Cidade com o pior índice de Educação do Brasil, Manaquiri está vivenciando uma situação inusitada. O ex-prefeito Jair Souto, que acaba de sair do comando do município, deixou para seu sucessor e aliado político Nelson Nilo, um contrato curioso com uma empreiteira que vai ganhar mais de R$ 3,2 milhões para “salvar a Educação” na cidade.
O projeto básico ao qual o Portal Alex Braga teve acesso, aponta que a Prefeitura escolheu um terreno no KM 4 da AM-354, que promete dar mais “autoestima aos servidores”.
Por mais de R$ 3 milhões, a JL Galvão Gonçalves deve erguer um projeto chamado de “Cidade da Educação”, que já recebeu aditivo de tempo, e segue atrasado, tanto quanto o índice de qualidade da Educação na cidade. No mesmo projeto, a obra era planejada para 210 dias de execução, mas como se vê no aditivo, esse prazo já se estende para 2026.
Acima, o contrato original, de janeiro de 2024. Abaixo, o aditivo de tempo, mostrando que Jair Souto “passou o bastão” para o sucessor e aliado, e que Manaquiri vai continuar esperando pelo “milagre” de uma educação melhor.
A empreiteira beneficiada com a verba milionária é a JL Galvão Gonçalves. No contrato, não constam detalhes básicos como a estrutura da construção, muito menos justificativa que atrele a obra à melhoria da Educação na cidade, que segue comandada pelo grupo político de Jair Souto.
Manaquiri, a pior do Brasil
Manaquiri passou pelo vexame de ser a pior cidade do Brasil no Ideb. Foi isso o que correu na cidade durante a gestão de Jair Souto. De tão ruim, a Educação da cidade foi parar na BBC, como exemplo de péssimo resultado.
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O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) foi criado em 2007 e reúne, em um só indicador, os resultados de dois conceitos igualmente importantes para a qualidade da educação: o fluxo escolar e as médias de desempenho nas avaliações. O Ideb é calculado a partir dos dados sobre aprovação escolar, obtidos no Censo Escolar, e das médias de desempenho no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb).
Manaquiri ganhou o triste título de a cidade brasileira com a menor nota em 2023.
Recebeu nota 2,5, numa escala que vai até 10.
A marca negativa foi parar na BBC, que mostrou a escola municipal na Vila do Janauacá vazia, sem alunos, apenas com a professora. Após a pandemia, veio a seca e os alunos emendaram dias e dias letivos sem aula, ou apenas com um precário ensino remoto.
Em Manaquiri dos milhões gastos na “Cidade da Educação”, tem professor na sala de aula que estudou apenas até a quarta série.
Para o então prefeito que assinou os mais de R$ 3 milhões para a empreiteira, o problema não é a gestão, e sim o Brasil. “O Brasil precisa entender a complexidade da região Norte e fazer políticas específicas para a região. Nós não somos iguais”, disse para a BBC, sem citar a obra faraônica em meio ao caos na Educação, direito fundamental garantido pela Constituição brasileira.
SEM RESPOSTA
Nossa equipe de reportagem fez vários questionamento para a Prefeitura, mas até a publicação da matéria não obteve nenhuma resposta.
Seguem os questionamentos. O espaço segue aberto.
