O Sindicato dos Médicos do Amazonas (Simeam) acusou o governo Wilson Lima de mentir na propaganda sobre o Complexo Hospitalar Zona Sul de Manaus. O presidente da entidade, Dr. Mário Vianna, usou as redes sociais para denunciar publicamente a situação de caos e risco à vida nas unidades que compõem o complexo — como o Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto e o Instituto da Mulher Dona Lindu.
De acordo com o médico, a verdadeira realidade dessas unidades de saúde contradiz totalmente o discurso do governo, que tenta passar uma imagem de modernização. A denúncia tem como base relatórios oficiais do Conselho Regional de Medicina do Amazonas (Cremam), que apontam inúmeras irregularidades mantidas há mais de seis meses, apesar das promessas frequentes de melhorias.
“É inadmissível que o governo continue vendendo uma imagem de modernização enquanto médicos estão sendo forçados a atuar em áreas críticas, como UTIs e salas cirúrgicas, sem especialização, colocando em risco direto a vida de pacientes”, declarou o médico.
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Entre as irregularidades mais graves apontadas pelos relatórios do Cremam estão:
- Falta de registro das unidades hospitalares e seus diretores técnicos no Conselho Regional de Medicina, o que configura exercício irregular da medicina e fere diversas normas do Código de Ética Médica;
- Ausência de escalas de plantão nos arquivos oficiais, impossibilitando a fiscalização adequada dos profissionais em serviço;
- Médicos sem Registro de Qualificação de Especialista (RQE) atuando em Unidades de Terapia Intensiva Adulto e Pediátrica, o que viola diretrizes básicas de segurança hospitalar;
- Carência de cirurgião geral plantonista exclusivo no Instituto da Mulher Dona Lindu, obrigando o deslocamento de profissionais do 28 de Agosto — prática considerada arriscada e desorganizada;
- Inexistência de coordenadores de especialidades durante as vistorias, agravando ainda mais a percepção de abandono técnico e administrativo;
- Empresas terceirizadas atuando sem inscrição regular no Cremam, com médicos não habilitados atendendo pacientes em situação de emergência.

A situação descrita é alarmante. O próprio Cremam informou que a empresa gestora do Complexo, a Associação de Gestão, Inovação e Resultados em Saúde (Agir), não apresentou as respostas dentro do prazo legal e que muitos processos estão com o status de “prazo expirado”. Além disso, a regularização dos hospitais junto ao CRM segue pendente.
Apesar das justificativas apresentadas pela Agir, a falta de providências concretas e imediatas demonstra, segundo o Simeam, um completo desrespeito à vida humana e à prática médica segura.
População demente propaganda
Assim como o presidente do SIMEAM, a população que busca atendimento no Complexo Hospitalar Sul desmente as propagandas de Wilson Lima. O Portal Alex Braga recebeu imagens e vídeos que mostram a real situação do Hospital 28 de Agosto.
Segundo uma denunciante, o hospital está completamente insalubre: elevadores quebrados, cadeiras de acompanhante e de rodas danificadas, macas em péssimo estado e muita sujeira. Ela ainda relatou que a alimentação é precária, e que quando há fruta, esta não chega aos pacientes porque teria sido roubada do carrinho.




Esses relatos expõem a grave realidade enfrentada diariamente por quem depende do sistema público de saúde, contrariando a imagem positiva divulgada pelo governo.
Um quadro de retrocesso
Para o Simeam, o que se vê no Complexo Hospitalar Sul é um retrocesso institucional, técnico e ético. As unidades estão funcionando sem o mínimo de exigência legal e profissional, com médicos que não têm o treinamento adequado e empresas que sequer estão autorizadas a operar na jurisdição.
No documento, o Conselho Regional de Medicina reforçou a gravidade das irregularidades e alertou que os relatórios apontam inúmeras violações às Resoluções do Conselho Federal de Medicina, ao Código de Ética Médica e à legislação sanitária vigente.
NOTA
O Núcleo de Reportagem Investigativa do Portal Alex Braga entrou em contato com a Secretaria de Estado da Saúde (SES-AM) para falar sobre essas irregularidades apontas pelo relatório do Simeam, mas até a publicação desta matéria não obtivemos repostas.

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