Sábado, 14 Setembro

Homicídios em plena luz do dia, arrastões nas ruas e nos ônibus, queima de fogos promovida por traficantes, roubos, sequestros, corpos esquartejados e até assalto à delegacia. O cardápio indigesto da segurança pública desastrosa do governador Wilson Lima (UB) é farto.

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Pode ser visto todos os dias e transformou-se em notícia internacional: Manaus é oficialmente, desde maio deste ano a capital mais violenta do País.

Além disso, um traço que é velho conhecido do governo de Wilson Lima emoldura o cenário: a suspeita de corrupção.

PF E MP NA PORTA DA SSP

Wilson Lima não só deixou os amazonenses no fogo cruzado, mas também viu sentado na cadeira de sua confortável sala, no Palácio do Governo, a chegada da Polícia Federal à cúpula da Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM). Pesam sobre a gestão do governador sérias acusações de crimes praticados dentro da pasta que deveria combater bandidos.

Além disso, de acordo com a Polícia Federal, formou-se uma quadrilha no mais alto escalão.

“Um grupo de pessoas ligado à pasta teria se estruturado de forma ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem mediante a prática de infrações penais”, destaca a PF.

Operação Comboio investiga alta cúpula da SSP-AM

O Ministério Público do Amazonas também aponta crimes praticados pelos homens escolhidos diretamente pelo governador, que assim como ocorreu na pandemia, vê seu governo acusado de corrupção, repetindo na Segurança as denúncias ocorridas na Saúde. Entretanto, sem nenhum sinal de que as investigações abalem suas pretensões políticas.

“A ‘Operação Comboio’ representa um esforço em combater a corrupção e a criminalidade organizada”, dentro da SSP-AM, afirma o MP.

A operação mirou o então Secretário de Segurança, o mais alto posto da SSP-AM. Em agosto do ano passado, a PF bateu na porta do general Carlos Alberto Mansur. Na lista estavam, ainda, o filho dele e mais quatro servidores da Secretaria.

Wilson segurou o secretário, porém, a pressão foi tão grande, que ele se viu obrigado a “jogar o aliado ao mar” e trocar o comando.

Entretanto, Mansur não foi o único investigado.

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Mansur e o filho dele usaram a SSP-AM para cometer crimes na gestão Wilson Lima, afirmam MP e PF

CHACINA NO INTERIOR

Antes do escândalo da Operação Comboio, o antecessor de Mansur também viu seu nome “fichado” na Polícia Federal. Sob as ordens do governador Wilson Lima, a Polícia Militar do Amazonas é acusada pela PF de cometer uma chacina no Estado.

Em 2020, a SSP, sob o comando pessoal do então secretário Coronel Louismar Bonates, realizou uma operação no Rio Abacaxis, em Nova Olinda do Norte, com mais de 50 homens. Ao final, oito pessoas foram mortas, no que a PF classifica como chacina.

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Sem ordem judicial, a tropa do então comandante-geral da PM, coronel Ayrton Norte, invadiu casas, torturou ribeirinhos e jogou dois corpos no rio, aponta a PF.

Bonates foi indiciado pelos crimes de homicídio, tortura, associação criminosa, cárcere privado, obstrução, entre outros delitos. A PF também indiciou Ayrton Norte pelos mesmos crimes.

PF indiciou o secretário de Wilson Lima por chacina e tortura

A MANAUS DE WILSON LIMA É A MAIS PERIGOSA DO BRASIL

A série de desmandos e suspeitas que mancham de sangue a história do governo Wilson Lima agora está oficialmente catalogada. A ONG mexicana Conselho Cidadão para a Segurança Pública e a Justiça Penal publicou em maio deste ano o vergonhoso ranking das cidades mais violentas do mundo.

Manaus, é a campeã nacional. Em nenhuma outra capital o cidadão é mais ameaçado por bandidos do que os manauaras.

Conselho Cidadão para a Segurança Pública

Sendo assim, a triste marca deixa a “Paris dos Trópicos” com uma péssima fama internacional: Wilson Lima transformou Manaus na 27ª cidade mais perigosa do mundo.

A taxa de 47.16 homicídios por 100 mil habitantes, colocou a cidade na mesma prateleira de Cali, na Colômbia, Colima, no México e Puerto Príncipe, no Haiti.

Conselho Cidadão para a Segurança Pública

DELEGACIA ASSALTADA E ORDEM DE BANDIDOS NAS RUAS

O que está catalogado na Polícia Federal, no Ministério Público e no ranking de cidades mais violentas do mundo é o que se vê nas ruas todos os dias.

Em Manaus, o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC), promovem uma guerra sem fim que espalha corpos pelas ruas, como em um cenário de guerra onde civis desarmados não têm a quem recorrer.

“Atenção: Uber ou moradores da Compensa 1, 2 e 3, ao entrar no bairro por favor baixar os vidros do carro e desligar o farol para a sua própria segurança. Estamos em guerra. Assinado CV”.

A mensagem no bairro da Compensa, na Zona Oeste, contudo, prova que as facções ocuparam o lugar do Estado governado por Wilson Lima.

Sendo assim, parafraseando a música dos Paralamas do Sucesso, a população vive literalmente sem saber “da onde vem o tiro”.

Aviso deixa claro: o Estado não manda mais na Segurança

Na semana passada, os bandidos arrombaram aquele que seria o último cadeado de Wilson Lima. Entraram dentro de uma delegacia, furtaram algemas, munição e até a televisão. Arrombaram o 10° Distrito Integrado de Polícia (DIP), no bairro Alvorada.

Sem reação, ainda assim, restou à polícia fechar a delegacia e avisar à população que o serviço estava suspenso. Uma vitória humilhante dos bandidos, um verdadeiro 7 a 1 dentro de casa.

No Governo Wilson Lima, nem delegacia é lugar seguro

POPULAÇÃO RELATA MEDO E COBRA WILSON LIMA

Apesar disso, se todo o cenário ainda não foi suficiente para o governador do Amazonas tomar uma atitude, bastaria Wilson Lima olhar as próprias redes sociais.

Os relatos abaixo são de cidadãos que foram à página do governador no Instagram cobrá-lo publicamente. Como se pode ler, eles são uma mistura de revolta, medo e pavor.

Não obstante, Wilson, que pretende deixar o cargo de governador em 2026 para concorrer ao Senado, segue dando o mesmo silêncio e inércia da vida real como resposta aos cidadãos na rede social: