Sábado, 27 Julho

O ex-prefeito de Coari, Adail Pinheiro conseguiu uma vitória no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-AM), nesta sexta-feira (15), recebendo de volta os direitos políticos que abre a janela para que ele volte ao comando da cidade, onde foi condenado por estupro de crianças e desvio de verbas.

O cacique eleitoral da família que tem o poder no segundo município mais rico do Amazonas comemorou a vitória nas redes sociais, onde já vive clima de campanha, ressaltando seus feitos. Ele estava há três anos com os direitos políticos cassados.

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O relator do processo é o juiz Marcelo Pires Soares.  “Não adianta tentar deturpar as coisas, confundir a cabeça da população. Esse aqui é Adail Pinheiro que voltou, que gosta do povo”, disse o ex-prefeito.

Condenações de Adail

A Justiça do Amazonas condenou o ex-prefeito em 2014 por favorecimento à prostituição, indução à satisfação de impulsos sexuais e por submeter crianças e adolescentes à prostituição e exploração sexual (pedofilia). Ele foi condenado a 11 anos de prisão. O caso ganhou repercussão nacional.

Mas, no governo do ex-presidente Michel Temer, Adail recebeu indulto, ainda no ano de 2017. Na sequência, em 2021, pediu na Justiça do Amazonas para anular a condenação, mas teve o pedido negado na Justiça.

“Eu tinha nove anos. E a minha mãe cozinhava no barco. Eu ficava lá brincando, enquanto minha mãe estava trabalhando. Ele me estuprou dentro do barco mesmo, entendeu? Eu fiquei muito apavorada, com vergonha, nunca consegui colocar isso para fora. Hoje em dia, ele quer a minha filha”, contou uma vítima ao Fantástico, em 2013.

Operação Vorax e supostos desvios de Adail

A Operação Vorax, em 2008, mostrou que Adail e seus aliados políticos desviaram mais de R$ 46 milhões da Prefeitura de Coari.

A cidade é rica graças ao Polo Urucu, que explora petróleo e gás natural e rende royalties ao município, que, em contraste, sofre sem estrutura básica.

Adail foi condenado em 2010 a mais de 57 anos de prisão por desviar dinheiro público. Ele mais 27 pessoas foram denunciadas no processo, porém, em junho de 2015, apenas 20 réus foram condenados.

Adail Pinheiro ainda se viu condenado no Tribunal de Contas da União (TCU), por usso irregular de um convênio entre a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) e a prefeitura.

Ele ainda tem condenações por prestações de contas e foi condenado a devolver dinheiro público. A vitória desta sexta-feira vem em cima de uma cassação pedida pelo Ministério Público Eleitoral (MPE), e já havia sido negada anteriormente.

Oligarquia

Ao longo de mais de 20 anos, o ex-prefeito montou um império do poder na cidade, onde, apesar das condenações e denúncias, é visto como um “rei”. Os filhos, Adail e Mayara, comandara a cidade como prefeito e vice, respectivamente.

Hoje, Adail Filho é deputado federal e Mayara estadual, deixando o tio, Keitton Pinheiro, como prefeito. Nas eleições deste ano, Adail apresenta-se como candidato, para o que chama de volta triunfal ao município.