Enquanto o Amazonas enfrenta crises na Saúde, Segurança Pública e Educação, políticos da direita local, Capitão Alberto Neto, Capitão Carpê, Professora Maria do Carmo, Coronel Rosses, Alfredo Nascimento, Delegado Péricles, concentram esforços em promover atos em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Ignorando os problemas urgentes da população amazonense, o partido convoca simpatizantes para uma manifestação contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, marcada para o dia 3 de agosto, na Ponta Negra, Zona Oeste de Manaus.
Alberto Neto e suas contradições
O deputado federal Capitão Alberto Neto (PL-AM), tem um histórico de forte apoio ao bolsonarismo, está cada vez mais próximo do ex‑presidente Jair Bolsonaro. Em julho deste ano, Bolsonaro citou publicamente Alberto Neto como possível candidato ao Senado em 2026, reforçando o apoio dentro da direita do PL.
Essa estratégia política do deputado está cada vez mais clara: Ele quer conquistar visibilidade nacional como um degrau para sua pretensão no Senado, isso enquanto o Amazonas enfrenta crises sociais, com relatos de fome e carências nas áreas mais vulneráveis.

Alberto Neto escondeu fazenda de camarão
Em outubro de 2024, foi feita uma investigação do Portal Alex Braga, constatando que o empreendimento de camarão do deputado federal Alberto Neto, localizado na cidade de Caridade, interior do Ceará, fazenda avaliada em mais de R$ 1,5 milhão.
De acordo com dados já divulgados pelo Portal Alex Braga, o terreno onde está instalada a empresa Fazenda Camarão Carnaubinha Ltda., de propriedade do parlamentar e de sua sócia, a designer de interiores Ana Carolina Gianini, foi adquirido em abril de 2021 por R$ 250 mil.
Registros da Junta Comercial do Estado do Ceará (JUCEC), que atestam o capital social da firma, apontam ainda que Alberto Neto e Gianini detêm participação igualitária no negócio, com o valor de R$ 200 mil cada um
Emendas para fora do Amazonas e golpe nos aposentados
Desde o início do mandato, Alberto Neto destinou mais de R$ 4 milhões em emendas parlamentares para estados como São Paulo e Paraná, regiões de apoio majoritário a Bolsonaro o que alimentou críticas de que seus repasses não priorizam o Amazonas.
Ainda assim, sua atuação como relator da Medida Provisória que disponibilizou a margem de empréstimos consignados de aposentados gerou controvérsia. A prorrogação do prazo de revalidação anual dos descontos autorizados favoreceu entidades suspeitas de fraudes junto ao INSS, causando prejuízos estimados em mais de R$ 6 bilhões.
Alfredo Nascimento ex-ministro de Lula e Dilma
O ex-deputado federal e ex-prefeito de Manaus, Alfredo Nascimento (PL), outro que está liderando a convocação dos movimentos de direita, também teve a oportunidade de melhorar a vida dos amazonenses, mas passou batido.
O político construiu sua trajetória no coração dos governos petistas. Foi ministro dos Transportes por duas gestões consecutivas, durante os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff e, à época, ocupava posição de confiança estratégica no primeiro escalão. Apesar de ter ocupado o cargo durante anos em uma pasta diretamente ligada à infraestrutura nacional, nunca conseguiu viabilizar o asfaltamento completo da BR-319, uma das principais reivindicações da população amazonense.

O silêncio sobre a BR-319
A BR-319, rodovia que liga Manaus a Porto Velho, segue até hoje como um dos símbolos do isolamento logístico da região Norte. Mesmo com ampla influência política e acesso direto ao Palácio do Planalto, Alfredo pouco fez para tirar a obra do papel. Críticas recorrentes apontam que, mesmo com verbas bilionárias destinadas ao Ministério dos Transportes durante sua gestão, faltou vontade política ou prioridade real à demanda histórica do Amazonas, especialmente quando a viabilidade do trecho dependia de decisão política em Brasília, onde Alfredo tinha espaço privilegiado.
Conversão política e discurso bolsonarista
Apesar de ter feito carreira sob a bandeira da esquerda, hoje Alfredo Nascimento adota um discurso alinhado com o bolsonarismo. A guinada política, segundo analistas, visa manter capital eleitoral em um cenário de crescente influência da direita no Amazonas.
O ex-ministro tenta, agora, reconstruir sua imagem junto ao eleitorado conservador, mesmo tendo sustentado cargos e alianças nos governos que Bolsonaro e seus aliados mais radicais frequentemente criticam. Para muitos, a mudança soa como oportunismo eleitoral, descolado de qualquer coerência ideológica real.
Maria do Carmo tropeça nas próprias contradições
A empresária e ex-candidata à vice-prefeita de Manaus, Maria do Carmo Seffair (PL), esteve ao lado do deputado federal Capitão Alberto Neto na disputa pela Prefeitura em 2024. Durante um dos debates da campanha, veio à tona uma denúncia que gerou constrangimento público.
Maria não pagava o IPTU de um de seus imóveis em Manaus. teve ampla repercussão nas redes sociais, colocando em xeque a coerência de seu discurso de “cidadania exemplar” e de compromisso com a cidade.
Mesmo defendendo um discurso voltado contra a chamada “velha política”, Maria do Carmo mantém alianças com figuras já consolidadas na política amazonense. Sua aproximação com Alberto Neto, parlamentar bolsonarista com histórico de controvérsias públicas, coloca em dúvida o distanciamento que ela diz ter do sistema político tradicional. Durante a campanha, seus posicionamentos foram marcados por falas contra privilégios e práticas antigas da política, o que acabou deixando visível as alianças que ela escolheu firmar.
Maria também já declarou publicamente que sua entrada na política foi inspirada pela trajetória do governador Wilson Lima (UB), que também veio da iniciativa privada e da comunicação. A admiração por Wilson, político que enfrentou diversas denúncias e escândalos de gestão ao longo do mandato, gerou críticas entre eleitores que esperavam uma postura mais independente e reformista. A imagem de “nova política” que ela tenta sustentar parece cada vez mais fraca perto da incoerência de suas praticas.

Delegado Péricles tem estratégia eleitoral ancorada no bolsonarismo
Pré-candidato à reeleição, o deputado estadual Delegado Péricles (PL) tem mostrado seu vinculo com o ex-presidente Jair Bolsonaro como principal estratégia de mobilização política.
Mesmo que sua origem na segurança pública o credenciasse a ser uma voz crítica sobre os altos índices de criminalidade no Amazonas, o parlamentar tem se mantido em silêncio diante da gestão do governador Wilson Lima, especialmente quanto à não convocação dos aprovados em concursos da área.
A omissão tem gerado críticas tanto de servidores quanto de especialistas, que esperavam uma postura mais firme de quem construiu sua imagem como defensor da ordem e da legalidade.
SAÚDE
Em meio a uma das maiores crises de atendimento da saúde pública no estado, com relatos de hospitais lotados, falta de materiais hospitalares, falta de medicamentos, longas filas, faltas de leitos e desemprego. Delegado Péricles surpreendeu ao fazer elogios públicos ao sistema de saúde do Amazonas.
A declaração, feita recentemente em evento institucional, destoou da realidade enfrentada pela população e foi vista por muitos como uma tentativa de alinhamento político com o atual governo, contrariando seu discurso de independência.

A fala repercutiu negativamente nas redes sociais, evidenciando um distanciamento entre o discurso oficial do deputado e a dura realidade que o Amazonas vem vivendo.
Discurso ideológico, prática distante das ruas
Capitão Carpê, vereador de Manaus e conhecido por seu alinhamento com pautas bolsonaristas, tem utilizado grande parte de sua atuação parlamentar para comentar temas de campo nacional, muitas das vezes alheios às comparando as reais urgências da capital amazonense.

Em vez de fiscalizar serviços municipais, como transporte público, saneamento básico ou a precariedade das unidades de saúde de bairro, o vereador se dedica a lives e discursos inflamados contra o Supremo Tribunal Federal e lideranças políticas nacionais, em tentativa de engajamento na internet e capitalização eleitoral.
Durante o recesso parlamentar, período em que os vereadores continuam recebendo salários Carpê segue mais ativo nas redes sociais do que nas ruas. Poderia estar aproveitando o momento para visitar bairros, e propor soluções para os problemas urbanos, o parlamentar insiste em alimentar polarizações políticas, como se estivesse em campanha permanente.
A crítica entre seus eleitores cresce, afinal, quem foi eleito para defender Manaus deveria estar olhando para as calçadas quebradas, a violência nos bairros e o abandono dos serviços públicos, e não para Brasília.
Coronel Rosses mostra militarismo no discurso e omissão na prática
Coronel Rosses, que chegou à Câmara Municipal de Manaus com o discurso de ordem, disciplina e compromisso com a segurança da população, tem adotado uma postura cada vez mais apagada diante dos graves problemas de Manaus. Mesmo com a experiência nas forças de segurança, pouco tem cobrado do Executivo municipal melhorias para a Guarda Municipal, Iluminação pública em áreas de risco ou ações efetivas contra a criminalidade nos bairros periféricos. A atuação dele, parece mais voltada à manutenção de sua imagem do que à fiscalização real de Manaus.

Durante o recesso, assim como outros vereadores, não tem sido visto em ações concretas nos bairros de Manaus. A população começa a questionar, de que serve um vereador com formação militar se não há firmeza nem cobrança quando o povo precisa?
Mas, e os problemas do Amazonas?
Durante o encontro, além da gravação da declaração de apoio a Jair Bolsonaro, os presentes reiteraram o argumento de que as decisões do Supremo Tribunal Federal configuram uma suposta “perseguição de cunho político”. Também demonstraram alinhamento em torno de um plano estratégico para as eleições de 2026, com foco no fortalecimento do campo conservador no Amazonas.
O vídeo já circula nas redes sociais dos parlamentares e aliados, com mensagens pedindo mobilização popular contra o que classificam como “injustiças” praticadas pelo Judiciário. A narrativa de que Bolsonaro é alvo de perseguição política tem sido usada como eixo central para reavivar a base eleitoral da direita no estado.
Além do conteúdo gravado, os envolvidos do movimento buscam transformar a comoção em capital político, mirando cargos majoritários e proporcionais nas próximas eleições. A presença de pré-candidatos ao governo, como Maria do Carmo, e de figuras que disputam espaços em Manaus, indica que o apoio a Bolsonaro segue sendo usado como estratégia de unificação do discurso e de mobilização do eleitorado conservador.
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A equipe de redação, entrou em contato com os políticos, e solicitou posicionamento deles sobre o conteúdo da matéria.

Apenas dois parlamentares responderam: Alberto Neto e Delegado Péricles





