Apesar de um orçamento robusto para a saúde em 2025, que alcança R$ 4 bilhões, o sistema público do Amazonas vive um verdadeiro colapso. Em plena gestão do governador Wilson Lima (União Brasil), casos de negligência, superlotação e abandono hospitalar se multiplicam, contrastando de forma brutal com os números bilionários anunciados.
Em teoria, o investimento bilionário teria como foco áreas prioritárias como o fortalecimento da atenção básica, melhoria na estrutura dos hospitais e ampliação dos serviços especializados. Na prática, o que se vê é um cenário de dor, descaso e morte.
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Estado vegetativo
Um dos casos mais revoltantes é o de Maria Ivani da Silva da Mata Melo, 46 anos, que entrou no Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV) em março de 2023 para realizar uma simples cirurgia de septoplastia — um procedimento de correção do desvio do septo nasal. No entanto, a paciente nunca saiu da mesa de cirurgia da mesma forma: foi anestesiada, mas segundo a equipe médica, não pôde ser intubada e a cirurgia não foi realizada.

Após 28 dias na UTI e sete meses internada, Maria Ivani ficou em estado vegetativo. Sua família denuncia negligência médica e cobra do governo do Amazonas medidas efetivas para garantir os cuidados e a dignidade da paciente.
Câncer e exame cancelado no Hemoam
Outro drama atinge Luiz Carlos, diagnosticado com câncer na medula. Seu exame no Hemoam, essencial para dar seguimento ao tratamento, foi cancelado por falta de médicos, mesmo diante da gravidade da condição. O caso, apurado pelo Núcleo Investigativo do Portal Alex Braga, expõe a crise de recursos humanos na rede pública, com profissionais sobrecarregados e pacientes sendo prejudicados por remarcações indefinidas.
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Atendimento desumano
As denúncias se estendem ao Centro de Saúde Mental do Amazonas (CESMAM), reinaugurado em 2022 com promessas de atendimento humanizado. Vídeos enviados ao Portal mostram pacientes amarrados pelas mãos e pés em macas, sem supervisão adequada. Acompanhantes dormem em cadeiras plásticas ou no chão, sem estrutura mínima.

A denúncia desmonta o discurso oficial da Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM), que havia anunciado o CESMAM como um modelo de modernidade e acolhimento.
Morreu vítima do “padrão de saúde Delphina”

O caos atinge também os casos de emergência. O feirante Jonatas Moraes Vieira, 57 anos, cardiopata, passou mal a caminho do trabalho e buscou ajuda no Hospital Delphina Aziz, um dos maiores da rede estadual. Foi orientado a procurar uma UPA. Não resistiu e morreu na rua, sem receber nenhum atendimento médico.
A família denuncia o abandono institucional e exige justiça: “É uma omissão do governo Wilson Lima”, afirma a irmã da vítima.
Onde está o dinheiro da saúde?
A pergunta que ecoa em meio às tragédias é: como um estado com orçamento de R$ 4 bilhões para a saúde permite esse nível de colapso? Faltam médicos, insumos, estrutura e respeito à dignidade dos pacientes.
Na gestão de Wilson Lima, a saúde pública do Amazonas não parece ser uma prioridade real, apesar dos números astronômicos anunciados em peças publicitárias e discursos oficiais. O que se vê nas ruas, hospitais e pronto-socorros é uma população abandonada à própria sorte, enquanto o governo se exime de responsabilidade.
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