Segunda-feira, 20 Janeiro

O núcleo de investigação do Portal Alex Braga (PAB) teve acesso com exclusividade à uma denúncia de condições precárias e exaustivas de trabalho, bem como irregularidades nos salários dos Alunos-soldados da Polícia Militar do Amazonas (PMAM).

De acordo com informações das fontes, que optaram por não se identificar, os alunos da PM estão trabalhando em escala não condizente com o previsto pela instituição. Segundo denúncias, os novos soldados iniciaram seu estágio em setembro de 2024, com previsão de 200 horas em escala 6 por 1, o que está em desacordo com o padrão.

Com isso, após denúncias dos alunos, a escala foi alterada para 5 por 2. No entanto, o serviço ostensivo tirado pelos policiais é realizado a pé por 6 horas em postos fixos. Além disso, muitos têm suas folgas alteradas sem aviso prévio e, devido aos baixos salários, são obrigados a realizar Serviços Extras Gratificados (SEG) durante suas folgas, para complementar a renda.

Ainda sim, os alunos relatam que enfrentam dificuldades logísticas, como a falta de transporte adequado para retornar dos postos de patrulhamento.

Irregularidade no salário

Conforme previsto no edital do último concurso público para soldados da Polícia Militar do Amazonas (PMAM), o salário de um aluno deveria ser de R$ 2,5 mil, que é equivalente a metade do salário de um soldado.

O salário acima, deveria ser pago aos alunos durante todo o período do curso de formação deles que, segundo o edital, deveria durar cerca de 10 meses. Tendo em vista que o curso de formação iniciou em janeiro e finalizou em novembro

No entanto, mesmo após a formatura, em 27 de novembro, e o retorno ao serviço, em 5 de dezembro, os formados, continuam submetidos às mesmas condições de quando eram alunos, sem previsão de promoção oficial a soldados e com a informação de que só vão receber o aumento de salário em abril deste ano, sendo que o mesmo deveria estar sendo pago desde novembro de 2024.

Em uma das mensagens, um dos alunos disse que só houve um pequeno reajuste no salário porque eles “choraram muito para receber auxílio alimentação”.

Na outra, a afirmação é de que o reajuste veio por conta de denúncias de consumo de comida estragada, fornecida aos alunos pela instituição.

Comida estragada e embalagens insalubres

Outra, das tantas denúncias feitas pelos alunos, diz respeito à alimentação distribuída aos policiais. A empresa responsável pelo fornecimento foi a Triseven Serviços, que já recebeu mais de R$ 78 milhões dos cofres públicos do Estado durante a gestão Wilson Lima. Desses R$ 78 milhões, só para o fornecimento de alimento para os alunos da Polícia Militar, foram destinados mais de R$ 7 milhões.

Apesar disso, os soldados relatam que as refeições não chegam às Companhias Interativas Comunitárias (Cicoms). No entanto, quando chegam, estão estragadas ou impróprias para o consumo; e, segundo eles, esse caos dura desde o curso de formação.

A denúncia, feita com exclusividade ao PAB, mostra o café da manhã das equipes de rua sendo entregues em sacos plásticos e garrafas pet reaproveitadas. Confira abaixo.

Leia mais: Denúncia atribui culpa a Wilson Lima por defasagem de 426% da PM no interior do AM

NOTA

O Portal Alex Braga solicitou uma nota de esclarecimento por parte da assessoria de comunicação do Governo do Estado, a respeito do caso, mas até o fechamento da matéria não fomos respondidos.