Quinta-feira, 11 Setembro

A Polícia Federal concluiu nesta quarta-feira (27), as investigações da Operação Tupinambarana Liberta, que apurou um esquema de corrupção eleitoral e uso indevido da estrutura do Governo do Amazonas sob comando do governador Wilson Lima, para supostamente manipular o pleito municipal em Parintins, em favor da então candidata Brena Dianá.

Cinco agentes públicos foram indiciados por crimes de organização criminosa, corrupção eleitoral e atentado ao Estado Democrático de Direito. O famoso “QG do crime”, que foi descoberto após uma reunião na casa da família do deputado estadual Roberto Cidade (UB), então candidato a prefeito de Manaus. A residência pertence a Adriana Cidade, irmã do deputado estadual Roberto Cidade.

Na época, após questionar a veracidade das imagens, Wilson Lima foi pressionado e teve de exonerar os ex-secretários Fabrício Rogério Barbosa (Administração), Marcos Apolo Muniz de Araújo (Cultura e Economia Criativa), e o ex-diretor da Cosama, Armando do Vale.

O inquérito revela que os investigados atuaram para favorecer Brena Dianá, por meio da compra de votos, coerção a eleitores e impedimento da atuação de adversários. A denúncia inicial partiu do Ministério Público Eleitoral (MPE) em setembro de 2024, que apontou possível interferência criminosa nas eleições da cidade.

LEIA MAIS: Policial alvo da PF ganha cargo comissionado e aumento de salário de Roberto Cidade na Aleam

Segundo a PF, a estrutura do Estado foi utilizada em benefício da campanha de Brena Dianná (União Brasil), com participação de secretários estaduais e membros da Polícia Militar. Parte das ações incluía o monitoramento de opositores e até o rastreamento de equipes da própria Polícia Federal para impedir investigações.

O material foi encaminhado ao Ministério Público Eleitoral, que avaliará as provas para possíveis ações judiciais. Os crimes imputados aos envolvidos preveem penas que podem ultrapassar 20 anos de reclusão, de acordo com as qualificações legais.

Investigações revelam articulação política e coação de eleitores

O núcleo das investigações teve como base um vídeo divulgado em outubro de 2024, no qual secretários do governo estadual, ao lado de um agente público e policiais militares, discutem estratégias para beneficiar a candidatura de Dianná. O conteúdo do vídeo motivou a abertura de um Inquérito Civil pelo Ministério Público do Amazonas (MPAM), que apura improbidade administrativa e irregularidades na segurança pública.

De acordo com o MPAM, há indícios de que ordens foram dadas diretamente aos comandos da Polícia Militar para intimidar eleitores e restringir a movimentação de candidatos opositores em algumas áreas da cidade. O coronel PM Francisco Magno Judiss foi citado nas investigações como uma das lideranças operacionais da trama.

Além das ameaças a eleitores, lideranças comunitárias com ligações com facções criminosas teriam participado do esquema, dificultando o acesso de opositores a determinadas zonas eleitorais e contribuindo para o clima de medo na cidade.

Desdobramentos e medidas administrativas

O caso foi encaminhado à Procuradoria-Geral da República (PGR) e ao procurador regional eleitoral devido ao foro privilegiado dos secretários estaduais envolvidos.

A Operação Tupinambarana Liberta foi deflagrada em 3 de outubro de 2024, com apoio da Corregedoria da Polícia Militar do Amazonas. O nome da operação faz referência à Ilha Tupinambarana, como é conhecida Parintins, um símbolo da cultura e da resistência indígena na região Norte.

O Governo do Amazonas ainda não comentou o indiciamento.

LEIA MAIS: Ex-ministro do governo Bolsonaro é preso pela PF

Exit mobile version