Um novo escândalo na Secretaria de Saúde de Roraima (Sesau), foi revelado nesta quinta-feira (14), pelo programa Sem Mordaça da TV Band Roraima. Medicamentos comprados com dinheiro público que deveriam ser usados para salvar vidas, foram queimados no sítio de um servidor que faz parte da equipe da secretária Cecília Lorenzon.
A propriedade fica localizada no município de Cantá e foi palco da denúncia que levou o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar ao local, no mesmo dia em que a Operação Hipóxia da Polícia Federal visitava a casa de Cecília Lorenzon em Boa Vista, tendo como alvo o marido dela, Wilson Fernando Basso, por suspeitas de corrupção.
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O sítio usado para queimar os medicamentos vencidos pertence ao consultor técnico da Sesau, Harison Moraes da Silva. São remédios oriundos do Ministério da Saúde, que foram destruídos às margens da BR-432.
A suspeita é que os medicamentos tenham sido queimados como forma de apagar provas do descaso, inoperância e incompetência da Sesau, que naquele mesmo dia era alvo da PF. A equipe de reportagem flagrou frascos de amoxiilna, permargati e outros remédios que não podem nem mais ser identificados, após serem incinerados.
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Apesar de queimados em um local distante da sede do município, a enorme quantidade de remédios provocou um odor tão forre que fez a população ligar para os bombeiros e a PM, destruindo o plano de destruir os remédios sem que ninguém soubesse.
OPERAÇÃO HIPÓXIA
A Polícia Federal deflagrou, no último dia (6/9), a operação Hipóxia, em parceria com a Controladoria-Geral da União (CGU) e com o Ministério Público Federal (MPF). O objetivo é apurar suspeita de superfaturamento na execução de um contrato para serviços de recarga de oxigênio ao Distrito Sanitário Especial Indígena – Yanomami (DSEI-Y).
As investigações iniciaram a partir de uma denúncia recebida pelo MPF. Com o apoio da CGU, foram identificadas várias irregularidades em uma contratação de serviços de recarga de oxigênio destinado aos Yanomami. Há indícios de direcionamento do resultado do certame, bem como atesto de notas fiscais fraudulentas. De acordo com as investigações, a suspeita é de que 89,89% do valor pago pelos oxigênios à empresa vencedora não tenha sido entregue ao órgão indigenista.
Neste mesmo dia, a PF cumpriu mandado na casa da secretária da Secretaria de Saúde de Roraima (Sesau), Cecília Lorenzon. O alvo era o marido dela, o empresário Wilson Fernando Basso.
A investigação aponta a aquisição de cerca de 4.500 recargas de três tamanhos de cilindros de oxigênio ao longo de 2022. Todo este material deveria ter sido distribuído para comunidades Yanomami, por meio do polo de atendimento em Surucucu. No entanto, apenas 10% do cilindros teria sido entregue, num esquema que desviou R$ 964.544,77 da saúde Yanomami.
ROGER, CECÍLIA E MAIS SUSPEITAS
A operação resultou ainda na prisão do empresário Roger Pimentel, que acabou preso. Ele é dono da BALME EMPREENDIMENTOS, e era proprietário da RH EMPREENDIMENTOS, atual UPMED FARMA de Wilson Basso, marido da secretária Cecília Lorenzon.
A BALME EMPREENDIMENTOS, do empresário Roger Henrique Pimental, já foi alvo da PF em 2022 por suspeita de desvio de medicamentos do povo Yanomami e voltou a ser investigada na operação que apura suspeita de superfaturamento na execução de um contrato para serviços de recarga de oxigênio ao Distrito Sanitário Especial Indígena – Yanomami (DSEI-Y).
A aproximação e intimidade com a família de Lorenzon rendeu bons lucros ao empresário, agora procurado pela PF. De 2019 até fevereiro de 2023, Roger Henrique abocanhou do Governo de Roraima e do Ministério da Saúde mais de R$ 5 milhões com a empresa BALME EMPREENDIMENTOS, que apesar de ser investigada pelo Ministério Público, continuou prestando serviços na área da saúde pública no Estado.
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