O Amazonas é o maior estado brasileiro em território, com mais de 4 milhões de habitantes. De acordo com o Ministério da Saúde, 34 municípios do Amazonas dependem exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS). Confira a reportagem completa.
Para atender a população, o Governo Federal tem enviado grandes quantias em dinheiro. De acordo com o portal da transparência, só em 2023, foram mais de R$ 688 milhões. Já neste ano, houve um aumento de 22% no repasse. O governo do Amazonas recebeu cerca de R$ 840 milhões.
Como o governador Wilson Lima, que já está há seis anos no comando da administração, gastou este dinheiro? Será que os problemas da saúde pública foram resolvidos?
A nossa equipe de reportagem passou uma semana investigando denúncias que foram enviadas pela própria população.
Durante 7 dias, percorremos diversas unidades e instituições para descobrir qual a realidade da saúde pública do Estado.
No ano de 2019, Wilson Lima se elegeu governador e, diante da imprensa, aproveitou para lançar as medidas para a saúde. No entanto, quatro anos depois ele deu outra entrevista, agora como governador reeleito. Nela, ele diz que melhorou a saúde do Estado.
Desde o início da gestão até agora, já passaram pela pasta seis secretários, incluindo o período da pandemia, onde o Governador virou réu pelo Supremo Tribunal de Justiça (STJ) pelo crime de peculato, quando comprou 28 respiradores por R$ 2 milhões em uma empresa de vinhos. O processo ainda segue em tramitação. Na época, a justiça também obrigou a construção de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) no interior.
Na entrevista, Wilson também cita a Central de Medicamentos (CEMA), responsável por armazenar e entregar insumos para a população e outras unidades. Wilson diz que agora ela está operando como deve. Em uma propaganda eleitoral, chegou a comemorar o trabalho que tem feito na central.
Mas denúncias da própria população afirmam que isto não é verdade.
No início do mandato, Wilson disse que estava assumindo um compromisso, mas relembrou que por estar pouco tempo no poder precisava da paciência da população.
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Agora, mesmo com seis anos de gestão, a pasta da saúde ainda parece estar desorganizada e este problema atinge quem mais precisa. Em outra unidade de saúde, no hospital 28 de Agosto, Zona Sul, nossa equipe foi chamada pela tia de um paciente por um motivo revoltante: o sobrinho que se machucou e procurou por assistência, deveria passar por uma cirurgia, mas o médico disse a ela que não poderia fazer. Porém, mesmo sem realizar o procedimento no paciente, eles registraram em um documento que ele já havia sido operado.
Em uma outra denúncia uma mulher informou à nossa equipe de reportagem, que o irmão dela sofreu um acidente de motocicleta em Manacapuru e quebrou a clavícula, e que tiveram que ser transferidos para Manaus e desde então o paciente só recebe dipirona e aguarda por onze dias atendimento.
O mesmo hospital [28 de Agosto] da denúncia chamou atenção nas redes sociais depois que rachaduras foram filmadas e divulgadas. Em outro vídeo, pacientes mostram a superlotação e reclamam que apenas um único banheiro está disponível para mais de 120 pacientes.
Em outro ponto da capital, mais uma unidade de saúde enfrenta problemas parecidos. No Platão Araújo, agora zona Leste, nossa equipe conversou com um acompanhante que estava dando apoio para um familiar. Sem se identificar, ele denunciou as condições ruins para quem precisa esperar pelos atendimentos.
Algo ainda pior, para quem luta também contra o tempo, na Fundação Centro de Controle de Oncologia do Amazonas (FCECON), pacientes que precisam fazer exames e tentam vencer o câncer enfrentam filas lotadas. A falta de espaço adequado para todos gera cenas como esta: um homem que estava com muita dor precisou aguardar por ajuda no chão.
Fotos da superlotação de dentro também foram recebidas pela equipe. Imagens que mostram como vivem aqueles que precisam do SUS no Amazonas.
Servidores ou pacientes, todos com quem conversamos, se sentem esquecidos pelo governo. Problemas que se acumulam há seis anos em duas gestões de Wilson Lima.
No primeiro mandato, Wilson destinou pouco mais de R$ 1 bilhão para a saúde.
Já no segundo mandato, no orçamento aprovado para o ano de 2024, Wilson destinou mais de 3 bilhões de reais para a saúde. Comparado a 2019, ele triplicou o valor. Mesmo assim, a situação de seis anos atrás ainda é a mesma de hoje. O dinheiro aumentou, mas os problemas não foram resolvidos. Como Wilson tem gasto este dinheiro?
Verba pública! Que poderia ajudar quem precisa sendo utilizado em melhorias ou abastecer a central de medicamentos por exemplo, mas ao invés disso, tem sido utilizado de maneira suspeita.
Hospitais desabastecidos, uma central de medicamentos vazia e descaso no tratamento com o público. Um Estado que é visto como um cofre aberto para a corrupção e uma zona livre para o crime e que tapa os ouvidos para as reclamações da população, quem perde com isto é o próprio Amazonas.
Confira a reportagem na íntegra: