A equipe de investigação do Portal Alex Braga teve a informação exclusiva de que o capitão da PM Helton John Silva de Souza, chefe de segurança do governador Antônio Denarium, é um dos foragidos suspeitos de envolvimento no duplo homicídio contra o casal Flávia Guilarducci de Souza, de 50 anos, e Jânio Bonfim de Souza, de 57 anos, mortos no município de Cantá, interior de Roraima, crime ligado ao suposto esquema de grilagem de terras no estado.
Chefe e Denarium
O duplo homicídio envolve disputa por posse de terras, naquele que é considerado o maior esquema de grilagem da história do Brasil. A suspeita sobre o capitão Elton, chefe que cuida da segurança pessoal de Denarium, aproxima ainda mais o governador Antônio Denarium com a grilagem em Roraima, denúncia apurada pelo Portal Alex Braga nos últimos dias em reportagens exclusivas.
Denarium é denunciado no ministério público federal, polícia federal e em órgãos internacionais como suposto líder do esquema de grilagem de terra, e estaria com medo de que seu chefe de segurança faça uma delação caso acabe preso.
Duplo homicídio e disputa por terras
O casal foi morto a tiros na vicinal do Surrão, no município do Cantá, onde teve a casa invadida no dia 23. No dia seguinte, Jânio Bonfim de Souza, de 57 anos, não resistiu aos ferimentos e morreu. A esposa dele, Flávia Guilarducci de Souza, de 50 anos, foi baleada na cabeça e na boca, e morreu cinco dias depois, no domingo (28), no Hospital Geral de Roraima (HGR).
Os dois suspeitos presos foram identificados como Genivaldo Lopes Viana, de 53 anos, e Luiz Lucas Raposo da Silva, de 35 anos. No celular de Flávia foi encontrado um áudio gravado instantes antes dos tiros. Antes de morrer, o próprio fazendeiro entregou que havia atirado neles.
Nele, dois homens conversam com o agricultor sobre a posse da propriedade onde ele vivia com a esposa e faz uma proposta para Jânio sair do local. O homem nega. Os áudios foram divulgados pelo G1.
Diálogos gravados na hora do crime
Jânio Bonfim: (…) Agora você vem fazer a proposta para querer tirar eu da terra pra me levar pra outra [terra] falando que esse local é seu (…) não, não, não (sic).
Um suspeito rebate: Vai parar, já foi feito registro de ocorrência, foi feito tudo, já foi enviado lá. Ontem mesmo eu falei lá com a presidente, entendeu? A gente vai desenrolar essa situação (…) mas tá bom, a gente veio aí para ver.
Suspeito 1: Falaram que eu estava armado, não sei o quê. Armado eu tô mesmo ô. É quando se escutam dois disparos.
Suspeito 2: Não faz isso não, não faz isso não.
Suspeito 1: Bora, bora, bora.
Em seguida, mas quatro tiros.
O que diz a polícia
A Polícia Civil apura o caso e diz, em nota, que “as investigações estão buscando alcançar todos os envolvidos no caso, assim como esclarecer a identidade dos interlocutores que constam na gravação viralizada nas redes sociais sobre o caso”.
O delegado do caso disse que uma testemunha ajudou a socorrer o casal e colabora nas investigações. “A vítima disse a essa testemunha que era dono da terra e que tinha toda a documentação comprobatória, mas que já tinha recebido outras ameaças anteriormente dos suspeitos e, inclusive, registrado um Boletim de Ocorrência dessas ameaças”, disse Ronaldo Sciotti.
Grilagem, mortes e denúncias contra Denarium
A vítima em questão é Jânio Bonfim de Souza, era tio de Ytallo Fernando Guilarducci de Lima, um engenheiro agrônomo que trabalha como diretor do Instituto de Terras e Colonização do Estado de Roraima – ITERAIMA, órgão denunciado por facilitar a falsificação de documentos e títulos no esquema de grilagem.
O Portal Alex Braga segue acompanhando o caso passo a passo.
De acordo com as fontes, todo o sistema de apropriação indevida de terras funciona em ação conjunta do Instituto de Terras e Colonização de Roraima – ITERAIMA; Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos – FEMARH; Instituto Nacional da Colonização e Reforma Agrária – INCRA; e Conselho Regional de Corretores de Imóveis de Roraima – CRECI-RR sob ciência e autorização do governador Antônio Denarium.
As denúncias afirmam que os órgãos acima citados operam em conluio para:
- Apropriação indevida de terras;
- Falsificação de documentos;
- Emissão de certificados de posse falsos;
- Emissão de novos títulos fraudulentos;
- Publicação de disponibilidade dos terrenos em redes sociais;
- Vendas para novos proprietários.
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