Quinta-feira, 10 Julho

O indígena da etnia Apurinã, Wanderley, de 37 anos, foi vítima não apenas de um grave acidente de motocicleta, mas também do descaso e da precariedade do sistema público de saúde no Amazonas, na gestão do governador Wilson Lima. Segundo sua esposa, Tuxauara Herery Apurinã, 42, o que era para ser um momento de cuidado e recuperação se transformou em mais um trauma para o paciente e sua família.

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Após sofrer uma fratura na perna, Wanderley deu entrada no Hospital e Pronto-Socorro Platão Araújo no dia 19 de março. A fratura exigia a colocação de ferros na perna, procedimento realizado com dificuldades. No entanto, a situação piorou drasticamente dentro da própria unidade hospitalar: a maca em que o paciente estava quebrou — segundo relatos, por estar “podre” — e ele caiu no chão, agravando ainda mais a lesão.

“Meu marido caiu no chão com a perna cheia de ferro, gritando de dor. A maca estava podre, o colchão também, tudo fedendo. E não tinha nem remédio para dor”, denunciou Tuxauara. O hospital teria administrado apenas dipirona ao paciente, já que medicamentos mais potentes, como tramal e anticoagulantes, estariam em falta.

Sangramento após a queda da maca

A denúncia, feita apenas agora, quase um mês após o ocorrido, revela a profunda frustração da família diante do silêncio e da indiferença da direção do hospital. “Procurei a direção e não tinha ninguém. Só vieram trocar a maca e disseram que não podiam fazer nada”, contou Tuxauara.

Apesar da gravidade do caso, Wanderley foi liberado para casa após a colocação de platina na perna, sem o suporte adequado e sem esclarecimentos por parte da administração hospitalar.

O caso escancara a situação alarmante da saúde pública no estado e, em especial, o abandono de populações indígenas nos centros urbanos. A denúncia não é apenas um relato de negligência médica — é um grito de revolta diante da desumanização que ainda persiste nos corredores dos hospitais públicos.

“Cadê o governo? Cadê a Secretaria de Saúde? Os pacientes estão sendo jogados como lixo no Platão Araújo”, questiona Tuxauara.

NOTA

O Núcleo de Reportagem do Portal Alex Braga entrou em contato com a Secretaria de Saúde do Amazonas (SES-AM) para questionar sobre toda a situação que o paciente passou na unidade de saúde, mas até a publicação desta matéria não obtivemos respostas. O espaço seque aberto para esclarecimentos.

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