assessora de Maria do Carmo e braço direito Kellen Lopes
Kellen Cristina Veras Lopes é braço direito de Maria do Carmo e foi peça chave no esquema.
Em 20 de maio, Kellen enviou o primeiro Pix para Ronaldo, transferindo R$ 5 mil de sua empresa, a KFL Consultoria. Nas semanas seguintes, Maria do Carmo utilizou tanto sua conta pessoal quanto a do Centro de Estudos Jurídicos do Amazonas para enviar grandes quantias, totalizando montantes crescentes: R$ 35 mil em junho, R$ 75 mil em julho, e R$ 85 mil em agosto.
A situação se agravou quando um grupo de ativistas, insatisfeitos com a falta de pagamento, decidiu gravar uma reunião com Maria do Carmo. Na gravação, Kellen revela que a reitora havia investido mais de R$ 500 mil na campanha de Ronaldo, incluindo um repasse de R$ 200 mil. Kellen se defende: “Ele não tem como dizer que não recebeu porque dois pagamentos foram feitos pra ele. E um eu entreguei pra ele”.
À medida que as investigações avançam, o futuro da candidatura de Alberto Neto e Maria do Carmo se torna incerto. As graves acusações de ‘caixa 2‘ e abuso de poder econômico não apenas ameaçam suas chances eleitorais, mas também levantam sérias questões sobre a ética nas práticas eleitorais em Manaus.