Que a Central de Medicamentos do Amazonas (CEMA) é alvo de escândalos por escolhas erradas do governador Wilson Lima (UB), para a coordenação da unidade, não é segredo para ninguém. No entanto, a reportagem do (PAB), vai mostrar um ex-coordenador que já foi investigado e indiciado em uma CPI por fraude em licitação, sofreu multa milionária do Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM), além de ter desviado mais de 3 mil testes rápidos de Covid-19 da Central para outro Estado.
Exemplo disso, é o ex-coordenador da Cema, Erike Barbosa de Carvalho Araújo, nomeado por Wilson Lima durante uma das épocas mais sensíveis enfrentada pela população amazonense: a pandemia de Covid-19.

Segundo apurações do Portal Alex Braga (PAB), Erike Araújo foi o responsável pelo suposto desvio de mais de 3 mil testes rápidos de Covid-19 da Cema que foram destinados ao estado de Roraima.
O caso ocorreu no dia 21 da janeiro de 2022, quando a Polícia Civil de Roraima apreendeu mais de três mil testes rápidos de Covid-19 desviados da rede pública de Saúde do Amazonas. A suspeita é que o material seria vendido para clínicas ou laboratórios particulares.


O motorista do furgão onde estavam os testes afirmou que a carga era uma doação da Secretaria de Saúde do Amazonas para a Secretaria de Saúde de Roraima, segundo a delegada Magnólia Soares, da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra Administração Pública de Roraima. Ao ser feita a verificação com a Sesau (RR), foi constatado que “o estado não tinha conhecimento dessa doação”, afirmou a delegada, que confirmou que o material foi desviado da rede pública de Saúde do Amazonas.
O caso tornou-se alvo de investigação da Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), mas até hoje não teve seu desfecho.
Ex-coordenador da Cema tentou ser candidato em 2022
No entanto, a “doação” para o estado vizinho fica ainda mais curiosa porque, em 2022, Erike Araújo se candidatou ao cargo de deputado estadual pelo estado de Roraima. Teria sido essa doação de mais de 3 mil testes de Covid-19 uma tentativa de ganhar o carisma e o voto do eleitor roraimense? Se foi, não funcionou porque ele não conseguiu se eleger.

Erike Araújo foi investigado pela CPI da Saúde da ALE-RR
Contudo, a reportagem do PAB identificou que a relação de Erike Araújo com o estado de Roraima vinha de outros “carnavais”.
Isto porque, de 2019 a 2021, Erike e sua empresa, a Femax Serviços e Comércio Eireli, foram investigados pela CPI da Saúde, realizada pela Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR).
Ao final, o relatório da CPI indiciou o ex-coordenador da Cema por vários crimes, entres eles “crimes de licitação, improbidade administrativa, tráfico de influência, corrupção ativa, impedimento, perturbação ou fraude de concorrência, organização criminosa, e crime de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores”.

Para saber mais informações da investigação da CPI da Saúde (ALE-RR), clique aqui.
Nomeação na Cema
Após isso, Wilson Lima achou por bem nomeá-lo como coordenador da Central de Medicamentos do Amazonas onde ele viria, posteriormente, desviar os 3 mil testes de Covid-19.
Confira a nomeação

Após tudo isso e como resultado de sua frustrada ação de desviar insumos que pertenciam à Saúde do Amazonas, Erike Araújo ganhou apenas um afastamento seguido de exoneração, por parte de seu padrinho Wilson Lima.
Confira o afastamento

Fechando com chave de ouro: TCE-AM aplicou multa milionária na gestão de Erike
Por fim, o histórico de Erike Araújo à frente da Cemas se encerrou com uma multa milionária aplicada pelo TCE-AM no ex-coordenador.
A Corte de Contas do Amazonas reprovou as contas da Central, em 2023, e determinou que Erike Araújo devolvesse R$ 2,5 milhões ao Estado em glosas (Glosas são faturamentos não recebidos ou recusados nas organizações de saúde, por problemas de comunicação entre clínicas e convênios).
Erike esteve em uma seleta lista de quatro ex-coordenadores da Cema que tiveram as contas reprovadas, sendo o que recebeu a maior multa.
Decisão TCE-AM
A decisão foi proferida pelo conselheiro Érico Desterro e teve voto-condutor da conselheira Yara Lins, que afirmou que a multa a Erike se deu pela “não justificativa de despesas com indenizações por parte da CEMA, além de falta de comprovação de que houve algum tipo de termo de ajustes com a descrição e atestação dos serviços prestados sem cobertura contratual válida e a quitação, sem ressalvas pelo prestador dos serviços.”
Ainda segundo a conselheira-relatora, o gestor foi notificado para apresentar defesa sobre o caso, mas não encaminhou justificativa para solucionar a impropriedade.