Quinta-feira, 11 Setembro

Um vídeo exclusivo recebido pela redação do Portal Alex Braga, mostra crianças da cidade de Caapiranga atravessando rio a nado para ir à escola. Enquanto alunos se arriscam no rio por falta de transporte fluvial e da ponte que desabou há dois anos, a Prefeitura de Caapiranga, sob gestão de Matulinho Brás (União Brasil), direciona recursos públicos para o Festival dos Carás, que inclui shows com artistas locais. A situação escancara o descaso com a educação e a segurança de alunos da zona rural do município.

Moradores revoltados cobraram respostas urgentes diante do descaso com a educação e a segurança dos estudantes. Na chamada oficial para o Festival dos Carás, o prefeito de Caapiranga, Matulinho Brás, destacou o apoio do governador Wilson Lima para a realização do evento, mas não mencionou a situação precária da cidade.

No entanto, moradores questionam: e a parte da Prefeitura? Por que a gestão municipal não tem cumprido com suas obrigações básicas, como garantir transporte escolar adequado às crianças da zona rural?

Ponte quebra e deixa cinco pessoas em estado grave em Caapiranga

“Não aguentamos mais tanto sofrimento. As crianças entram na água para buscar a canoa do outro lado do rio, é um risco enorme, a qualquer momento pode acontecer uma tragédia. Nós precisamos, com urgência, de uma nova ponte. A antiga, que ligava a ilha da comunidade do Membeca-São Jorge, simplesmente desabou há dois anos”, desabafou uma moradora, que não quis se identificar.

Em 2023, a antiga ponte desabou e deixou vítimas. A queda ocorreu após o rompimento do tablado, provocando ferimentos em cinco pessoas. A estrutura possuía aproximadamente 10 metros de altura e cedeu no fim da tarde, enquanto moradores atravessavam o local. O episódio foi registrado na comunidade do Membeca, situada na zona rural do município de Caapiranga.

Missionário que prestava serviço da comunidade

Entre os feridos estavam dois missionários que prestavam serviços na comunidade. Um deles sofreu uma fratura na perna e o outro ficou com hematomas pelo corpo. Duas mulheres tiveram cortes na cabeça e chegaram a desmaiar com o impacto. Um adolescente também se machucou gravemente, quebrando um dos braços. Todos foram levados ao hospital municipal e ficaram sob cuidados médicos.

Revoltados com o descaso, moradores atearam fogo na parte da estrutura que restou após o acidente. Na época, a Prefeitura alegou que a ponte já estava interditada, mas reconheceu que alguns moradores ainda a utilizavam, justamente por falta de alternativa segura.

O que causa indignação é que, mesmo após a tragédia e a interdição, nenhuma medida concreta foi tomada. A ponte nunca foi reconstruída e, até hoje, crianças continuam se arriscando ao entrar na água para buscar a canoa do outro lado do rio. O abandono é evidente, e a insegurança persiste como parte da rotina da comunidade.

CADÊ A REFORMA DA QUADRA?

Os denunciantes também manifestaram indignação diante do completo abandono de uma quadra esportiva do município. Segundo os denunciantes, o espaço, que deveria servir como ponto de lazer, prática esportiva e convivência para jovens e famílias da região, encontra-se em estado de deterioração há meses, sem qualquer sinal de manutenção por parte da administração municipal.

De acordo com os relatos, a quadra apresenta rachaduras no piso, traves e alambrados danificados, além da iluminação comprometida, o que inviabiliza o uso do local principalmente no período noturno. A situação, segundo os moradores, reflete o descaso do poder público com áreas que são fundamentais para o bem-estar da população.

“O prefeito parece não se importar com o que realmente interessa para a comunidade. Enquanto obras de pouca relevância são priorizadas, locais como a quadra, que têm um impacto direto na vida das pessoas, continuam esquecidos”, afirmou um morador que preferiu não se identificar.

A população pede providências urgentes e cobra uma postura mais atenta e responsável por parte do gestor municipal. Para os moradores, investir em esporte e lazer é investir na qualidade de vida da cidade.

Leia mais: https://portaldoalexbraga.com.br/2024/04/tce-julga-irregular-as-contas-da-camara-de-caapiranga/

Matulinho paga quase R$ 1,3 Milhão por materiais hidráulicos

Além da falta da ponte e da quadra, um gasto recente do prefeito Matulinho gerou críticas na cidade. Ele firmou contrato no valor de R$ 1.296.801,30 para a compra de materiais e equipamentos hidráulicos destinados às unidades administrativas do município, sem justificar como chegou ao valor milionário e nem quais serão os benefícios para a população.

O fornecimento será feito pela empresa Natasha Cristiane Gomes da Silva, inscrita no CNPJ 37.716.477/0001-88. Apesar do contrato envolver materiais hidráulicos, o cadastro da empresa na Receita Federal aponta como atividade principal o comércio varejista de material elétrico. A sede está localizada no bairro Lírio do Vale, na Zona Oeste de Manaus.

Com vigência de 12 meses, o contrato tem validade até maio de 2026 e está registrado no Diário Oficial dos Municípios do Amazonas.

Outro lado

Diante das denúncias, a reportagem procurou a Prefeitura de Caapiranga para esclarecimentos sobre a falta de transporte escolar adequado, a situação da ponte que desabou há dois anos e a quadra abandonada e dos gastos com material hidráulico Porém, até o fechamento desta matéria, não houve resposta.

Moradores aguardam posicionamento do poder público. Enquanto isso, alunos seguem enfrentando riscos diários para exercer um direito básico: o de estudar.