O governo do Amazonas, na gestão de Wilson Lima (União Brasil), já gastou mais de R$ 93 milhões, em quatro anos, com contratos de publicidade e propaganda para promover sua imagem. O Portal Alex Braga apurou e revela com detalhes os gastos da Secretaria de Estado de Comunicação Social (Secom), que mantém um contrato milionário com uma única empresa há mais de cinco anos, sem nova licitação, levantando suspeitas até de possível favorecimento pessoal.
O valor total dos gastos por si só já é extrapolante, mas os detalhes dos contratos causam ainda mais estranheza. Para se ter uma ideia, o contrato inicial, firmado em julho de 2021 com a empresa Mene e Portella Publicidade Ltda, cujo proprietário é o empresário Túlio Mene Melo, estava orçado em R$ 25 milhões. Em março de 2022, veio o primeiro termo aditivo, aumentando o valor inicial do contrato em 25%, que passou a custar quase R$ 40 milhões aos cofres públicos.

O que teria mudado em apenas oito meses? Qual seria a explicação para esse aumento de gastos em um período tão curto de vigência do contrato? Mas os termos aditivos não pararam por aí. O contrato, que foi assinado para durar apenas 12 meses, no valor de R$ 25 milhões, vem sendo prorrogado ano após ano, sempre com os mesmos valores milionários, podendo chegar a mais de R$ 131 milhões até 2026.

Propaganda enfeita o caos
Enquanto isso, a população padece nas filas e corredores dos hospitais, como é o caso da dona de casa Sandra Rocha, 55, que foi internada no Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto e, após três meses de descaso na unidade de saúde gerida pelo governo do Estado, sofreu necrose na perna e hoje teme pelo pior. O caso de Sandra e de muitos outros pacientes é denunciado diariamente pela reportagem do Portal Alex Braga.

No transporte coletivo não é diferente: a população convive diariamente com o medo de ser assaltada, sem confiança na segurança pública do Estado que, inclusive, também está esquecida pelo governo. Segundo revelou o Portal Alex Braga na última semana, Wilson Lima foi denunciado por se recusar a pagar o abono fardamento — benefício que historicamente ajuda os militares a arcarem com o custo de seus uniformes, obrigação legal do Estado, segundo a Associação das Praças do Estado do Amazonas (Apeam).
A publicidade bancada com o dinheiro dos cofres públicos tem sido usada para pintar uma gestão que não existe. De 2021 para cá, já foram cinco termos aditivos, todos eles ultrapassando o valor de R$ 30 milhões. Na TV, rádio, internet e outdoors, Wilson Lima torra parte desse valor com propagandas cheias de elogios a si mesmo, mostrando hospitais funcionando, escolas reformadas, segurança de qualidade — algo que não condiz com a realidade vivida pela população.
É a propaganda sendo usada para maquiar o caos que a população vive diariamente em vários setores geridos pelo governo do Estado. E a reflexão que fica é: e se esse valor milionário fosse usado para construir uma gestão realmente benéfica para o povo?
LEIA MAIS: Secretária de Saúde de Wilson Lima bloqueia mães de bebês que morreram por negligência
Governo silencia
Procurada pela reportagem do Portal Alex Braga, a Secom não explicou o que tem motivado o governo do Estado a manter esse contrato com a mesma empresa por tanto tempo, sem nova licitação, impedindo que novas empresas possam participar e garantir concorrência, oportunidades e preços melhores. A secretaria também não esclareceu quais foram os resultados efetivos dessas campanhas publicitárias.
Confira com detalhes os gastos da Secom com a empresa de propaganda:
Valor inicial do contrato: R$ 25.000.000,00
Primeiro termo aditivo:
Valor mensal: R$ 3.333.333,33
Valor total: R$ 39.999.999,96
Segundo termo aditivo:
Valor mensal: R$ 2.604.166,66
Valor total: R$ 31.249.999,92
Terceiro termo aditivo:
Valor mensal: R$ 2.604.166,66
Valor total: R$ 31.249.999,92
Quarto termo aditivo:
Valor mensal: R$ 2.882.407,03
Valor total: R$ 34.588.884,36
Quinto termo aditivo:
Valor mensal: R$ 2.882.407,03
Valor total: R$ 34.588.884,36

Valor total em 5 anos: R$ 131.677.768,56 (cento e trinta e um milhões, seiscentos e setenta e sete mil, setecentos e sessenta e oito reais e cinquenta e seis centavos).