O governador Wilson Lima (UNIÃO) é alvo de mais uma polêmica contraditória em sua gestão à frente do executivo estadual. Desta vez, Lima contrariou sua própria lei de limite de gastos, sancionada recentemente. Isso porque, mesmo com o valor recebido pelo Estado por meio da Lei Orçamentária Anual (2024), e a receita do ano de 2024, o governador tomou R$ 6,5 bilhões por empréstimo, aprovado pelos deputados da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam).
Em 2024, o governo teve uma receita de R$ 35,3 bilhões, além de R$ 14,1 bilhões em arrecadação de ICMS, totalizando R$ 48,1 bilhões, ou seja, o suficiente para cobrir as despesas de R$ 31,6 bilhões. No entanto, ao consultar o portal da transparência do Estado, nossa equipe constatou que apenas R$ 30,8 bilhões foram pagos, do total de despesas.
Mesmo com o superávit financeiro, Wilson Lima solicitou, ainda, dois empréstimos.
Um deles, no valor de R$ 3 bilhões, deve ser realizado junto ao Banco do Brasil com o objetivo de investimento em programas de educação, saúde, segurança pública e infraestrutura, segundo o governador.
O segundo empréstimo deve ser acordado entre o executivo estadual e o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) sob o valor de R$ 3,5 bilhões com o objetivo de aplicação integral no pagamento de dívidas internas que apresentam custos (juros e encargos) mais elevados.
Ambos foram aprovados pelos deputados da Aleam na última sessão do ano de 2024, presidida pelo deputado e afilhado político de Wilson Lima, Roberto Cidade (UNIÃO).
Sendo assim, na transição de gestão entre os anos de 2024 e 2025, Lima garantiu mais R$ 6,5 bilhões, além dos R$ 31,4 bilhões aprovados para o orçamento de 2025.
Relembre alguns gastos de Wilson Lima, em 2024
ROBERTO CIDADE
O ano de 2024 ficou marcado na gestão do governador Wilson Lima por conta de contratos suspeitos firmados com pessoas próximas com contato direto com o chefe do executivo estadual.
Entre os vários acordos supostamente ilícitos estão os mais de R$ 328 milhões direcionados às empresas da família de Roberto Cidade.
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De todo o dinheiro recebido pela família de Cidade, R$ 30 milhões foram pagos para que uma das empresas realizasse transporte escolar em municípios do interior do Estado. Mas o que chama atenção nesse contrato é que o serviço foi contratado para ser realizado durante o pico da pandemia de Covid-19, quando havia decreto de quarentena para todo o Amazonas, incluindo a rede estadual de educação.
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A família do deputado ainda abocanhou mais de R$ 14,8 milhões para fornecer viaturas para a segurança pública do Estado. Ocorre que as forças de segurança sofrem com a falta de viaturas e as que estão disponíveis estão sucateadas.
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Além de garantir o ‘ganha pão’ do pai e dos irmãos de Roberto Cidade, Wilson Lima também deu uma ‘mãozinha’ para parentes do deputado: Adriana Cidade, prima de Roberto; e Vanderlei Alvino, o Vandex, esposo de Adriana, foram agraciados com contratos que, somados ao generoso salário de Vandex, garantiram cerca de R$ 1 milhão ao casal.
TOCO SANTANA E SUA ESPOSA
O prefeito de Borba, Toco Santana (Republicanos), e sua esposa, Keila Carbajal, receberam R$ 66,5 milhões em contratos, antes de Toco ser eleito, incluindo acordo firmados no ano eleitoral.
Toco é da base aliada de Wilson Lima e foi apoiado pelo governador no pleito municipal de 2024.
TERCEIRIZAÇÃO DO 28 DE AGOSTO
Em 2024, Wilson Lima marcou negativamente a saúde do Estado do Amazonas quando terceirizou a gestão do Complexo Hospitalar da Zona Sul (CHZS), que abrange o Hospital 28 de Agosto e o Instituto da Mulher Dona Lindu, por R$ 2 bilhões retirados dos cofres públicos do Estado.
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Esse movimento tem repercutido negativamente dia após dia. Da contratação da AGIR Saúde para cá já foram diversas polêmicas, entre elas: demissão em massa de médicos ortopedistas; recontratação de setores como clínica médica, clínica geral, Ortopedia, oftalmologia e U.T.I; remanejamento em massa de leitos e pacientes para outras unidades; descaso no atendimento; entre outros.
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Nota
Diante de todos os altos gastos na gestão de Wilson Lima e a contradição de valores arrecadados e de despesas, nossa equipe solicitou respostas do Governo do Amazonas, mas até o fechamento da matéria não fomos respondidos.
