A deputada Joana Darc (UNIÃO) acaba de ser indicada para comandar a Secretaria de Estado da Proteção Animal (SEPET), em um movimento político que reacende os questionamentos sobre os rumos da pasta criada no início de 2025, e os contratos milionários que vêm sendo assinados mesmo com orçamento limitado.
A nomeação ocorre em meio à revelação de um termo de colaboração de R$ 43,2 milhões firmado sem transparência com uma Organização da Sociedade Civil (OSC) não identificada, valor quase duas vezes maior que o orçamento anual da secretaria, que era chefiada até então por Leda Maia, amiga pessoal e aliada de longa data de Joana Darc.
A troca no comando não é apenas simbólica. A gestão de Leda Maia, apadrinhada politicamente por Joana Darc, já vinha sendo alvo de críticas pela destinação de recursos públicos sem critérios claros e pela ausência de resultados efetivos no cuidado com os animais no estado. Agora, com a própria Joana à frente da pasta, os questionamentos aumentam: será que a máquina pública está sendo usada em benefício pessoal e eleitoral?
Contrato milionário levanta suspeitas
Criada há menos de um ano na gestão Wilson Lima (UNIÃO), a SEPET recebeu uma dotação orçamentária de R$ 23,6 milhões em 2025. Desse valor, pouco mais de R$ 15 milhões foram autorizados e cerca de R$ 7,7 milhões empenhados até agora. No entanto, o que causa maior estranheza é a assinatura de um contrato de R$ 43,2 milhões com uma Organização da Sociedade Civil (OSC) sem nome divulgado.
O extrato do contrato (nº 012/2025 – GABSEC/SEPET), publicado no Diário Oficial em 15 de setembro, prevê 24 meses de vigência para a instalação de um suposto “complexo clínico-cirúrgico” veterinário no estado. O problema é que nenhum critério técnico, detalhes da estrutura ou equipe foram apresentados. Mesmo assim, R$ 5,4 milhões já foram empenhados em menos de 24 horas após a assinatura.
A origem da OSC, os critérios para sua escolha e o processo de seleção permanecem em sigilo. A ausência de transparência, aliada à velocidade no desembolso, levanta dúvidas: qual a real finalidade desse contrato? Quem ganha com ele?
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Leda Maia e a gestão milionária sem resultados
Antes de deixar o cargo para dar lugar a Joana Darc, Leda Maia já havia firmado contratos que somam mais de R$ 7,4 milhões, incluindo R$ 7,6 milhões para manutenção predial, valor considerado desproporcional para uma secretaria com missão específica de proteção animal.
A proximidade entre Leda e Joana, agora escancarada com a transição oficial de comando, fortalece a tese de que a secretaria está sendo instrumentalizada politicamente, inclusive para pavimentar alianças no Legislativo e preparar o terreno para o ano eleitoral.
Hospital veterinário entregue às pressas e com obra milionária
A nomeação de Joana Darc ocorre na mesma semana da entrega, que foi neste sábado (4/10), do tão prometido Hospital Público Veterinário do Amazonas, obra que custou mais de R$ 5 milhões e demorou anos para ser concluída. A inauguração às vésperas de um ano eleitoral é vista como estratégia para alavancar a imagem da deputada, agora secretária, como principal figura da causa animal no estado.
O hospital, que foi promessa de campanha e enfrentou uma série de atrasos, também carrega o estigma de ter sido utilizado como vitrine política por Joana Darc, mesmo antes de ser concluído.
Política, amizade e interesses
A nomeação de Joana Darc para a SEPET não é um movimento isolado. Faz parte de uma articulação maior do governador Wilson Lima para reposicionar aliados estratégicos no Executivo e abrir espaço no Legislativo, com vistas à reeleição e à consolidação de sua base. A “dança das cadeiras” já começou, e, com ela, a suspeita de que a proteção animal pode estar servindo de fachada para outros interesses.
NOTA
O Núcleo de reportagem investigativa do Portal Alex Braga entrou em contato com a SEPT para falar sobre os gastos com os contratos, mas até a publicação desta matéria não obtivemos respostas. O espaço segue aberto para esclarecimentos.
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