A eleição do vereador David Reis (Avante) esta semana para presidente da Câmara Municipal de Manaus (CMM), resgata para a cadeira do comando da Casa Legislativa um passado recente de gastos desnecessários, denúncias de superfaturamento e comando alheio ao zelo com a verba pública, marcas que ficaram da primeira passagem do parlamentar no topo das decisões do Legislativo e foram alvo dos órgãos de controle.
David Reis comandou a CMM no biênio 2021-2022, e saiu do comando criticado por querer construir um anexo milionário apelidado de “puxadinho”, mandar compar câmeras fotográficas para os vereadores, forçar o aluguel de picapes para dar ainda mais conforto aos colegas e até comprar açúcar e café suspeitos de superfaturamento.
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Eleito com 35 votos, do total de de 41, apesar de todas as polêmicas recentes, a volta dele ao comando reforça a tese de que a maioria dos parlamentares também ignora o apelo popular por transparência e cuidado com os gastos públicos.
KIT SELFIE NO JORNAL NACIONAL
Entre as polêmicas marcantes de sua gestão está o famoso “Kit Selfie”, que custou mais de R$ 640 mil, no período em que a folha de pagamento era de R$ 16,9 milhões e Manaus enfrentava as consequências da pandemia.
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A compra de mais de meio milhão abrangeu um kit com câmera fotográfica, que também gravava vídeos, dois microfones, lentes e mochila.
No total, foram 42 câmeras fotográficas por R$ 13,6 mil cada, totalizando R$ 571,2 mil; além de 42 microfones direcionais, por R$ 25 mil; 43 microfones tipo lapela, por R$ 16 mil; e 42 mochilas para carregar o kit, por R$ 24 mil.
O escândalo foi parar no Jornal Nacional.
A ata do polêmico KIT SELFIE:
PUXADINHO
Talvez nenhuma polêmica tenha sido mais midiática do que o “puxadinho” de R$ 30 milhões que David lançou. Seria um anexo para dar mais conforto aos 41 vereadores. A sociedade caiu em cima e a obra não foi à frente.
Na Tribunal David Reis defendeu a obra com unhas e dentes, mas teve de ceder à pressão popular.
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A obra foi aprovada por David Reis com a justificativa de que os vereadores do parlamento municipal precisam de condições dignas.
O valor foi 10 vezes maior que o orçado na construção do Anexo I, em 2018, que custou cerca de R$ 4,4 milhões, foi considerado o maior escândalo da primeira passagem de David Reis no comando da CMM.
PICAPES
David Reis também se viu em problemas quando resolveu dar uma picape para cada vereador. O processo licitatório do aluguel de 41 veículos foi suspenso por “razões de interesse público”, após grande pressão popular.
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Os veículos seriam movidos a etanol, gás natural ou biodiesel, com tecnologia flex, quatro portas, ar-condicionado, sonorização, direção hidráulica, capacidade para cinco passageiros e autorização para rodar cinco mil quilômetros por mês.
A pressão popular e de órgãos de controle não fez o gasto prosperar:
AÇÚCAR E CAFÉ SUPERFATURADOS
David Reis também foi alvo do Ministério Público do Amazonas (MPAM), que decidiu acatar denúncia feita pelo Comitê Amazonas de Combate à Corrupção e investigar a suposta compra com sobrepreço de café e açúcar.
De acordo com a publicação assinada pelo presidente da CMM, vereador David Reis (Avante), em junho de 2021 o valor de 140 fardos de açúcar da marca Itamarati, com 30 quilos cada (4.200 pacotes), sairia a R$ 5,83 cada quilo.
Além do açúcar, também foram incluídos 380 fardos de café, com 20 unidades de 250 gramas cada (7.600 pacotes), o que custaria R$ 7,75 a unidade.
Despacho da homologação da compra:
O OUTRO LADO
Questionado sobre tantas polêmicas, David Reis disse após a eleição que volta mais experiente, que “nenhum vereador é dono da CMM”, sem comentar se voltará a colocar em pauta os gastos da primeira gestão, quando acabou alvo da população, do TCE, do MP. do Comitê de Combate à Corrupção e criticado nas redes sociais, ao que ele resumiu como “palanque” usado pelos adversários para desmoralizá-lo.