A semana foi marcada por protestos de desabrigados contra demolições em frente da Prefeitura de Eirunepé, comandada pela prefeitura Áurea Maria Ester Alves (MDB). A mobilização foi liderada pelos ex-moradores dos loteamentos situados na Estrada do Xidá. Eles tiveram suas casas derrubadas por máquinas da administração municipal durante a execução de uma decisão judicial de reintegração de posse.
Com cartazes e palavras de ordem, os manifestantes exigiram dignidade, justiça e a devolução das terras onde viviam, alegando terem sido surpreendidos com a ação e deixados sem moradia.

De acordo com os moradores, a ação ocorreu de forma abrupta, sem que fosse dado tempo para a retirada de bens pessoais. Algumas residências, segundo relatos, foram demolidas com móveis, telhas e estruturas ainda no interior. As denúncias foram acompanhadas por vídeos que já circulam nas redes sociais.
A imagem foi compartilhada por uma página no Instagram.
“Destruíram tudo sem nos deixar tirar as coisas. Foi uma covardia da prefeita. Agora vêm falar em devolver lote? Por que não resolveram isso antes de passar por cima da casa dos outros?”, desabafou um manifestante.
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Vereadores manifestam apoio aos desabrigados
Durante o protesto, os vereadores Maílson Vieira de Araújo(PSB) e Cley Conrado(PT) estiveram presentes e conversaram com os manifestantes, declarando apoio à causa das famílias. Em vídeos já divulgados nas redes sociais, todos classificaram a condução da ação como injusta e se comprometeram a supervisionar de perto os desdobramentos por parte da Prefeitura.

“Estivemos aqui, ouvimos o povo, e o que eles querem é o mínimo: respeito. A gente precisa cobrar isso com firmeza”.
Vereador Maílson.
Nota de esclarecimento da Prefeitura

Após o protesto, a administração municipal de Eirunepé se pronunciou por meio de uma nota pública, alegando que as intervenções realizadas nos loteamentos têm respaldo legal, baseando-se em decisões judiciais e decretos locais. Apesar da tentativa de esclarecimento, o posicionamento oficial acabou deixando os moradores com mais revolta, que acusam a Prefeitura de agir com rigidez excessiva, sem diálogo e de maneira desumana.
“Se eles vão devolver os lotes depois, por que destruíram as casas agora? Que lógica é essa?”, afirmou um manifestante revoltado.
Mobilização dos desabrigados deve continuar
O clima entre os desabrigados é de resistência e a manifestação contínua. Eles garantem que seguirão pressionando o poder público e exigindo respostas concretas, disseram que não irão se calar diante do que identificam como ditadura por parte da administração.
“Hoje mostramos união e força. E vamos seguir firmes. Se for necessário, voltamos amanhã, depois, quantas vezes forem precisas, até sermos realmente ouvidos”, afirmou uma das organizadoras do ato.
O advogado Márcio Tabosa, que representa os moradores afetados, não pôde comparecer à mobilização por estar participando de uma audiência de instrução e julgamento em outro processo, mas reiterou seu comprometimento com o caso.
“Estou ao lado dessas famílias desde o início e não vou recuar. Trata-se de uma causa justa, e vamos levá-la até as últimas instâncias”, declarou.
Gestão Áurea Maria é alvo de críticas por despejar famílias em situação de necessidade
Desde 1º de janeiro de 2025, Eirunepé é governada por Áurea Maria Ester Alves(MDB), eleita com 51,81% dos votos válidos, somando 9.129 votos, numa disputa sem segundo turno . Antes de se lançar na política, Áurea era professora de ensino médio e possui ensino superior completo, tendo declarado patrimônio de R$ 476.569,56 à Justiça Eleitoral .

Embora seu plano de governo prometesse atacar as carências sociais da cidade, como saúde, educação e infraestrutura, a atual política municipal tem sido questionada pela população. Moradores acusam a prefeita de adotar medidas autoritárias, removendo famílias em situação de vulnerabilidade sem diálogo, sem assistência e com total desprezo pelas consequências humanas dessas decisões.
Outro lado
Nossa equipe de reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Eirunepé para obter uma resposta sobre o caso, mas até o momento não recebemos retorno.
