A 19ª edição do Acampamento Terra Livre (ATL), maior mobilização dos povos indígenas do Brasil, que iniciou na manhã de segunda-feira (24), em Brasília, contou com a participação de 200 indígenas de diversas etnias do Amazonas, representando as regiões do Vale do Javari, Alto Rio Negro, Alto Solimões, Madeira e Purus.
Com a mensagem “o futuro indígena é hoje, sem demarcação não há democracia!”, a manifestação ocorre até a próxima sexta-feira (28) e reforça a importância da demarcação de terras indígenas no país, paralisadas durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).
“A demarcação de Terras Indígenas (TI) é um direito ancestral previsto na Constituição Federal. Aqueles que invadem uma TI destroem as florestas e atacam indígenas, que há mais de 500 anos lutam pela proteção das suas famílias, culturas e terras. Não queremos falar somente do que pode acontecer daqui a quatro anos ou oito anos. Agora que meus parentes estão sendo assassinados, a democracia está sendo desrespeitada e as mudanças climáticas estão sendo agravadas”, pontuou o coordenador executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Dinamam Tuxá.
O ATL existe desde a ocupação de indígenas do sul do Brasil, na frente do Ministério da Justiça, em 2004. Neste ano, o foco é resgatar o tópico da demarcação de terras indígenas, estagnado durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), e reivindicar o fim das violências contra povos indígenas e o decreto de Emergência Climática.
“Foi um retrocesso de direitos. Os nossos territórios estão sendo invadidos por pistoleiros, jagunços, onde há uma área de retomada. E, hoje, temos, a nossa frente, um ministério, para que possamos nos sentir, de certa forma, abraçados, em relação aos nossos territórios, porque a principal demanda do movimento indígena é a questão da territorialidade mesmo, é a demarcação, o reconhecimento das nossas terras e o respeito ao modo de vida que queremos ter nos nossos territórios”, disse a coordenadora executiva da Apib,Val Eloy Terena.
Programação
De acordo com a coordenação do Acampamento Terra Livre, a programação seguirá até sexta-feira (28) com plenárias, rituais indígenas, lançamento de livros e, até mesmo, uma vigília em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Veja a programação completa:
Terça-feira – 25/04
Ritual de abertura
8h – 10h | Plenária: Parentíssimos e Parentíssimas: Autoridades Indígenas no Movimento e no Governo
10h – 12h | Plenária: Campanha Indígena
14h – 17h | Plenária: Mulheres Indígenas
17h – 18h | Plenária: Parentes LGBT+: Decolonizando (r)existências
20h | Noite Cultural
Quarta-feira – 26/04
Ritual de abertura
8h – 8h10 | Lançamento de livro: APOINME 30 anos
8h10 – 9h25 | Plenária: Educação Escolar Indígena
9h25 – 10h25 | Plenária: Saúde Indígena
10h35 – 12h | Plenária: Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas
14h | Retomada do Comitê Indígena de Mudanças Climáticas
14h15 – 16h | Plenária: O futuro indígena é hoje: sem demarcação não há democracia! Povos Indígenas Decretam Emergência Climática!
16h30 | Marcha e Ato: Povos Indígenas Decretam Emergência Climática
19h | Vigília STF contra o Marco Temporal
21h | Noite Cultural
Quinta-feira – 27/04
Ritual de abertura
8h – 8h10 | Lançamento do Relatório: “Impactos da produção de commodities agrícolas às comunidades Avá-Guarani da Terra Indígena Tekoha Guasu Guavirá/Oeste do Paraná”
8h10 – 9h10 | Plenária: A importância da Comunicação e tecnologia Indígena na decolonização, denúncia e luta
9h10 – 10h10 | Plenária: Juventude Indígena na luta pelo fortalecimento identitário
10h10 – 12h | Plenária: Isolados ou dizimados: Povos indígenas em isolamento voluntário
11h – 12h | Plenária: Comissão Nacional da Memória e Verdade Indígena
14h – 16h | Plenária: O julgamento do Marco Temporal e suas implicações no direito dos povos indígenas
15h50 – 16h | Chamado para o acampamento do Marco Temporal
16h – 18h | Marcha pela Terra: Movimentos Sociais em defesa da democracia
20h | Noite Cultural