Quarta-feira, 24 Dezembro

Ao mesmo tempo em que o prefeito de Iranduba, Augusto Ferraz (União Brasil), aparece no topo da lista dos prefeitos mais ricos do Amazonas, com um patrimônio declarado de R$ 8.373.883,65 em 2024, o município que administra enfrenta um verdadeiro colapso em serviços básicos de infraestrutura e saneamento. Buracos em ruas, vicinais abandonadas e um lixão a céu aberto são problemas recorrentes que assolam a população, mostrando um contraste gritante entre a fortuna pessoal do gestor e o estado de abandono da cidade.

A riqueza de Ferraz é notável e crescente ao longo dos anos. Em 2012, ele declarou R$ 183 mil em bens; em 2014, R$ 1,46 milhão; em 2018, R$ 7,2 milhões; e em 2024, mais de R$ 8,3 milhões. Seu patrimônio inclui imóveis urbanos e rurais, apartamentos e casas em bairros valorizados, prédios comerciais, terrenos, participação majoritária em empresas e aplicações financeiras milionárias. Entre os bens mais expressivos estão:

  • Apartamento no empreendimento Concept, com um valor estimado em R$ 1.227.807,17;
  • Planos VGBL no Bradesco Vida e Previdência e Banco do Brasil, somando R$ 3.542.826,17;
  • Caminhonete Hilux CD DSL 2021, avaliada em R$ 246.060,00;
  • Dinheiro em espécie, R$ 550.000,00;
  • Diversos prédios comerciais e residenciais, somando centenas de milhares de reais cada, e participação em empresas de até 100% do capital social, totalizando R$ 349.000,00.

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Apesar desse patrimônio pessoal robusto, a cidade que governa enfrenta problemas históricos de infraestrutura. Iranduba sofre com ruas esburacadas, vicinais abandonadas e um serviço de pavimentação que, mesmo com investimentos milionários, não apresenta resultados satisfatórios.

Município tem ruas intransitáveis

Em setembro de 2025, o Portal Alex Braga revelou que Ferraz destinou R$ 7,9 milhões à locação de máquinas pesadas para recuperação de vias, mas os moradores continuam enfrentando ruas praticamente intransitáveis. A falta de detalhamento dos contratos e a desatualização do Portal da Transparência da prefeitura levantam suspeitas sobre a gestão desses recursos.

Prefeito rico e cidade pobre: lixão a céu aberto

O prefeito também tem se destacado por decisões polêmicas em relação ao meio ambiente. Iranduba mantém um lixão a céu aberto que expõe a população a risco de doenças, poluição e degradação do solo. Um projeto de aterro sanitário moderno, totalmente legalizado e licenciado, desenvolvido pela empresa Norte Ambiental, foi rejeitado por Ferraz, sob alegações de supostos impactos sociais. Líderes comunitários, como Benedito Leite, apontam que a negativa teria motivação política, beneficiando interesses familiares ligados à esposa do prefeito, atual secretária de Saúde. O lixão no quilômetro 6 do Ramal Dona Creuza, por exemplo, chegou a pegar fogo por 22 dias, exalando fumaça tóxica para os moradores, e trabalhadores da área atuam em condições precárias há mais de uma década.

Pavimentação mesmo com muita chuva

Mais recentemente, em dezembro de 2025, a prefeitura lançou uma licitação de R$ 9,6 milhões para pavimentação de ruas durante o período de chuvas, quando o solo encharcado compromete a durabilidade das obras.

Além do contraste gritante entre a fortuna pessoal do prefeito e a precariedade dos serviços públicos, Iranduba também apresenta indicadores sociais que revelam o baixo desenvolvimento humano do município. Segundo dados do CIAMA (Centro de Informações, Estudos e Análises Municipais do Amazonas), o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de Iranduba é de 0,613, valor considerado médio e inferior ao das cidades mais desenvolvidas do estado e do país. O índice reflete desafios persistentes em áreas como renda, educação e longevidade, demonstrando que, apesar da proximidade com a capital Manaus e do crescimento populacional, a qualidade de vida dos irandubenses ainda é comprometida, especialmente quando combinada com ruas esburacadas, falta de saneamento adequado e a manutenção de um lixão a céu aberto.

NOTA

O Núcleo de Reportagem Investigativa do Portal Alex Braga entrou em contato a prefeitura de Iranduba para falar sobre o caso, mas até a publicação desta matéria não obtivemos respostas. O espaço segue aberto para esclarecimentos.

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