Esta é a quarta reportagem especial publicada pelo Portal Alex Braga em apenas uma semana sobre a avalanche de denúncias que vêm à tona na gestão do prefeito Frank Sobreira Barros (MDB), em Boca do Acre. Após expor o colapso na saúde pública, o abandono das ruas da cidade e o escândalo da escola reformada por R$ 5,1 milhões que segue fechada, agora o foco recai sobre o loteamento de cargos públicos para aliados políticos de Lábrea, cidade vizinha.
Lábrea exporta “quadros” para Boca do Acre e revolta população
Conforme apurado com fontes internas da administração, o secretário de Governo de Boca do Acre, Gean Barros, irmão do prefeito Frank, teria sido o articulador da nomeação do novo diretor do Hospital Regional Maria Geny de Lima, o ex-secretário de Saúde de Lábrea, Dário Vicente da Silva. O detalhe que tem causado indignação pública é que Gean foi prefeito de Lábrea por dois mandatos, justamente durante o período em que Dário comandava a saúde daquele município.
A chegada de Dário ao comando do principal hospital de Boca do Acre não agradou nem um pouco à população. O anúncio de sua nomeação, feito em portais locais em agosto deste ano, provocou uma enxurrada de críticas nas redes sociais.
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“Acho engraçado, se ele queria ajudar o povo de lá, por que não se candidatou lá? Inadmissível uma coisa dessa!”, comentou uma internauta revoltada.
“Aqui não tem gente competente pra assumir esse cargo, será? 😮”, questionou outra moradora.
“Boca do Acre vai virar um puxadinho de Lábrea?”, ironizou um terceiro.
A revolta ganha ainda mais força diante de um vídeo antigo de campanha em que o prefeito Frank Barros aparece prometendo que não traria ninguém de Lábrea para cargos na prefeitura. Nas palavras do próprio Frank:
“Ficam botando coisa no ouvido de vocês, que nós viemos lá de Lábrea para tirar emprego de cada um de vocês. E nós viemos de lá pra botar empresa de lá pra cá, e isso não existe. Eu acho que tem gente competente aqui para trabalhar, para assumir cargo de responsabilidade.”
Pois agora, o vídeo circula novamente como prova da hipocrisia política que tomou conta da atual gestão.
Diretor some do hospital e estaria ocupando cargo em outro município
E o escândalo não para na nomeação. Conforme funcionários do Hospital Regional, que preferiram não se identificar, o novo diretor mal assumiu o cargo e já se afastou por 20 dias, pedindo uma licença logo após sua nomeação. Segundo as mesmas fontes, Dário estaria em Nhamundá (AM), onde supostamente ocupa outro cargo público.
Enquanto isso, a situação da saúde em Boca do Acre continua dramática. Conforme já denunciado pelo Portal Alex Braga, o hospital enfrenta:
- Falta de oxigênio, mesmo diante de um surto recente de COVID-19 que já soma quase 100 casos em menos de duas semanas;
- Infestação de ratos nos corredores da unidade;
- Transferência de pacientes para Rio Branco por falta de estrutura mínima;
- Escassez de testes rápidos e medicamentos.
População impedida de fiscalizar: portal da transparência está desatualizado
Em meio a todas essas denúncias, um fato agrava ainda mais a situação: o Portal da Transparência da Prefeitura de Boca do Acre está completamente desatualizado. Ao acessar a plataforma, cidadãos se deparam com ausência de informações sobre os gastos públicos, contratos firmados, salários e funções dos servidores nomeados.
A omissão das informações básicas viola a Lei de Acesso à Informação (Lei nº 12.527/2011) e impede que a população exerça seu direito fundamental de fiscalizar a gestão pública. Em um cenário de denúncias em série, a falta de transparência apenas reforça a suspeita de má gestão e favorecimento político.
Relembre as denúncias que o Portal Alex Braga revelou nesta semana:
- [1ª Matéria]: Colapso na saúde pública, com falta de oxigênio, COVID descontrolado e ratos no hospital.
- [2ª Matéria]: Abandono das ruas de Boca do Acre, com buracos, protestos e até bananeiras sendo plantadas como forma de chamar atenção da prefeitura.
- [3ª Matéria]: Escola municipal reformada com R$ 5,1 milhões do Fundeb, mas que permanece de portas fechadas meses após a conclusão da obra.
Silêncio e omissão
Diante de todas essas denúncias, a prefeitura segue em silêncio. Nenhuma nota oficial foi divulgada até o momento para explicar:
- Por que o diretor do hospital foi nomeado vindo de outra cidade?
- Por que ele já está afastado?
- Por que tantos moradores de Boca do Acre estão sendo ignorados nas nomeações para cargos públicos?
A impressão que fica é de que a gestão do prefeito Frank Barros opera em modo automático, com uma máquina pública cada vez mais distante da população e voltada para atender interesses particulares e apadrinhamentos políticos.
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