Sob a gestão do governador Wilson Lima (União Brasil), a cúpula da Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM) é suspeita de usar uma milícia digital para perseguir bolsonaristas em 2020, no auge dos protestos dos apoiadores do então presidente Jair Bolsonaro, que agiram contra medidas de isolamento durante a pandemia de Covid.
Chegou ao Portal Alex Braga uma denúncia que mostra conversas envolvendo a cúpula da SSP-AM reunida em um grupo de WhtatsApp planejando estratégias de intimidação contra lideranças da direita alinhadas ao que defendia o então presidente Jair Bolsonaro (PL), a quem o governador do Amazonas se colocou como aliado desde que assumiu o comando do Estado.
O Governado do Amazonas Wilson Lima se elegeu as custas de Bolsonaro e agora soltou essa: "Bolsonaro foi importante mas a direita agora precisa de menos radicalismo". A Joyce do Amazonas e seu voo de galinha! Mais um que não eprendeu nada. pic.twitter.com/ItNfeKx1VC
— M.A.N.Lobo (@marcosl67197897) June 17, 2024
LEIA MAIS: Segurança pública: veja como Wilson Lima fez de Manaus a capital mais violenta do Brasil
SSP NA COLA DOS BOLSONARISTAS
A equipe de jornalismo do Portal Alex Braga recebeu com exclusividade conversas lideradas pelo então chefe da Secretaria-Executiva-Adjunta de Inteligência (Seai), delegado Samir Freire e outros agentes da alta cúpula da SSP, incluindo investigadores e subordinados ao delegado, que criaram um grupo de WhatsApp chamado “Carreata”.


BOLSONARISTAS ERAM “CARNIÇA” PARA WILSON LIMA
A denúncia aponta uso de agentes, viaturas, guinchos para recolher veículos, multas e apreensão de veículos para intimidar os manifestantes.
Nas mensagens que o Portal Alex Braga teve acesso, Samir orienta como cercar e acabar com as manifestações dos “carniças”, como eles chamavam os bolsonaristas, no mesmo período em que o governador Wilson Lima declarava apoio público ao então presidente Jair Bolsonaro. A fonte que será mantida sob sigilo afirma que Wilson Lima não só sabia, como liderou os servidores da SSP quanto aos objetivos do grupo.
SSP DE TOCAIA
Nas mensagens os subordinados de Samir planejam esperar os bolsonaristas aglomerarem para montar o cerco.
Numa delas o investigador cita como seria a forma ideal de prender os líderes do movimento de direita em Manaus e acabar com os protestos contra o isolamento social determinado pelo governador Wilson Lima.

No mesmo grupo, os investigadores planejam acabar com os adesivaços e intimidar os manifestantes.

Incluindo a disponibilização do aparato da SSP, que é citada nos diálogos.

USO DO DETRAN
Outro print mostra as ordens de Bonates para que os veículos sejam apreendidos.

A ordem era “baixar a bola’ dos apoiadores de Jair Bolsonaro em Manaus


CONTRABANDO DE OURO
Samir Freire foi preso um ano depois dessas conversas. O Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), aceitou uma denúncia feita pelo Ministério Público (MP-AM) contra ele, enquanto era ex-secretário de Inteligência do Estado, Samir Freire e mais seis agentes foram alvo da Operação Garimpo Urbano.
Todavia, a juíza Suzi Irlanda Araújo Granja da Silva, da 2ª Vara Criminal de Manaus, aceitou a denúncia do MP-AM (Ministério Público do Amazonas).
“Desta forma, atendidas todas as formalidades legais estabelecidas no art. 41, bem como ausente as hipóteses elencadas no art. 395, ambos do Código de Processo Penal, recebo a denúncia apresentada pelo Ministério Público”, disse Silva.
Na acusação, contudo, figuram crimes de extorsão, fraudes processuais e organização criminosa por parte dos investigadores da Polícia Civil Samir Freire, Adriano José Frizzo, Jarday Bello Vieira e André Silva da Costa, assim como como os transportadores de ouro Daniel Piccolotto Carvalho e Wagner Flexa Saita, e o advogado Alacid Coêlho Silva.

A operação aponta desvio de cargas de ouro obtidas durante abordagem aos transportadores. Samir, que tinha informações privilegiadas obtidas sob uso do aparato de Segurança do Estado, acabou
O OUTRO LADO
Nossa equipe de jornalismo tentou contato com Samir e com o Governo do Amazonas, mas atéo fechamento desta matéria não obteve resposta.
Ficam os questionamentos:
A SSP tem alguma informação a respeito desses prints, ou há uma investigação a respeito dessas supostas conversas?
O Governo do AM permite ou incentiva o uso do aparato do Estado para coibir protestos contra decisões, ou decretos do Governo do Amazonas?
Quais foram os procedimentos adotados em relação ao delegado Samir Freire após ele tornar-se réu no TJAM?
Existe alguma política de controle e monitoramento das ações e do uso feito da tecnologia oferecida pelo Estado aos agentes públicos na SSP em serviço?
O espaço segue sempre aberto, cordialmente.
