Moradores de Ipixuna denunciaram ao Portal Alex Braga o uso de máquinas e de uma retroescavadeira municipal em uma obra claramente particular: a reforma da casa do pai da prefeita Paula Augusta (PSDB), o senhor Cesar Augusto. Vídeos enviados por populares mostram veículos da frota pública trabalhando em frente à residência da família. Em uma das máquinas, chama atenção a inscrição com o nome da propriedade rural: “Fazenda A.C. Oliveira”.


“Nas imagens, está escrito o nome da fazenda do pai da prefeita. Segundo moradores, essa máquina está alugada para a Prefeitura, mas não existe documento original disponível. A gente não tem acesso a nada, porque a gestão simplesmente não alimenta o Portal da Transparência”, relatou um dos denunciantes.
Enquanto isso, ônibus escolar afunda nos buracos
A cena vista nas ruas de Ipixuna expõe um contraste gritante: enquanto máquinas públicas atuam em reformas particulares, estudantes são obrigados a empurrar um ônibus escolar atolado em uma via completamente esburacada. No vídeo, os alunos tentam, com esforço, evitar perder mais um dia de aula por falta de manutenção básica das ruas.
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“A cidade inteira está destruída. As máquinas deveriam estar tapando buracos, mas estão na obra da família da prefeita. E os alunos passam por isso, empurrando ônibus porque ninguém cuida das vias”, criticou o denunciante.
Contratos milionários
Apesar do abandono evidente das ruas, a gestão Paula Augusta assinou, em fevereiro de 2025, um contrato de R$ 1.662.061,45 com a empresa Beta Construções e Comércio Ltda. para “recuperação de ruas com execução de trechos de vias em pavimento rígido”.
Na prática, porém, moradores afirmam que a cidade “continua só buraco”.

Além do gasto milionário, o mesmo contrato passou por três termos aditivos, todos prorrogando prazos de execução — mas não entregando resultados visíveis à população:
- 1º Aditivo (08/05/2025): prorrogou por 90 dias.
- 2º Aditivo (31/07/2025): prorrogou mais 90 dias de vigência e mais 90 dias de execução.
- 3º Aditivo (28/10/2025): novo acréscimo de 90 dias ao prazo.



Ou seja: a Prefeitura compra, adita, amplia, renova, mas não entrega.
Em paralelo, também contratou, via dispensa de licitação, serviços de manutenção das máquinas pesadas, ao custo de R$ 57.500, pagos à empresa Pedro Neto da Silva Uchoa. Mesmo assim, moradores afirmam que justamente essas máquinas estariam sendo usadas em benefício da família da prefeita.

População vê abandono e aponta privilégio
“Essas máquinas deveriam estar trabalhando nas ruas, mas aparecem na obra privada. O caminhão é da Prefeitura, dá pra ver bem o nome. E a cidade continua um caos”, afirmou outra denunciante.
Enquanto contratos milionários e aditivos se acumulam no papel, a realidade nas ruas de Ipixuna segue marcada por lama, buracos, ônibus atolados e denúncias de uso indevido de bens públicos.
NOTA


O Núcleo de Reportagem Investigativa entrou em contato com a prefeitura de Ipixuna para falar sobre a situação, mas até a publicação desta matéria não obtivemos respostas. O espaço segue aberto para esclarecimentos.
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