Quarta-feira, 1 Outubro

A gestão do prefeito Frank Barros (MDB), em Boca do Acre, vive um dos momentos mais críticos na área da saúde pública. Denúncias gravíssimas recebidas pelo Portal Alex Braga revelam um verdadeiro colapso no Hospital Regional Maria Geny de Lima, em meio a um surto de COVID-19 que já acumula quase 100 casos em menos de duas semanas. E não só na Saúde. Essa é a primeira reportagem exclusiva sobre de uma série de problemas graves na gestão municipal do prefeito Frank Barros.

Segundo uma fonte do município, os funcionários estão desesperados com a falta de oxigênio, a ausência de testes rápidos para COVID-19, a precariedade nos atendimentos e até mesmo com a infestação de ratos dentro do hospital. “Estamos tendo vários casos de COVID na cidade, e o hospital não tem oxigênio. Tentam esconder isso da população, mas nós que estamos aqui sabemos da realidade. Pacientes estão sendo todos transferidos para Rio Branco porque aqui não tem estrutura”, afirmou.

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A situação se agrava com denúncias de negligência administrativa. O diretor do hospital teria se ausentado por mais de 20 dias por também ocupar outro cargo no município de Nhamundá (AM). O atual secretário de saúde, Manoel Barbosa, segundo a denunciante, tenta minimizar a crise com vídeos nas redes sociais alegando que há oxigênio suficiente, mas sem apresentar provas. “Nem os vereadores, todos aliados do prefeito, vão até o hospital verificar a situação. Ninguém mostra nada para a população”, diz.

O atual secretário de saúde Manoel Barbosa

Além da escassez de insumos básicos, o transporte de oxigênio estaria sendo feito de forma ilegal dentro de ambulâncias comuns, o que contraria normas de segurança e expõe pacientes e servidores ao risco de explosões. “Isso é um crime! Estão colocando vidas em risco”, alerta.

Hospedagem de ratos e cortes até no café dos funcionários

Imagens enviadas por pacientes mostram fezes de ratos em diversos ambientes do hospital, inclusive na cozinha e em locais onde são armazenadas roupas e lençóis infantis. “Onde estão essas fezes é justamente onde ficam os lençóis das crianças. É revoltante!”, relatou uma das testemunhas.

Desde a troca de direção da unidade, uma indicação do próprio prefeito, que trouxe um ex-secretário de Lábrea, a gestão do hospital teria mudado drasticamente. Cortes de serviços internos, como o fornecimento de café aos funcionários, foram apenas o início de uma onda de precarizações.

Sem anestesista, sem cirurgião, sem medicamentos

A denúncia ainda afirma que o hospital opera sem anestesistas, cirurgiões, raio-X, e que os únicos profissionais disponíveis são médicos internos formados na Bolívia e técnicos de enfermagem. Casos que requerem tratamento fora de domicílio (TFD) estão sendo ignorados.

Uma paciente relatou: “Minha cunhada precisava fazer o teste de COVID e eles se recusaram, disseram que só faz se for urgente e com pedido médico. A pessoa pode estar morrendo, que não fazem. Isso é um absurdo!”

Outra mãe compartilhou a experiência traumática de levar sua filha com baixa saturação ao hospital. “A médica foi grosseira, disse que não era pediatra, e ainda mentiu dizendo que minha filha estava melhorando, sem nem mostrar o resultado da saturação. Tive que voltar para casa do mesmo jeito que entrei”, disse.

Enquanto a saúde colapsa, prefeitura investe em festas

A revolta aumenta com a falta de ações preventivas e de contenção por parte da Secretaria Municipal de Saúde diante do surto de COVID-19. Segundo as denúncias, nenhuma medida foi adotada para frear o avanço da doença. Em contrapartida, festas e eventos continuam sendo promovidos pela gestão municipal.

“A cidade vai comemorar aniversário no dia 22 de outubro, foi decido manter o evento mesmo com os crescentes casos de COVID-19. Enquanto isso, o hospital está em ruínas, a população está morrendo sem atendimento e ninguém faz nada. A Câmara de Vereadores é omissa, todos estão do lado do prefeito, não do povo”, concluiu a denunciante.

NOTA

O Núcleo de Reportagem Investigativa do Portal Alex Braga entrou em contato com a Prefeitura de Boca do Acre para tratar das denúncias, mas, até a publicação desta matéria, não obteve retorno. O espaço permanece aberto para eventuais esclarecimentos.

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