Sábado, 20 Setembro

Desde abril deste ano, a dona de casa Sandra Helena Vieira Rocha, de 55 anos, vive uma verdadeira saga de dor, sofrimento e negligência médica, segundo denúncia feita por sua sobrinha Geovana Matos. Internada no Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto, em Manaus — unidade gerida pelo Governo do Estado do Amazonas, sob comando do governador Wilson Lima (União Brasil) — a paciente enfrenta um quadro grave de saúde após ter recebido alta médica precocemente, sem suporte adequado no pós-operatório.

Diagnosticada com esquizofrenia, Sandra sofreu uma fratura na bacia que exigiu intervenção cirúrgica urgente. A primeira internação ocorreu em abril, mas a família relata que a cirurgia foi adiada por dias devido à precariedade do hospital, que estava sem ar-condicionado e apresentava más condições estruturais. A paciente passou por dois procedimentos — um na bacia e outro na perna — e, mesmo sem conseguir andar, sentar ou se sustentar, foi liberada pela equipe médica apenas um dia após a última cirurgia.

Paciente não consegue andar e os pés estão inchados

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“Deram alta pra ela sem ela conseguir andar. Ela foi pra casa com o corpo todo inchado, cheia de dor, e sem qualquer tipo de orientação. Não teve fisioterapia, não teve acompanhamento. Ela precisava ter ficado internada”, denuncia a sobrinha da paciente, a biomédica Geovana Matos.

Geovana relata que, após a alta, a condição da tia só piorou. As pernas da idosa começaram a apresentar feridas graves, que evoluíram para um quadro de necrose. Além disso, a família suspeita que Sandra esteja com trombose e descobriu recentemente um diagnóstico de diabetes que até então não havia sido identificado pela equipe médica.

“Foram meses tentando fazer com que o hospital a aceitasse de volta. Ela foi recusada várias vezes. Só no dia 3 de julho conseguimos que ela fosse internada novamente, e mesmo assim foi com muita insistência. Agora, só agora, vieram fazer fisioterapia nela. Isso deveria ter sido feito logo após a cirurgia. Minha tia se agravou muito por negligência”, afirma Geovana.

Feridas após a cirurgia

Ela também denuncia a dificuldade de acesso às informações médicas da tia. “Venho pedindo o prontuário dela há semanas. Quero entender o que foi feito e o que está acontecendo com ela, mas o hospital se recusa a entregar. Isso é um direito nosso, e estão nos negando”, acrescenta.

Segundo Geovana, uma avaliação com doppler — exame que pode indicar presença de trombose — está sendo cogitada para esta semana, mas ainda sem confirmação. Enquanto isso, Sandra segue internada, sem diagnóstico definitivo e com feridas abertas nas pernas, que não cicatrizam devido à condição diabética não tratada anteriormente.

Pai morreu de Covid sem atendimento

A biomédica relembra ainda que, durante a pandemia, também perdeu o pai no mesmo hospital, vítima da falta de assistência médica adequada. “Meu pai, o taxista Geovane Reis, morreu em 2020 por negligência no 28 de Agosto. Agora é a minha tia que está sendo maltratada. É revoltante. Não é só descaso, é desumanidade.”

Pai de Geovana que faleceu no Hospital 28 de Agosto

NOTA

O Núcleo de Reportagem Investigativa do Portal Alex Braga procurou a Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SES-AM) para comentar as denúncias, mas até o momento da publicação não obteve resposta. O espaço segue aberto para esclarecimentos.

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