O governador Wilson Lima (União Brasil), parece ter um grande apego e gratidão por exclusivamente, dois secretários: Caio André (ex-vereador de Manaus) e Joana Darc (deputada estadual licenciada). Durante uma longa dança das cadeiras, André e Darc já foram exonerados e nomeados, algumas vezes, para o comando das secretarias de: Cultura e Economia Criativa e Proteção Animal. O retorno de ambos, reforça a tese de que o chefe de Estado e seus aliados realizam manobras políticas nessas secretarias.
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Nomeações e exonerações de Joana Darc
Com o fim do mandato batendo na porta, o governador Wilson Lima, em uma movimentação política, teve que reorganizar algumas cadeiras, que abriu vagas para alguns figurões da política amazonense entrar em cena.
No último dia de setembro deste ano, Wilson Lima revelou que Joana Darc assumiria a Secretaria de Estado de Proteção Animal (SEPET).

A ida da parlamentar para a secretaria provocou um efeito em cascata na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (ALE-AM) e na Câmara Municipal de Manaus (CMM).
No dia 03 de outubro, o nome da deputada saiu no Diário Oficial do Estado (DOE), para exercer o cargo de confiança como secretária.

Após mais de um mês frente à pasta, Darc foi exonerada da Sepet e retornou a Assembleia Legislativa. Mais uma vez, a dança das cadeiras teve que ocorrer nas duas Casas Legislativas.


Quando Joana assumiu a Sepet, a vaga na Aleam foi ocupada pela vereadora Professora Jacqueline, primeira suplente do União Brasil nas eleições de 2022. A ida dela para a Assembleia abriu uma vaga na Câmara Municipal, que foi então destinada ao segundo suplente do partido nas eleições municipais de 2024, Amauri Gomes. Caio André continuou com sua cadeira na Secretaria de Cultura.
Volta ao Plenário
Durante o retorno ao trabalho legislativo, Joana Darc afirmou que continuará atuando pela causa animal e que o retorno a Sepet seria “em breve”.
“Hoje eu retorno para a Assembleia Legislativa e estou indo para cuidar de algumas questões do nosso mandato, né? Afinal, eu sou uma deputada licenciada que estive como Secretária de Estado da Proteção Animal. Mas é um período bem breve. Já, já eu retorno para a Secretaria de Estado de Proteção Animal, para que a gente possa fazer entregas importantes para a causa animal que serão em breve anunciadas”, revelou.
Ela também afirmou que deve deixar a secretaria até abril devido às regras de desincompatibilização para as eleições de 2026.
R$ 15 milhões em emendas 🤑💲
O retorno relâmpago da deputada à Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM), de apenas um dia, não foi em vão. Joana Darc deixou a Sepet, com o objetivo de destinar R$ 15,6 milhões em emendas parlamentares individuais, valor que originalmente era de R$ 12,1 milhões e recebeu um acréscimo de R$ 3,5 milhões para 2026.
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Retorno à Sepet
Dois dias depois, na quarta-feira (19), a nomeação da deputa saiu no Diário Oficial do Estado (DOE), e Wilson Lima a reconduziu ao cargo de confiança na Sepet.
Efeito na Câmara Municipal de Manaus
O afastamento temporário de Joana Darc também impactou a composição da Câmara Municipal de Manaus (CMM). Durante o período em que a deputada esteve na Aleam, a vereadora Jacqueline voltou ao Legislativo municipal para apresentar suas emendas impositivas.
“Combinamos porque cada um tem o seu prazo. O momento para apresentar as emendas da Câmara e da Assembleia é agora. Se a gente não apresenta, corre o risco de ficarem no nome do órgão, no caso o Supremo, e aí depende de viabilidade técnica, o que pode falhar caso a instituição escolhida não tenha toda a documentação regular”, afirmou Jacqueline.
Com o retorno de Joana à Aleam, a vereadora novamente deixou a CMM, e o suplente Amauri Jr. reassumiu o mandato.
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Caio André e o “apego” pela SEC
Caio André saiu derrotado das eleições municipais do ano passado, com isso, Wilson Lima teve que dá um jeitinho para abriga-lo em uma secretaria.

Mesmo rejeitado por artistas, produtores culturais e ativistas culturais, o ex-vereador Caio André (União Brasil) foi nomeado secretário de Estado de Cultura e Economia Criativa. O governo confirmou a nomeação em 04 de fevereiro deste ano.

Vale ressaltar que, artistas promoveram manifestação no Largo São Sebastião, no Centro de Manaus, contra a nomeação do ex-vereador. Alegam que o ex-vereador não tem experiência na cultura, o que gera risco para a execução de editais.

Em outubro deste ano, com as mudanças e as danças das cadeiras, Caio André sentiu a pressão nos ombros. Ou voltaria a CMM de onde ficou de fora ou deixaria o 2° suplente assumir a vaga.
Apesar do retorno ao Legislativo, Caio André anunciou que solicitou sua licença nos próximos dias para voltar à Secretaria de Cultura, e deixou o lugar para Amauri Gomes.
O mesmo deve ocorrer agora, Caio já afirmou que pediu novamente à CMM sua licença para manter o comando da Cultura.
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Caio André deixou R$ 7,7 milhões em dívidas na Câmara
Após ser reprovado nas urnas pela população manauara e entrar na história da política local como o primeiro presidente da Câmara Municipal de Manaus (CMM) a não ser reeleito, Caio André deixou o comando da Casa com uma dívida de mais de R$ 7,7 milhões.
A dívida é referente à parcelas de contratos e termos aditivos assinados por Caio André em sua gestão como presidente da CMM.
Somente em 2024, o presidente não reeleito assinou 16 novos contratos que totalizam os mais de R$ 17,3 milhões, sendo 15 deles com vigência até 2025.
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O que diz especialista
Para o cientistas político e advogado, Helso Ribeiro: “todas essas danças das cadeiras mostra o quanto a nossa legislação eleitoral é defasada”.

Em resposta ao (PAB), o cientista avalia essas mudanças da seguinte maneira:
“Toda essa dança das cadeiras mostra o quanto a nossa legislação eleitoral é defasada. Não digo defasada porque em outros países isso também existe, mas aqui há pouca transparência. No sentido de que, quando um vereador ou um deputado se candidata, ele nem ousa dizer à população que, caso seja eleito, poderá aceitar ser secretário, por exemplo.
Porque ele está sendo eleito para ser vereador, para ser deputado — ou seja, para fiscalizar o Poder Executivo e para propor projetos de lei, né? E não para se transformar em secretário. Aí, o que ocorre? Quando um deputado, um vereador ou outra pessoa assume um cargo no Executivo, a vaga dele acaba indo para o primeiro suplente do partido, depois o segundo, o terceiro e assim sucessivamente.
E aí, às vezes, essa mudança acontece em 15 dias; às vezes, eles saem do cargo só para votar… Enfim, algo que, no meu entendimento, só faz com que a democracia se enfraqueça, porque a população vê que, às vezes, aquele mandato está servindo apenas como trampolim, como um degrau para chegar a outro cargo — e não para cumprir aquilo para o qual ele(a) foi eleito(a).”

