Domingo, 15 Junho

Mesmo após a assinatura de dois contratos que somam quase R$ 9,7 milhões para prestação de serviços de transporte escolar, transportadores do município de Maués (AM) denunciam que estão com salários atrasados e, em alguns casos, enfrentam até fome.

A Prefeitura de Maués, sob a gestão da prefeita Macelly Veras (PDT), formalizou a contratação da empresa RT Serviços de Transportes Ltda em dois processos distintos:

Um contrato emergencial via dispensa de licitação (nº 90025/2025), datado de 17 de março de 2025, no valor de R$ 1.360.000,00.

Contrato

Outro, por meio de pregão eletrônico comum (nº 90.001/2025), assinado em 5 de maio de 2025, com valor global de R$ 8.320.495,32.

Contrato

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Trabalhadores botam a boca no trombone: “Não tem porra nenhuma”

Transportadores escolares têm protestado publicamente nas redes sociais e buscado apoio de lideranças políticas locais. O vereador Paulo Rodrigo (Republicanos), em postagem recente, denunciou o descaso da gestão:

“É inaceitável que o salário do trabalhador não seja pago em dia! Não há desculpas que justifiquem esse desrespeito com pais e mães de família que dependem do seu esforço diário para colocar comida na mesa.”

Em vídeos e declarações, os trabalhadores relatam que aguardam o pagamento que deveria ter sido efetuado até o dia 12 de maio. Muitos, segundo os relatos, estão ancorados em seus barcos, sem condições de sair ou trabalhar, e passando por dificuldades para se alimentar.

“Os professores foram na Semed, pegaram seus contracheques, mas quando chegaram no banco, não tinha nada. No banco não tem porra nenhuma”, relata anonimamente um morador da zona rural. “Isso é uma sacanagem. A prefeitura não olha por nada.”

Outro relato destaca que os transportadores receberam apenas metade do valor acordado, sem explicação oficial. Há ainda denúncias de que despesas com combustível, antes custeadas pela contratada, agora estariam sendo descontadas dos pagamentos dos trabalhadores.

Denunciante

Outro contrato milionário

Enquanto trabalhadores sofrem sem receber, a prefeita Macelly Veras, chamou atenção ao assinar, no mês de abril, um contrato emergencial milionário para aquisição de papelaria. Isso ocorreu logo após o encerramento de um estado de emergência financeira e administrativa decretado por 60 dias, com o objetivo — segundo o documento — de reorganizar as contas públicas e garantir a continuidade dos serviços essenciais.

De acordo com o decreto, a medida foi motivada por problemas herdados da gestão anterior, como desaparecimento de bens públicos, falta de documentos oficiais, sucateamento de equipamentos e precariedade na infraestrutura básica do município.

No entanto, assim que o período do decreto se encerrou, a prefeita assinou um contrato emergencial de R$948.289,71 com a empresa ACR Serviços de Saúde para fornecimento de papel e material de expediente, sem necessidade de nova licitação para cada compra.

NOTA

A reportagem do Portal Alex Braga procurou a Prefeitura de Maués para obter esclarecimentos sobre os atrasos salariais e as denúncias de fome entre os transportadores escolares. Até a publicação desta matéria, não houve retorno. O espaço segue aberto para manifestação da administração municipal.

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