No último dia 1º de abril, o prefeito de Borba, Toco Santana (Republicanos), anunciou a exoneração de 176 servidores da área da saúde, incluindo maqueiros, técnicos de enfermagem, enfermeiros, entre outros profissionais. A decisão, que impacta diretamente o setor da saúde, gerou surpresa e indignação entre os trabalhadores, especialmente por ocorrer após o chefe do Executivo municipal ter prometido, durante sua campanha eleitoral, que não realizaria demissões.
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Em um vídeo que circulou amplamente pelos grupos de WhatsApp da cidade durante a campanha, Toco Santana afirmou com veemência que não tomaria medidas drásticas contra os servidores. “Tem uma lista surgindo nas redes sociais, dizendo que eu vou demitir A e B. Fiquem tranquilos, que Toco não vai fazer isso. Tô contigo, conforme foi acordado, conforme eu quero o bem de Borba. Essa lista é fake news”, disse o candidato, garantindo a estabilidade dos trabalhadores.
Contudo, a realidade se mostrou bem diferente. No início de abril, a Prefeitura de Borba publicou o Decreto Nº 0326/2025 no Diário Oficial do Município, formalizando a exoneração de 176 servidores temporários da Secretaria Municipal de Saúde. A decisão foi tomada de forma abrupta, sem aviso prévio, pegando muitos profissionais de surpresa.

A medida, que afeta trabalhadores de longa data, como o técnico de enfermagem Andrew Pires (nome fictício para preservar a fonte) causou revolta, especialmente pela contradição com as promessas de campanha.
“Fomos todos pegos de surpresa. Não há explicações sobre os motivos dessa demissão em massa, e o pior, é que isso afetou principalmente os profissionais da saúde. Tem colegas que estavam há 20 anos no hospital, e agora, simplesmente, foram mandados embora”, disse Andrew, que trabalha há 8 anos no Hospital Vó Mundoca, em Borba.

O sentimento de indignação não se limitou a Andrew. Patrícia Góes (nome fictício para preservar a fonte) que trabalhava há 4 anos na lavanderia do Hospital Vó Mundoca, também expressou sua surpresa e insatisfação.
“Fomos pegos de surpresa no dia 1º de abril, justamente no Dia da Mentira. Ninguém explicou nada. Restavam poucos contratados, e agora todos foram exonerados. Temos funcionários que ocupam dois cargos, um pelo Estado e outro pela prefeitura. Não sabemos qual o acordo que foi feito, mas a verdade é que estamos sendo oprimidos”, disse Patrícia, que veio a Manaus para denunciar a situação, alegando medo de represálias em Borba.

O Decreto de exoneração não trouxe esclarecimentos sobre as razões da decisão, deixando muitas dúvidas sobre a real necessidade dessas demissões. Além disso, a medida levanta preocupações sobre a precarização dos serviços de saúde em um município já enfrentando desafios estruturais.
Exonerações em massa não são novidade
A exoneração dos 176 servidores da saúde não é um caso isolado. Já no início deste ano, aproximadamente 2.500 servidores públicos de Borba, entre pais e mães de família, foram exonerados de seus cargos comissionados, com a publicação do Decreto nº 0020/2025. O decreto também determinava a rescisão dos contratos de servidores temporários (exceto os profissionais lotados no Hospital Vó Mundoca) e o retorno de servidores efetivos que ocupavam cargos comissionados para suas funções originais.

Nota
O Núcleo de Reportagem Investigativa do Portal Alex Braga entrou em contato com o assessor de comunicação da prefeitura de Borba para falara sobre a motivação das exonerações, mas até a publicação desta matéria não obtivemos respostas.
O espaço segue aberto para esclarecimentos.

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