Quinta-feira, 20 Novembro

A população de Iranduba continua refém do lixão a céu aberto, enquanto o prefeito Augusto Ferraz (União Brasil) insiste em rejeitar um projeto de aterro sanitário moderno que poderia transformar a gestão de resíduos do município. O descaso atinge especialmente os moradores do Ramal da Dona Creuza, no quilômetro 6, que convivem diariamente com o mau cheiro, a proliferação de doenças e a contaminação da água.

O debate sobre a implantação de um aterro sanitário está intenso na cidade, mas o líder comunitário Benedito Leite aponta uma motivação política por trás da recusa do prefeito.

“Mas como ano que vem é período eleitoral, o prefeito não quer perder os votos para deputada estadual, que é a esposa dele”, criticou Benedito Leite em suas redes sociais.

Lixão em Iranduba

Lixão em Iranduba e as acusações de desinformação

Enquanto isso, circulam nas redes sociais informações falsas, amplificadas por aliados do prefeito, que buscam confundir a opinião pública sobre a atuação da empresa Norte Ambiental.

Em nota oficial, a Norte Ambiental esclareceu que é falsa a informação de que a empresa possuiria um aterro em Boa Vista (RR). “A Norte Ambiental não possui e nunca teve qualquer empreendimento em Boa Vista. Atuamos há 15 anos em Iranduba, desenvolvendo projetos licenciados, técnicos e sustentáveis para o tratamento e destinação correta de resíduos sólidos”, afirmou a nota. A empresa ainda apontou que o conteúdo falso vem sendo repassado pelo secretário de Produção Rural, Rildo Almeida, contribuindo para a propagação de desinformação em um tema que exige seriedade e transparência.

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O projeto do Serviço de Tratamento e Destinação de Resíduos Sólidos (STDR Iranduba), desenvolvido pela Norte Ambiental, previa a construção de um aterro sanitário moderno, com impermeabilização do solo, tratamento de chorume, monitoramento ambiental 24 horas e geração de empregos. Licenciado por órgãos ambientais estaduais e federais, estava em total conformidade com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/2010), que determina o fim dos lixões no país.

Mesmo diante dos benefícios ambientais, sociais e econômicos, o prefeito rejeitou a proposta, alegando supostos impactos sociais e defendendo a “autonomia municipal”. A decisão mantém Iranduba refém de um lixão que contamina o solo e a água e ameaça a saúde da população.

Benedito Leite lembrou que o prefeito já havia demonstrado ser contra o projeto em outras oportunidades. “Prefeito, o senhor é um artista, já tivemos 3 audiências públicas e o senhor nunca esteve nas audiências. O senhor falou que era veementemente contrário ao projeto do aterro sanitário do município de Iranduba,” disse o líder.

Em uma nota assinada recentemente, o prefeito reiterou ser “veementemente contra” o aterro sanitário, desta vez alegando a existência de um polo turístico, empreendimentos e agricultores na área.

O líder comunitário, no entanto, rebateu a justificativa, citando a situação crítica no quilômetro 5 do Janauari:

“Eu lhe pergunto, aqui no KM 5 do Janauari, nós temos empreendimentos, temos pontos turísticos, temos para mais de mil agricultores que são prejudicados durante esses 30 anos por conta desse lixão a céu aberto, que inclusive alguns meses atrás pegou fogo por 22 dias, exalando para nossa comunidade fumaças tóxicas, que inclusive no verão, as pessoas que aqui residem e têm comércio sentem odor.”

Benedito Leite também expôs a situação desumana de um funcionário que trabalha no local:

“Nós temos lá um funcionário que há mais de 10 anos trabalha lá e nunca teve férias, inclusive se encontra doente. E que fica naquela casa vigiando o lixão a céu aberto sem nenhuma condição de trabalho, lá não tem energia, nem segurança e nem água para o rapaz que fica lá.”

Ainda sobre a motivação política, o líder comunitário acusou o prefeito de usar a decisão para beneficiar a esposa, Luana Ferraz, atual secretária de Saúde. “O senhor falou que é veemente contra o projeto somente para eleger sua esposa, a Luana Ferraz, que inclusive é secretária de Saúde, que não se preocupa sequer com esse lixão a céu aberto. É uma vergonha o que o senhor fez.”

Ao ignorar um projeto pronto, seguro e legalmente aprovado, e sem apresentar uma alternativa viável, o prefeito coloca Iranduba na contramão do desenvolvimento sustentável, transformando promessas em retrocesso ambiental e social.

“O senhor pode ser contra, mas não apresentou nenhum projeto para tratar do lixão a céu aberto que está aqui próximo de nós, o senhor não mostrou. Se o senhor é veemente contra, precisamos de um projeto que traga dignidade para o povo,” concluiu Benedito Leite.

População não aguenta mais

Nas redes sociais, moradores relatam que crianças brincam próximas aos resíduos, que invadem quintais e ruas, e que a água usada nas casas está contaminada pelo chorume.

“Qual a solução então para o lixão a céu aberto no KM 6? Lá também tem agricultura, moradia e empreendimentos que precisam de atenção, além dos catadores que merecem dignidade e respeito! Por quanto tempo ainda vamos ter que conviver com lixo nas portas das nossas casas no KM 6?”, disse um internauta.

“Mas aquele lixão a céu aberto que foi exibido ontem na reportagem é um absurdo”, afirma outro.

Ao ignorar um projeto pronto, seguro e legalmente aprovado, o prefeito coloca Iranduba na contramão do desenvolvimento sustentável, transformando promessas em retrocesso ambiental e social.

NOTA

O Núcleo de Reportagem Investigativa do Portal Alex Braga entrou em contato com a prefeitura de Iranduba para falar sobre o caso, mas até a publicação desta matéria não obtivemos respostas. O espaço segue aberto para esclarecimentos.

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