Segunda-feira, 15 Dezembro

O governador Wilson Lima (UB) comprometeu o Amazonas com R$ 17,631 bilhões em empréstimos ao longo de seu governo, somando valores contratados em reais e em dólares, convertidos para a moeda nacional. Um levantamento exclusivo feito pela reportagem do Portal Alex Braga mostra que o governador vai deixar uma dívida gigantesca para o sucessor.

Só no segundo mandato, ele já enviou 12 pedidos de financiamento à Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM). O mais recente, de US$ 60 milhões, cerca de R$ 327 milhões na cotação atual do dólar, será contratado junto ao Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD).

A proposta chegou à ALE-AM na terça-feira (9), identificada como Projeto de Lei Ordinária nº 1054 de 2025, e foi pedida em regime de urgência, sendo esperada para votação ainda antes do recesso dos deputados. A propositura não detalha como o governo pretende aplicar o valor, apenas informa que a contratação será no âmbito do programa Progestão, para “aprimorar a gestão pública estadual, com foco na racionalização das despesas, no fortalecimento da sustentabilidade fiscal e na modernização dos instrumentos de gestão orçamentária, financeira, patrimonial e de recursos humanos”.

“O objetivo é assegurar maior eficiência na aplicação dos recursos públicos e criar espaço fiscal para novos investimentos em áreas prioritárias, como saúde, educação e assistência social”, diz trecho da justificativa do projeto enviado pelo governador aos deputados estaduais.

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Histórico empréstimos e justificativas

Desde 2023, Wilson Lima vem registrando uma verdadeira avalanche de empréstimos. O primeiro, em agosto de 2023, foi de US$ 87,5 milhões (R$ 455 milhões) junto ao BID, destinado ao Programa de Saneamento Integrado de Parintins (PROSAI Parintins), com a justificativa de ampliar o acesso à água e esgoto e melhorar a saúde pública local.

Em outubro do mesmo ano, o governo solicitou R$ 220 milhões ao Banco do Brasil para o Programa Estadual de Habitação, Infraestrutura e Saneamento (PROHABIS), voltado a famílias de baixa renda e obras urbanas.

Apenas alguns dias depois, em novembro, outro pedido de R$ 1,5 bilhão, também junto ao Banco do Brasil, foi direcionado ao PRODECAP VI, com a justificativa de apoiar despesas de capital do estado e financiar obras essenciais.

Ainda em novembro de 2023, o governador contratou US$ 200 milhões (R$ 1.040 milhões) com o IBRD para o PRÓ-SUSTENTÁVEL II, programa voltado ao fortalecimento da sustentabilidade fiscal, econômica, social e ambiental do Amazonas.

Em dezembro, mais US$ 100 milhões (R$ 520 milhões) foram pedidos ao BID para o PADEAM II, programa que visa acelerar o desenvolvimento da educação, com investimentos em infraestrutura escolar e programas pedagógicos.

Em 2024, os empréstimos continuaram em ritmo acelerado. Em dezembro, o governo contratou R$ 3 bilhões com o Banco do Brasil para o PRODECAP VIII e IX, dando sequência ao apoio às despesas de capital e à modernização administrativa.

Na mesma data, US$ 585 milhões (R$ 3.042 milhões) foram obtidos com o IBRD para o Pro-Sustentável III, com o objetivo de reestruturar dívidas internas do estado e melhorar o fluxo de caixa.

Outro pedido do mesmo dia, junto ao BID para o PROJETO PROFISCO III AM, teve valor não informado, mas foi justificado como um investimento na modernização da gestão fiscal e no aprimoramento de processos contábeis e administrativos.

Em dezembro de 2024, mais R$ 3 bilhões foram solicitados para o PROHABCAP 2025 e 2026, programa de desenvolvimento habitacional e obras estratégicas.

Já em junho de 2025, o governo contratou US$ 585 milhões (R$ 3.042 milhões) com o IBRD, sem detalhar a destinação, mas com a justificativa de financiar investimentos estratégicos e equilibrar as contas públicas.

Em novembro de 2025, mais R$ 1,5 bilhão foram destinados ao PROHABISCAP, para programas de habitação, infraestrutura e capitalização do Fundo Garantidor de PPP.

Por fim, em dezembro de 2025, Wilson Lima enviou US$ 60 milhões (R$ 312 milhões) ao BIRD para o PROGESTÃO, com o objetivo de modernizar a gestão pública, reduzir custos e melhorar a eficiência administrativa.

Ao todo, os empréstimos em reais somam R$ 9,22 bilhões, enquanto os contratos em dólares, convertidos para R$ 5,20, alcançam R$ 8,411 bilhões, totalizando R$ 17,631 bilhões comprometidos pelo estado.

NOTA

O Núcleo do Reportagem Investigativa do Portal Alex Braga entrou em contato com o Governo do Amazonas para falar sobre os empréstimos, mas até a publicação desta matéria não obtivemos respostas. O espaço segue aberto para esclarecimentos.

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