Raimunda Ineide Fernandes Amorim, de 57 anos, morreu após aguardar por quatro dias a transferência de Tefé para Manaus em uma UTI aérea, onde necessitava urgentemente de um cateterismo para tratar um quadro grave de trombose pulmonar. A família da vítima denuncia a demora no atendimento e a falta de urgência por parte do governo do estado do Amazonas, sob a gestão do governador Wilson Lima. O hospital da cidade, que está sob comando da Secretaria Estadual de Saúde (SES), não tem estrutura para salvar as vidas de pacientes com problemas como o de Raimunda.
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Raimunda, que já tinha histórico de problemas cardíacos, foi internada no hospital de Tefé após ser diagnosticada com trombose pulmonar, uma condição que agravou sua saúde devido à complicação cardíaca. Segundo seus familiares, ela precisava com urgência ser transferida para um hospital em Manaus, para realizar o cateterismo e obter acompanhamento especializado. No entanto, a transferência não foi autorizada imediatamente.

Durante os quatro dias de espera, a situação de Raimunda se agravou, e a família denuncia que o laudo médico necessário para a transferência foi liberado apenas quando o estado de saúde da paciente já estava em uma condição irreversível. Renildo, filho de Raimunda, desabafou em um vídeo divulgado nas redes sociais, relatando a angústia da família.
“Minha mãe estava no município de Tefé doente, fizemos a solicitação da UTI para Manaus. Esperaram minha mãe piorar para poder mandar. Quando mandaram, já foi tarde demais. Ela chegou a óbito”, afirmou, indignado.
Renildo, filho da vítima
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Uma parente da vítima, que preferiu não se identificar, comentou sobre o desfecho trágico.
“Se o governo tivesse liberado a UTI aérea de imediato, ela teria feito o cateterismo e poderia seguir tratando o pulmão. Mas deixaram ela esperando, e isso resultou na sua morte”, lamentou. A parente disse acreditar que ao chegar em Manaus, Raimunda já estava sem vida, apesar de os aparelhos ainda estarem ligados. “Eu acredito que ela estivesse viva só pelo aparelho. Talvez já estivesse até morta. Quando ela chegou aqui, tiraram todos os aparelhos e ela foi a óbito”, disse.
Família afirma que falta de atendimento adequado matou Raimunda
A falha no sistema de Saúde
O caso de Raimunda Amorim expõe, mais uma vez, a precariedade do sistema de saúde pública no estado do Amazonas. Em 2022, o governador Wilson Lima anunciou com pompa a entrega de 10 leitos de UTI no município de Tefé, como parte das melhorias para a região. No entanto, o que se observa é a escassez de leitos de terapia intensiva e a falta de profissionais qualificados para atender pacientes em situações emergenciais.
Além disso, o governo do estado divulgou em 2024 a ampliação do Hospital Regional de Tefé, com a promessa de 80 novos leitos, sendo 16 para a clínica ginecológica-obstétrica, 28 para a clínica médica, oito para a cirúrgica e 28 para a clínica pediátrica. Apesar dos R$ 3,3 milhões investidos em obras, equipamentos e mobiliário, a população local continua enfrentando dificuldades em receber atendimento adequado, principalmente em situações de urgência.
Nota
O Núcleo de Reportagem Investigativa do Portal Alex Braga entrou em contato com a Secretaria de Saúde (Ses-AM) para questionar a demora na liberação da UTI aérea, mas até a publicação desta matéria não obtivemos respostas. O espaço segue aberto para esclarecimento.

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