Terça-feira, 11 Novembro

O município de Iranduba vive um dos seus momentos mais delicados na história política. O prefeito, Augusto Ferraz (UB), tem sido alvo de duras críticas por transformar a gestão municipal em uma vitrine eleitoral para a sua esposa, a primeira-dama, Luana Ferraz, que já desponta como pré-candidata à deputada estadual.

Com o uso ostensivo da estrutura pública e da comunicação institucional para promoção pessoal, a administração passou a confundir os limites entre o público e o privado, levantando suspeitas de crimes eleitorais e atos de improbidade administrativa.

Publicação nas redes sociais de Luana Ferraz

Leia Mais: Ferraz gasta R$ 7,9 milhões em locação de máquinas, mas vias de Iranduba seguem esburacadas

A primeira-dama que age como prefeita de Iranduba

Nos últimos meses, a presença da primeira-dama tornou-se constante — e até onipresente — em praticamente todos os eventos da Prefeitura: inaugurações de obras, entregas de cestas básicas, campanhas de vacinação, ações da assistência social e até eventos da educação e do esporte.

Em quase todos eles, Luana Ferraz aparece como principal protagonista, conduzindo cerimônias e recebendo homenagens em nome do Executivo municipal. As publicações nas redes sociais e no site oficial da Prefeitura passaram a destacar o nome e a imagem dela, enquanto o nome “Prefeitura de Iranduba” aparece em segundo plano — ou simplesmente desaparece.

Confira algumas dessas publicações

“A Prefeitura virou palco de promoção pessoal. Tudo gira em torno da imagem da primeira-dama”, afirmou um servidor que preferiu não se identificar.

Leia Mais: Augusto Ferraz e os R$ 20 milhões em lâmpadas que não tiram Iranduba das trevas

Condutas configuram crimes eleitorais e atos de improbidade

Juristas e especialistas em direito público alertam que as práticas adotadas pela gestão Ferraz configuram infrações eleitorais e administrativas graves.

Segundo o art. 73 da Lei nº 9.504/1997 (Lei das Eleições), é proibido o uso de bens, serviços, servidores ou meios de comunicação custeados pelo poder público em benefício de candidato ou pré-candidato. O descumprimento pode acarretar cassação de registro, inelegibilidade por até 8 anos e multa de até R$ 106 mil.

Além disso, o art. 11 da Lei nº 14.230/2021 (Nova Lei de Improbidade Administrativa) considera ato ímprobo “utilizar, em obra ou serviço público, símbolos, expressões ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades públicas”.

Tais condutas podem resultar em perda da função pública, suspensão de direitos políticos e multa civil.

Também o art. 37, §1º, da Constituição Federal proíbe expressamente qualquer publicidade de atos, programas, obras e campanhas que contenham nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades.

Em outras palavras: usar a Prefeitura e seus recursos para construir imagem eleitoral da primeira-dama é crime — e fere frontalmente os princípios que regem a administração pública.

Leia Mais: Prefeito e primeira-dama de Iranduba pagam R$ 1,6 mi à empresa do ex-chefe de licitação da cidade

Primeira-dama é criticada nas redes sociais

Em suas publicações nas redes sociais, a primeira-dama e possível candidata a deputada estadual em 2026, Luana Ferraz recebe duras criticas sobre sua atuação.

Alguns comentários são principalmente na área da saúde, onde Ferraz é secretária da pasta no município.

Confira

Após esse comentário, a primeira-dama respondeu esse internauta, que devolveu a resposta em seguida “por favor não use isso apenas como trampolim político”.

Transparência e justiça: o que o povo espera

Diante das evidências, cresce a pressão popular por atuação dos órgãos de controle, como o Ministério Público Eleitoral (MPE-AM), o Tribunal de Contas do Estado (TCE-AM) e o Ministério Público do Estado (MP-AM), para investigar o uso da máquina pública em benefício pessoal.

Enquanto isso, a população de Iranduba segue carente de políticas públicas reais, com educação em crise, obras paradas e uma gestão mais preocupada com palanque do que com resultados.

Iranduba precisa urgentemente de transparência, seriedade e respeito à lei — para que o poder público volte a servir ao povo, e não a projetos de poder familiar.

Leia Mais: Augusto Ferraz e esposa usam verba milionária federal para contratar pequena empresa de SP

Exit mobile version