A gestão do ex-prefeito de Parintins, Frank Luiz da Silva Garcia, conhecido como Bi Garcia e a famosa empresa de eventos Amazon Best entraram na mira de uma severa investigação no Ministério Público de Contas. As suspeitas, giram em torno do uso irregular de recursos públicos provenientes de emendas parlamentares e repasses diretos do Governo Estadual, que abasteceram o município com valores expressivos nos últimos anos.
De acordo com as informações, esses recursos, cuja origem remonta a grandes emendas de aliados políticos e parlamentares próximos, teriam sustentado: obras, contratos culturais e patrocínios ao Festival Folclórico de Parintins — um dos maiores eventos do país, mas também, segundo os próprios auditores, um dos mais permeáveis a relações político-empresariais pouco transparentes.

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Investigação sobre repasses milionários
O famoso Festival de Parintins, recebeu cerca de R$ 85 milhões entre 2021-2024, em emendas parlamentares — um aumento expressivo de quase 250% em relação ao período anterior. Parte desse montante teve origem em parlamentares ligados ao ex-prefeito Bi Garcia e à sua esposa, deputada estadual, Mayra Dias (Avante), que também figurou entre os principais autores de emendas destinadas ao município do boi.
Os repasses podem ser vistos no Portal da Transparência do Amazonas.
Ano de 2024



2025



Ministério Público de Contas na mira de Bi Garcia
Bi Garcia, está sendo investigado pelo Ministério Público de Contas do Amazonas (MPC-AM) por suspeitas de irregularidades em contratos firmados durante sua gestão com a empresa Amazon Best Turismo e Eventos Ltda. O caso foi publicado em agosto, no Diário Oficial do Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM), registrado sob o Processo nº 10005/2020.

Ainda, a apuração não envolve apenas o Ministério Público de Contas. O Ministério Público do Estado (MP-AM), a Prefeitura de Parintins e a Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa (SEC) também figuram no processo como interessados. O objetivo é examinar a legalidade de atos administrativos praticados pela administração municipal, especialmente no que diz respeito à contratação da empresa Amazon Best para serviços e eventos realizados em Parintins.
A investigação pretende também, verificar se houve falhas na licitação, execução e fiscalização dos serviços prestados, além de apurar a existência de possíveis inconsistências na prestação de contas e a comprovação da execução integral das atividades contratadas.
Bi Garcia e a aliada Amazon Best

A empresa Amazon Best, inscrita no CNPJ 03.207.977/0001-72, é de propriedade de familiares de Bi Garcia e tem como principal sócia a empresária, Geyna Brelaz da Silva, que é cunhada do ex-prefeito.

A empresa, que possui capital social de R$ 2 milhões, e é a única responsável pela venda de ingressos do tradicional Festival Folclórico de Parintins.

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Ministro Flávio Dino deve investigar o caso

O tema das emendas parlamentares — especialmente as chamadas “emendas de relator” e as transferências especiais — voltou ao centro das atenções com o interesse declarado do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, em acompanhar as investigações sobre o uso e o destino desses recursos.
Segundo informações, o ministro Dino, teria solicitado relatórios detalhados à Controladoria Geral da União e ao Tribunal de Contas da União, sobre repasses que “desaparecem” nas entranhas de prefeituras e entidades culturais pelo país.
Marcha das investigações
Uma empresa de auditoria independente, contratada por entidades da sociedade civil e jornalistas investigativos, deverá apresentar até março de 2026 um relatório detalhado sobre a destinação de emendas e convênios culturais no município. O documento deverá cruzar dados do SIAFI, TCU, CGU e ALEAM, com destaque para empresas e parlamentares beneficiados direta ou indiretamente.
A depender das conclusões, o caso poderá repercutir nacionalmente, servindo de exemplo da forma como o sistema de emendas parlamentares, originalmente criado para descentralizar investimentos, acabou se transformando em instrumento de poder e blindagem política.
O Núcleo Investigativo do (PAB), trará sequencia do desenrolar dessas auditorias e investigações.