A prefeita de Manacapuru, Valciléia Maciel (MDB), responde a acusações de uso irregular de verbas públicas, pagamento indevido de salários, autorização de nepotismo e violação aos princípios constitucionais da administração pública em uma representação em andamento no Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM). Esta é mais uma matéria da série sobre os processos que a prefeita acumula nos órgãos de controle revelados pelo Portal Alex Braga este mês.
O caso em questão chegou ao órgão de controle a partir de informações divulgadas na mídia em junho deste ano. No mês seguinte, a denúncia passou a ser analisada pela Corte de Contas e continua sem julgamento até o momento.

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De acordo com a representação protocolada no TCE-AM, Valciléia estaria custeando, com recursos públicos, o curso de Medicina do procurador-geral do município, Christian Galvão da Silva. Apesar de ocupar cargo de confiança, ele também seria estudante, monitor e garoto-propaganda de uma faculdade, sem apresentar clareza sobre a compatibilidade de horários com as suas funções na prefeitura.
Valciléia autoriza nepotismo
A denúncia aponta ainda que pessoas próximas ao procurador teriam sido nomeadas pela prefeita Valciléia para cargos na administração municipal. Há indícios de que o procurador-geral tenha usado de sua influência para empregar seus familiares, cometendo nepotismo com o aval da prefeita. O documento cita a irmã do procurador, Flaide Flaviane Galvão Ferreira; a mãe dele, Maria Erivânia Araújo Galvão; e a mãe de um filho dele, Luana Marcela Pacheco Mota.
Segundo a denúncia, também havia indícios de que a ex-companheira e a mãe de Christian seriam funcionárias fantasmas e estavam recebendo sem trabalhar. Além disso, a mãe do procurador seria sócia de uma empresa privada com possível vínculo contratual com o município, gerando suspeita de conflito de interesses.

“Blogueiro”
Apesar da denúncia, Christian continua no cargo de procurador-geral de Manacapuru até hoje. Nas redes sociais, ele se apresenta como professor de Direito, advogado especialista em Direito pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e mestrando, além de procurador-geral do município, função que, inclusive, faz questão de exibir na aba de “destaques” da plataforma, onde há um acervo de fotos dele com a gestão passada de Beto D’Ângelo e agora com Valciléia.

Sem exoneração
A reportagem também fez uma busca no Diário dos Municípios pela exoneração da irmã do procurador, Flaide Flaviane Galvão Ferreira; da mãe dele, Maria Erivânia Araújo Galvão; e da ex-mulher dele, Luana Marcela Pacheco Mota. No período de junho até setembro, não foi possível localizar nenhuma portaria com a exoneração das servidoras.
O Portal da Transparência da prefeitura também foi consultado, mas o quadro de pessoal e a folha de pagamento não estão disponíveis no site oficial da gestão municipal, mostrando mais uma vez a falta de transparência da administração de Valciléia. No site do TCE-AM, a última atualização no processo de investigação ocorreu no dia 9 deste mês.
Nas redes sociais, Valciléia também posa para fotos com o procurador-geral investigado. Em uma publicação feita em julho, a prefeita afirma que uesteve em Manaus em “uma importante agenda” ao lado do procurador-geral para tratar de “pautas relevantes” para a população.
“Seguimos firmes, buscando parcerias, promovendo o diálogo e construindo caminhos que garantam mais desenvolvimento e justiça social para Manacapuru”, escreveu Valciléia.

Enquanto o processo segue em andamento, Valciléia e aliados agem como se todos já tivessem esquecido o caso, mas o Portal Alex Braga seguirá acompanhando até o julgamento.

A reportagem entrou em contato com a prefeitura de Manacapuru e aguarda posicionamento.
