A morte de um bebê recém-nascido no Hospital Regional Dr. Hamilton Maia Cidade, em Manicoré, que acabou com a população revoltada quebrando a casa do prefeito Lúcio Flávio, e a própria unidade hospitalar, não é a única denúncia que recai sobre a Saúde do município.
A secretária de Saúde Maria Adriana Moreira foi denunciada por acumular o cargo de gestão com a função de enfermeira, recebendo suspostamente dois salários e infringindo a Constituição, que proíbe acúmulo no serviço público.

A denúncia foi feita formalmente pelo vereador José Ivan Teles, conforme mostra o documento no fim da matéria.
DESABAFO DA MÃE
Esta semana, a morte de um bebê causou revolta na cidade. A população invadiu e quebrou a casa do prefeito, acusando o poder público municipal de negligência. O vereador afirma que além de não obedecer a Constituição, a secretária sequer é vista com frequência na cidade.

Nas redes sociais, a mãe fez um desabafo. “Procurei atendimento médico às 10h11 da manhã [de domingo] no hospital do município, pois estava sentindo fortes dores. Fui atendida pelo médico e ele disse que estava com o meu bebê e que era normal eu estar sentido dores, pois tudo indicava que nasceria de parto normal”, diz Carolina de Sá Rocha.
“Às 12h comecei a sangrar e pedi para minha mãe chamar as enfermeiras. Elas falaram que era normal e foram embora. Eu continuei com muita dor e sangrando muito. Às 14h pedi novamente ajuda e fui correspondida com ralhos e gritos e me falaram que não podiam fazer nada por mim e nem pelo meu bebê. Que o médico já tinha me explicado que normal tudo aquilo”, escreveu Carolina.
Em seguida, “às 17h, quando eu já estava quase morrendo, e sem forças, o médico veio me ver e disse que eu estava com quatro centímetros de dilatação, só que não podiam fazer nada. Eu implorei a ele por uma cesariana, mas ele disse que o meu parto seria normal e que eu tinha que aguentar”.
APELO
“Minha mãe implorou por ajuda e ele [médico] disse que se ela não quisesse ver sua filha sofrer, deveria sair da sala e de dentro do hospital. Às 19h30, o médico voltou, me deu o último toque e saiu me puxando para a sala de parto para eu ter normal, mas como eu já estava sem forças, só a cabeça do bebê passou”, diz Carolina
“Ele fez cesárea e disse que meu filho estava quase sem vida. Eu e minha família só fomos ver o bebê depois que veio de Manaus morto. Não tive o prazer de carregar meu filho no colo. Espero que isso nunca aconteça com nenhuma mãezinha”.
MAIS UMA MORTE DE CRIANÇA
Em 20 de fevereiro de 2021, o pequeno Saimon Gabriel, de 6 anos, morreu em Manicoré após dar entrada com um braço quebrado. O caso foi parar no Ministério Público, A família também acusou a gestão municipal de negligência.
Até hoje a investigação não resultou em punição ou conclusão do que ocorreu.

O QUE DIZ A PREFEITURA
O secretário municipal de Planejamento e Finanças de Manicoré (distante 331 quilômetros de Manaus), Kennedy Machado Duarte, diz que tudo não passa de política. “A prefeitura desde o início se colocou a disposição para dar todo suporte necessário para a família, todavia teve viés político que motivou os ataques”.
A Secretaria de Saúde diz que “a equipe médica realizou os trabalhos adequados e estabilizou o recém-nascido”. No mesmo dia a Secretaria Municipal de Saúde solicitou UTI aérea, para transferência do bebê para Manaus”.

Já sobre o acúmulo de cargos, nem a secretária e nem a prefeitura respondeu nossa reportagem, mas o espaço segue aberto.
Abaixo, a denúncia: