Segunda-feira, 8 Julho

O núcleo investigativo do Portal do Alex Braga falou com exclusividade com um membro da família do prefeito de Itamarati, João Campelo (MDB), que fez fortes denúncias detalhadas sobre um possível esquema de desvio de verba pública federal, supostamente chefiado por Campelo, que teria destinado os recursos para a pré-campanha de sua esposa, Professora Áurea, que é pré-candidata à prefeitura de Eirunepé.

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Fome de poder não se mata com “lanchinho”

O denunciante disse, ainda, que a pré-candidatura de Áurea no município de Eirunepé, é uma forma de Campelo ‘expandir poder’ na microrregião do Juruá, tornando-se assim o comandante de pelo menos duas prefeituras da região, caso sua esposa seja eleita, o que a tornaria uma possível “testa de ferro” do marido.

A fonte ainda afirma, que o plano político de João Campelo é se reeleger esse ano, em Itamarati, e, caso a professora Áurea seja eleita em Eirunepé, João ganhe força nos dois municípios para se candidatar a Deputado Estadual nas próximas eleições gerais, em 2026.

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A denúncia dá conta de que o possível esquema de desvio de verba federal tenha se iniciado no ano passado, após o prefeito de Itamarati fechar um suposto acordo que nomeava sua esposa como pré-candidata à prefeitura de Eirunepé.

Origem dos recursos federais

A verba pública que custearia esse suposto plano, viria de emendas parlamentares enviadas ao município para a continuação da pavimentação da estrada Itamarati-Quiriru, orçada em mais de R$ 6 milhões.

Além das obras na referida estrada, as emendas deveriam sanar as dificuldades que a cidade enfrenta com saneamento básico, falta de infraestrutura e de moradia.

O convênio destinado à cidade de Campelo foi realizado por meio da Caixa Econômica Federal. Em uma publicação nas redes sociaos do prefeito, é possível ver na legenda que o objetivo central da verba é “fortalecer o setor agrícola, beneficiando produtores e fazendeiros locais”.

Foto: Reprodução/Redes Sociais

No mesmo convênio, foram destinados, ainda, mais de R$ 5 milhões para o recapeamento de outras diversas ruas urbanas do município.

Porém, não é o que vemos nos vídeos feitos por moradores de cinco regiões extremas e carentes da cidade, que afirmam que foram “esquecidos” pelo prefeito.

Moradora local afirmando ter sido humilhada pelo prefeito João Campelo

O Núcleo de Investigação do Portal do Alex Braga falou com ex-políticos, que já tiveram cargos no interior do estado, e afirmaram que essa denúncia do suposto movimento com verba federal, orquestrada por João Campelo, faz sentido.

Eles afirmam que essa ação é comumente feita por políticos desonestos que visam seu bem próprio e que cabe aos órgãos fiscalizadores atentarem às prestações de contas dos prefeitos para observar essas manobras com o recurso público.

Outra ação duvidosa de Campelo é a participação de sua esposa em seus mandatos como prefeito de Itamarati. Em seu movimento político, ele inseriu sua esposa como secretária nos seus dois primeiros mandatos e, posteriormente como representante do município de Itamarati, em Manaus, entre 2021 e 2024, já no terceiro mandato.

‘Minha casa não é sua casa’

Nossa fonte chama atenção, em sua denúncia, sobre a situação do domicílio da primeira-dama Professora Áurea. Ela é pré-candidata ao cargo de prefeita no município de Eirunepé, mas o parente do prefeito garante que ela nunca morou na cidade onde deve concorrer às eleições municipais.

O denunciante afirma que Áurea é natural do município de Eirunepé, mas que teria saído da cidade no anos 90, e que a única atividade que ela teria executado após isso, no município, teria sido a de professora nos anos 2000.

De acordo com a justiça eleitoral, para o candidato estar apto para concorrer às eleições, o mesmo deve residir no local há pelo menos 6 meses antes do registro da candidatura, o que não é o caso da Professora Áurea que, segundo o denunciante, não mora há décadas, em Eirunepé.

A denúncia corre sobre um contrato de locação de imóvel firmado por Áurea e o proprietário da casa, localizada em Eirunepé, em 2023, onde ela paga mensalmente pouco mais de R$ 1 mil pelo local, o que teoricamente lhe garantiria seu domicílio eleitoral.

No entanto, o membro da família de João Campelo explica que o aluguel e o domicílio de Áurea em Eirunepé é de fachada, e que se alguém questionar qualquer morador da rua onde o imóvel está localizado, certamente irão confirmar que ela nunca morou no local. Segundo o denunciante, o domicílio só existe no papel e quem mora na residência é outra pessoa.

“Quem quer dinheiroo?”

O denunciante afirmou que a Professora Áurea tem feito movimentações políticas desde o fim do ano passado, conforme mostra a matéria feita pelo núcleo de investigação. Na matéria, é possível ver ainda que houve doações de eletrônicos, eletrodomésticos, móveis e cestas básicas.

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Caso seja comprovado que Áurea praticou tais atos de doações em período de pré-campanha, principalmente com uso de verba federal, isso pode caracterizar crime eleitoral.

Qual o motivo desse movimento tendo em vista que ela não mora no local?“, a fonte questiona.

Ele ainda chama atenção para o site do Portal da Transparência do Município de Itamarati, que está inoperante, mas deveria estar ativo com todas as informações públicas sobre o destino das verbas públicas.

O prefeito de Itamarati possivelmente quer expandir e perpetuar seu poder. Ele está desde 2008 como chefe do executivo municipal, sendo reeleito em 2012. Agora ele briga pela sua segunda reeleição e possível 4º mandato; desta vez, ampliando sua estratégia política com a esposa.

Viva o ‘Rei e a Rainha de Itamarati’

João Campelo e professora Áurea passam uma imagem humilde para os eleitores, mas nos bastidores, eles ostentam uma vida de luxo e gastos exorbitantes que não aparecem nas prestações de contas.

Recentemente, uma lancha do prefeito, avaliada em mais de R$ 5 milhões pegou fogo e explodiu na orla da cidade, o que levanta mais suspeitas sobre o patrimônio acumulado pelo prefeito e sua esposa ao longo dos últimos anos. Mas qual o tamanho desse patrimônio?

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O Núcleo investigativo do Portal Alex Braga entrou em contato com o prefeito do município e fez os seguintes questionamentos:

  1. O que o senhor atribui qual o motivo e o porquê, um membro de sua família procuraria a imprensa para protocolar essas denúncias?
  2. Entre as denúncias, durante a entrevista, o seu familiar levanta suspeitas que verbas federais, de pelo menos R$ 11 milhões para reparos nas estradas e ruas do município, que foram enviadas ano passado, tenham sido usadas na pré-campanha de sua esposa, Professora Áurea. Isso é verdade?
  3. Outra denúncia sugere investigação sobre o senhor investir na pré-candidatura de sua esposa visando expandir seu poder político na região, caso ela seja eleita, e que esse movimento também visa uma possível candidatura a deputado estadual nas eleições de 2026. O que o senhor tem a falar sobre isso?

Em resposta ao nosso núcleo de investigação, o prefeito João Campelo afirmou que é “ficha limpa” e tem cuidado com o dinheiro publico.

Eu tenho 32 anos de vida pública e minhas contas nunca foram reprovadas. Na minha gestão, funciona tudo no meu município. Nós recebemos diamante por transparência. Nem o estado foi premiado como nós fomos.

prefeito João Campelo

O núcleo investigativo também solicitou do Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM) o relatório de prestações de contas da Prefeitura de Itamarati dos anos de 2021, 2022, 2023 e 2024.

Acompanhe outras informações e desdobramentos desta denúncia a qualquer momento.

Envia sua denúncia ou sugestão para a nossa linha direta por meio do número (92) 98144-6017.

Jornalista político-investigativo com meia década de carreira.