Enquanto a Associação de Gestão, Inovação e Resultados em Saúde (AGIR) recebeu quase R$38 milhões do governo do Amazonas, na gestão do governador do Amazonas Wilson Lima (UB), médicos que prestam serviços no Hospital 28 de Agosto relatam atrasos de meses nos salários e condições precárias de trabalho após a saída da empresa Semprevida Medicina Intensiva Ltda., que prestava serviços de UTI no Complexo Hospitalar Zona Sul. As denúncias foram registradas junto ao portal Alex Braga por profissionais que pedem anonimato por medo de retaliação.
“Houve nova licitação e outra empresa, a empresa Instituto de Terapia Intensiva do Estado do Amazonas LTDA (Coopati), assumiu as UTIs, enquanto a Semprevida foi dispensada com débitos de outubro, novembro e metade de dezembro sem pagamento. A direção não dá nenhuma posição e nós, médicos, sofremos represálias quando expomos essas falhas.”, disse uma médica.

“O salário dos médicos do Hospital 28 de Agosto referente a outubro ainda não foi pago. A nova empresa já assumiu em 13 de dezembro, mas não há previsão de quitação dos meses atrasados. Em teoria, novembro e dezembro ainda estão dentro do prazo de pagamento, mas se a Coopati começar a receber antes de quitar a Semprevida, os médicos ficam sem receber e sem respostas da direção.”, denunciou outra médica.

De acordo com informações oficiais, a AGIR já recebeu R$37.655.155,71 em repasses do governo do Amazonas, por meio do Terceiro Termo Aditivo ao Contrato de Gestão nº 002/2024. Apesar do valor milionário, os profissionais denunciam que os recursos não chegam a quem efetivamente presta os serviços, evidenciando falhas na execução do contrato e na gestão da saúde pública.
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O contrato original entre o governo e a AGIR prevê R$2,04 bilhões em cinco anos (VEJA O CONTRATO ORIGINAL NO FINAL DA MATÉRIA) para gerenciar o Complexo Hospitalar Zona Sul, incluindo o Hospital 28 de Agosto e o Instituto da Mulher Dona Lindu. A AGIR, por sua vez, contratou a Semprevida e depois a Coopati para prestação de serviços de UTI, mas o repasse aos profissionais tem sido irregular.
“A AGIR recebe do governo, mas não paga quem trabalha nas UTIs. A Semprevida diz que não recebe da AGIR para poder nos pagar. É um absurdo, e isso gera desmotivação, insegurança e risco para os pacientes”, afirma uma das médicas.
As denúncias apontam precarização das condições de trabalho e falta de transparência: escalas médicas completas que atendiam às UTIs do complexo hospitalar funcionam com atrasos, salários não pagos e ausência de comunicação clara da direção. Médicos relatam ainda perseguição velada e dificuldade de encontrar novos contratos no estado após expor a situação.
Enquanto isso, o governo de Wilson Lima segue defendendo o modelo de terceirização com discurso de eficiência e modernização, mas os problemas continuam, mesmo com milhões sendo transferidos para uma organização privada.
“O repasse do governo aparece no portal da transparência, mas não chega para nós. Não pagam porque não querem, ou para ‘dar o troco’ nos médicos que trabalharam duro naquela UTI”, denuncia outra profissional.

NOTA
O Núcleo de Reportagem Investigativa do Portal Alex Braga entrou em contato com a Secretaria de Saúde do Amazonas (SES-AM) para falar sobre o caso, mas até a publicação desta matéria não obtivemos respostas. O espaço segue aberto para esclarecimentos.

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