Quinta-feira, 24 Abril

O governador do Amazonas, Wilson Lima, publicou em seu perfil no Instagram, na noite de quinta-feira (11), um vídeo onde aparece fiscalizando as obras do Complexo Hospitalar Sul. Segundo o chefe do Executivo estadual, a visita aconteceu por volta das 20h30 e teve como objetivo acompanhar de perto os avanços na infraestrutura da unidade.

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No vídeo, Wilson Lima aparece no quinto andar do Hospital 28 de Agosto, destacando a atuação tanto na recepção quanto na enfermaria. “Não estamos de bobeira. Estamos aqui, como estamos também na recepção da Maternidade Dona Lindu”, declarou o governador.

Ainda na gravação, Lima afirmou que o foco da sua gestão é promover mais dignidade e acolhimento aos pacientes e seus acompanhantes. “Nosso objetivo é dar dignidade e melhor acolhimento para os pacientes e para seus acompanhantes. E sabe o que é melhor? Nós não paramos um minuto sequer, porque temos pressa de levar o padrão Delphina para toda a rede estadual de saúde”, disse.

Apesar do tom otimista do governador, a publicação gerou repercussão negativa nas redes sociais. Nos comentários, internautas criticaram a qualidade do atendimento nas unidades públicas e denunciaram uma realidade bem diferente da mostrada no vídeo.

A internauta Aldenora Palmeira foi uma das primeiras a se manifestar: “Na TV é tudo bonitinho, mas na realidade os hospitais de Manaus estão totalmente destruídos. Não tem atendimento adequado para ninguém”.

Comentário da internauta

Herika Lopes também expressou frustração: “Padrão de espera do Delphina para exames tá complicado, governador. Muita demora para ser atendido, para fazer exames e coletas, e para receber resultados também. Está ruim, está péssimo. Filas enormes para exames”.

Comentário da internauta

Outro usuário, identificado apenas como Gabriel, relatou uma experiência crítica: “Padrão Delphina já está virando frase de utopia. Fiquei cinco dias internado no Platão Araújo, no corredor e em uma cadeira. Nem maca tive o luxo de deitar”.

Comentário do internauta

Denúncias escancaram caos no Hospital 28 de Agosto

Denúncia de paciente

Após a publicação do vídeo de Wilson Lima, começaram a circular nas redes sociais diversos vídeos que escancaram a situação precária enfrentada por pacientes do Hospital 28 de Agosto. As imagens mostram o sofrimento de internados expostos a calor insuportável e à falta de água. Um cenário inaceitável para qualquer unidade de saúde, ainda mais uma considerada referência na capital amazonense.

Além do clima sufocante e da ausência de condições mínimas de higiene, os relatos recebidos pelo Portal Alex Braga denunciam a existência de leitos improvisados nos corredores do hospital, evidenciando a superlotação e a desorganização da gestão.

“É um verdadeiro caos aqui nesse hospital. Enquanto o governo fica mentindo dizendo que está tudo bem, só nós que estamos aqui sabemos da realidade. Eu queria que os políticos também realizassem seus exames e operações aqui, já que dizem que a qualidade do hospital é de alto nível”, desabafou um paciente, que pediu para não ser identificado.

Bilhões para a gestão, migalhas para os pacientes

A indignação dos usuários do sistema de saúde contrasta com os números bilionários envolvidos na gestão da unidade. Em novembro de 2024, o Governo do Amazonas firmou um contrato de mais de R$ 2 bilhões com a Associação de Gestão, Inovação e Resultados em Saúde (Agir), com duração de cinco anos, para administrar tanto o Hospital 28 de Agosto quanto o Instituto da Mulher Dona Lindu.

O contrato, celebrado sob o argumento de “eficiência” e “redução de custos”, prometia gerar uma economia de até R$ 130 milhões por ano. No entanto, o que se vê hoje é uma gestão que, na prática, parece estar economizando justamente onde mais importa: no cuidado com os pacientes.

Contrato com a Agir

Sem transparência e sem solução à vista

Enquanto os repasses públicos continuam sendo feitos, o que se acumula nos corredores do 28 de agosto são pacientes indignados, funcionários exaustos e promessas governamentais que, ao que tudo indica, não resistem ao menor contato com a realidade.

A pergunta que fica é: onde estão os resultados prometidos? E, principalmente, quem está fiscalizando o destino de tanto dinheiro?

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