O Núcleo de Investigação do Portal Alex Braga traz à tona mais um caso suspeito envolvendo Alberto Neto (PL), que é deputado federal e candidato a prefeito de Manaus. Segundo levantamentos feito pelo PAB no site oficial do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o candidato recebeu pelo menos R$ 653,3 mil de doadores suspeitos, incluindo políticos e partidos comunistas, o governador Wilson Lima (UNIÃO), amigos pessoais envolvidos em licitações milionárias e caso de extorsão, e grandes empresários do Estado do Amazonas. Acompanhe abaixo.
Em 2018 Alberto Neto era de direita ou de esquerda?
É sabido que Alberto Neto já havia se alinhado ao Partido Popular Socialista (PPS), sigla comunista já extinta, perto das eleições de 2018. No entanto, aproveitando o hype* da onda bolsonarista, Alberto se declarou de direita e apoiador do conservadorismo com o objetivo de se autopromover politicamente naquele cenário.
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Contudo, a raiz esquerdista que há em Alberto Neto se aflorou por meio do senador Omar Aziz (PSD), conhecido por ser porta-voz e aliado do governo Lula, em Brasília, que doou R$ 18,5 mil para a campanha de Neto em 2018.
Os valores foram referentes a fretamentos aéreos e produção de programas eleitorais, conforme imagem abaixo.
Essa ligação entre padrinho e afilhado veio à luz novamente no pleito deste ano, quando Omar e Alberto apoiaram Mateus Assayag (PSD) – prefeito eleito –, como seu candidato em Parintins. Mateus também foi apoiado presidente Lula, maior referência e principal figura da esquerda brasileira da atualidade.
2020: esquerda, empresário e parceiros de extorsão
No pleito municipal de 2020, Alberto Neto se candidatou pela primeira vez à prefeitura de Manaus pelo partido Republicanos. Mesmo tentando reafirmar cada vez mais a sua face conservadora, Alberto continuou mantendo alianças e relações próximas com a esquerda. Isso porque, naquele ano, ele recebeu uma doação de R$ 300 mil do Partido da Mobilização Nacional (PMN), sigla de esquerda que atualmente é o Mobiliza, ao qual pertencia Orsine Rufino de Oliveira Junior, candidato a vice na chapa de Alberto, na época.
Pela segunda eleição seguida Alberto Neto recebeu doação de origem comunista. Mas se alianças com a esquerda são inegociáveis, por que o candidato “bolsonarista” se aliou a eles?
Além de vice na chapa de Alberto Neto, nas eleições de 2020, Orsine Junior, empresário e filho de Orsine Rufino de Oliveira, proprietário da concessionária Amazonas Energia, doou ao todo R$ 84 mil para Alberto em transferências eletrônicas com o valor total dividido em vários depósitos com quantias diferentes.
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No entanto, as suspeitas não param por aí. Ainda em 2020, Alberto Neto também recebeu doações de dois amigos próximos, que também são policiais militares. Ocorre que esses amigos são os mesmos que participaram junto com Alberto no caso de extorsão, onde o Ministério Público aponta que os militares ficaram com R$ 5 mil de um motorista de aplicativo, em 2017.
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São eles o soldado Janderson Guimarães Ordones e o sargento Raphael Neves Pereira, que doaram R$ 9.050,00, cada, para a campanha de Alberto Neto em 2020.
O que chama a atenção na doação dos policiais é o valor igual que ambos destinaram a Alberto, além da descrição da verba. Os dois enviaram R$ 1,5 mil de forma voluntária e outros R$ 7,5 mil por transferência eletrônica. Mas por quê?
Além do caso de extorsão, Janderson e Raphael também estão envolvidos em outras duas polêmicas relacionadas a Alberto Neto. Em uma delas, as esposas dos policiais estão lotadas no gabinete de Alberto, em Brasília. Na outra, os militares são donos de uma empresa que venceu uma licitação milionária no interior do Estado.
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O ano de 2020 foi mais um em que as doações que Alberto Neto recebeu levantam suspeitas. Por que um candidato de direita recebeu verba de um partido de esquerda? Além disso, o que justifica a doação estritamente idêntica dos dois amigos policiais envolvidos no caso de extorsão?
2022: o ano do apoio do governador
Tentando a reeleição como deputado federal, em 2022, Alberto recebeu uma (ou duas, mas talvez três) mãozinha amiga do governador Wilson Lima (UNIÃO), que também tentava a reeleição, na época. Isso porque, no pleito daquele ano, o chefe do executivo do Amazonas destinou R$ 6 mil para colaborar na campanha de Alberto Neto.
O dinheiro custeou uma viagem para dois municípios do interior do Estado, além da produção de santinhos de Wilson Lima e do Capitão Alberto Neto, que eram aliados e apoiadores mútuos naquela eleição.
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Mas não para por aí! No mesmo ano, o partido União Brasil, a qual pertence Wilson Lima, destinou recursos a Alberto tanto na esfera municipal, quanto na estadual, sendo a doação municipal de R$ 880 e a estadual de R$ 24,8 mil.
Nesta eleição Alberto continua tendo o suposto apoio de Wilson Lima, porém de forma velada. Isso porque deputados e outros políticos da base do governador declararam publicamente que estão apoiando a candidatura de Neto no segundo turno.
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Mas afinal, qual o motivo de o apoio do governador ser velado? Por que ambos não assumem o que está ocorrendo nos bastidores?
2024: ano de mudança (de doadores)?
Nas eleições deste ano, Alberto Neto recebeu duas doações tão generosas, quanto suspeitas. Duas pessoas doaram R$ 100 mil para a campanha de Alberto, cada, no pleito municipal. Um deles é um advogado que já destinou valores altos para a campanha de outros políticos; o outro é nada mais, nada menos que um procurador de 2ª classe do Estado do Amazonas, lotado na Procuradoria-Geral do Estado do Amazonas (PGE-AM) com salário de R$ 97,9 mil por mês.
Estes doadores serão revelados pelo PAB na próxima reportagem investigativa que irá revelar as possíveis ligações dos doadores e as supostas contradições entre eles e as pautas defendidas por Alberto Neto.
Confira a lista completa de doadores e os valores doados abaixo.
