Segunda-feira, 20 Janeiro

O Núcleo de Investigação do Portal Alex Braga (PAB) tem recebido diversas denúncias da população amazonense contra os hospitais 28 de Agosto, João Lúcio e maternidade Ana Braga – pertencentes ao sistema de saúde do Estado do Amazonas –, por descaso, falta de limpeza e higiene, e insumos básicos, como água e material para curativos.

Em uma das denúncias, o acompanhante de um homem internado no Hospital João Lúcio disse à nossa equipe de reportagem que o paciente espera por uma cirurgia na perna há quase um mês.

A equipe do PAB ouviu o familiar do paciente, que preferiu não se identificar. Segundo ele, o hospital sempre afirma estar sem vagas para cirurgias, pois estão passando por uma suposta reforma no local, restando apenas o atendimento de emergência, com apenas duas vagas para os que esperam pela cirurgia.

“Estou esperando há 25 dias aqui, já. E os médicos vêm, passam a consulta de rotina no leito e falam que não tem vaga para cirurgia, porque uma (sala) está em reforma e a outra para casos de emergência, de quem chega de fora e mais outras duas para quem está esperando, sendo que são quatro andares esperando.” disse o acompanhante.

O paciente em questão espera por uma osteossíntese, uma cirurgia no osso da perna, mais especificamente na tíbia. Com a demora na realização do procedimento, o acompanhante afirma que terão que voltar para casa sem os cuidados médicos necessários para a recuperação do parente.

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Em meio à situação, ele deixa um desabafo à Secretaria de Saúde do Amazonas (SES-AM), e revela sua indignação ao descaso na saúde pública do Estado.

“Infelizmente vocês estão deixando a desejar. Vocês estão investindo em coisas que não valem a pena e a saúde está abandonada aí. Infelizmente é triste!”

Nossa equipe entrou em contato com a SES-AM e solicitou nota da secretaria a respeito do caso citado acima. Porém, até o fechamento desta matéria não fomos respondidos.

Descaso, falta de limpeza e material para curativo na maternidade Ana Braga

Uma mulher, que optou por não se identificar, relatou à nossa equipe o caos do atendimento e da estrutura da maternidade Ana Braga, unidade de saúde do Estado localizada na zona leste de Manaus.

A paciente afirma que deu entrada na maternidade no último dia 16 de dezembro de 2024 para um parto de cesariana, tendo recebido sua alta no dia 1º de janeiro deste ano.

Porém, em prantos, a mulher afirma ter vivido dias de terror na unidade, onde conviveu todos os dias com a impaciência e o desrespeito dos profissionais com mães recém-operadas, bem como a falta de medicamentos e materiais para curativo. De acordo com a paciente, além de antibióticos, tudo o que era administrado pela equipe era o medicamento Dipirona por meio de tratamento endovenoso.

Não bastassem os problemas acima, a mulher relatou, ainda, a falta de limpeza e higiene na maternidade. Segundo ela, até as crianças recém-nascidas passam por traumas no local, quando precisam tomar algum medicamento, sendo furadas por 5 ou 6 vezes, por conta da imperícia dos profissionais de enfermagem da maternidade.

Para completar o descaso, a mulher diz ter recebido alta com 3 pontos abertos, em sua cirurgia, por conta de uma inflamação adquirida no pós-operatório ainda dentro da unidade de saúde.

Falta de insumos no 28 de Agosto

O último caso denunciado pela população ao Núcleo de Investigação do PAB mostra a falta de insumos básicos no Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto, no Complexo Hospitalar Zona Sul (CHZS), unidade entregue por mais de R$ 2 bilhões à empresa AGIR Saúde, Organização Social de Saúde oriunda de Goiás.

De acordo com uma denunciante, a unidade não dispõe de água para consumo dos próprios pacientes. Em seu relato à nossa equipe, a mulher afirma que seu cunhado ficou internado no local por 15 dias. Segundo ela, sua irmã tinha que sair para comprar água e insumos para o esposo tendo em vista a falta dos materiais no próprio hospital.

O caso piora quando a mulher afirma que o cunhado recebeu alta por volta da meia-noite sem resumo de alta, nem receita médica para tratamento em casa.

Solicitação de Nota

O Núcleo de Investigação do PAB entrou em contato uma segunda vez com a Secretaria de Saúde do Estado para questionar os casos denunciados, mas até o fechamento desta matéria não fomos respondidos.