Novas imagens do “QG do Crime” formado por secretários do governo Wilson Lima mostram que o plano de suspostamente fraudar as eleições municipais no Amazonas não se resumiu ao famoso vídeo vazado às vésperas do primeiro turno, em outubro, quando o Amazonas tomou conhecimento da reunião na casa da família de Roberto Cidade, onde eram tramadas coações contra eleitores com uso da máquina pública.
As imagens que o Portal Alex Braga teve acesso mostram a então candidata à Prefeitura de Parintins, Brena Dianá, e o Comandante Geral geral da PM, Klinger Paiva, além do chefe da Casa Civil, Flávio Anthony, reunidos, somando provas à reunião que ficou famosa e estourou a bomba pouco antes do primeiro turno no Amazonas.
Só que desta vez a imagem é em outro ambiente na casa de Adriana Cidade, irmã do deputado estadual Roberto Cidade.

Na época, após questionar a veracidade das imagens, Wilson Lima foi pressionado e teve de exonerar os ex-secretários Fabrício Rogério Barbosa (Administração), Marcos Apolo Muniz de Araújo (Cultura e Economia Criativa), e o ex-diretor da Cosama, Armando do Vale.
Porém, salvou da lista o secretário Flávio Antony (Casa Civil) que estava presente nas duas reuniões, e Vanderlei Alvino (Diretor-Presidente do Idam), este casado com Adriana Cidade proprietária da residência usada para montar o “QG do Crime”).
Antony e Klinger não foram exonerados, até hoje, e seguem em posições de comando para Wilson Lima, que será candidato ao Senado em 2026. Os novos registros e a não exoneração de nomes da cúpula do Governo Wilson Lima reforçam a tese de que o modo de operação pode seguir em execução pensando nas eleições programadas para daqui a dois anos.
As nova imagens ainda mostram pacotes suspeitos em cima da mesa no ambiente onde estão os comandos do governador do Amazonas.

QG DO CRIME
Supostas operações policiais tendo como alvo pessoas da relação com o prefeito de Parintins, Bi Garcia; instalação de grampos em aparelhos telefônicos; a vinda de um contingente de Policiais Militares de Itaituba/Pará para atuarem como milícias no dia das eleições nos principais colégios eleitorais; simulação de prisão de traficantes e ladrões de banco; e a ida de auditores fiscais da Secretaria da Fazenda para atuarem contra empresários fornecedores da Prefeitura.
Este é um conteúdo de vídeo enviado de forma anônima para a coligação “Parintins em primeiro Lugar” do candidato Mateus Assayag (PSD), pouco antes do primeiro turno.
O vídeo captado no dia 3 de agosto, revelou a intenção do governador Wilson Lima e seus secretários em vencerem a eleição a qualquer preço e eleger Brena Dianná.
Ao final Brenna acabou derrotada e Roberto Cidade sequer chegou ao segundo turno em Manaus. O uso de operações policiais empregando um contingente de 28 homens da tropa de choque para praticarem abordagens seletivas a pessoas partidárias do candidato Mateus Assayag, entre outras fraudes foi amplamente discuto na reunião vazada.
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Em outro momento do vídeo, Armando do Vale justifica a trama. “Numa campanha só não vale é perder”.
Em outro momento da conversa é revelado que desde junho o grupo do governador Wilson Lima vem promovendo escutas ilegais, com a clonagem de telefones celulares de pessoas próximas ao prefeito Bi Garcia, executada nas dependências do Liceu de Artes e Ofícios de Parintins, conforme revela o tenente coronel Francisco Magno Judss.
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A sanha do grupo não para por aí. Eles arregimentariam criminosos – traficantes e assaltantes de bancos – do Pará e dois residentes em Parintins, para simularem suas prisões, com objetivo de justificar a presença da tropa de choque no município. Esse grupo de seis criminosos foram hospedados em uma casa pelo grupo e ainda receberiam um cachê para participar da trama.
O grupo como se pode constatar nos áudios da conversa, planejava trazer no dia da eleição em Parintins, 20 policiais de Itaituba, Pará. A mílicia paraense arregimentada vai atuar nos maiores colégios eleitorais na Zona Rural, sob a “supervisão” de um policial militar e cada comunidade. Os policiais paraenses estão sendo cooptados por um empresário que tem negócios com o governo Wilson Lima.
DENÚNCIA NA PF
Diante do conteúdo dos vídeos, os advogados da coligação “Parintins em primeiro lugar” entraram com denúncia na Polícia Federal, cuja representação pediu a prisão de todos os envolvidos na reunião.
Nossa equipe de reportagem entrou em contato com a PF em busca de novas informações para saber como estão as investigações na PF.
A PF afirma que segue apurando o caso em segredo para não atrapalhar as investigações.
