Em um momento crítico para a saúde pública e sob alerta pela cheia dos rios que afeta comunidades inteiras do município, o prefeito de Iranduba, José Augusto Ferraz de Lima (UB), protagoniza mais uma polêmica: a contratação de uma empresa de festas para atender a Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), comandada por sua esposa, Luana Ferraz, atual secretária da pasta e cotada nos bastidores como pré-candidata a deputada estadual nas eleições de 2026.
O contrato, no valor exato de R$ 1.451.048,38, foi firmado com a empresa V. E V. Produção de Festas e Eventos Ltda, através de adesão a uma ata de registro de preços da Prefeitura de Maués, conforme publicação no Diário Oficial dos Municípios do dia 12 de junho. O objetivo formal: “atender as necessidades da Secretaria de Saúde de Iranduba”.
No entanto, o contrato não especifica quais serviços uma empresa de festas irá prestar em meio ao cenário alarmante da saúde pública municipal. A contratação, considerada no mínimo estranha, vem à tona ao mesmo tempo em que a população denuncia a precariedade do Hospital Hilda Freire — o único da cidade —, onde, segundo relatos de pacientes nas redes sociais, “não há lençóis, os banheiros estão sem descarga e faltam medicamentos básicos”.
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Família Ferraz: saúde abandonada e pretensões eleitorais
A movimentação financeira em favor de uma empresa de eventos contrasta com a realidade vivida por moradores de Iranduba. O hospital municipal está sucateado, e postos de saúde sofrem com falta de estrutura e profissionais. Ainda assim, a gestão do prefeito Ferraz escolhe investir mais de R$ 1,4 milhão em uma contratação que não deixa claro o impacto direto para a melhoria dos serviços de saúde.
A secretária Luana Ferraz, que assina a pasta responsável pela aplicação do recurso, é também a esposa do prefeito, o que aumenta as suspeitas sobre um possível uso político da estrutura pública. Fontes do meio político local indicam que Luana estaria sendo preparada para disputar uma vaga na Assembleia Legislativa em 2026, o que intensifica o debate sobre a mistura entre o público e o privado na gestão do casal.
Além do contrato com a empresa de eventos, há ainda outro ponto controverso: a prefeitura contratou por mais de R$ 3 milhões uma empresa paulista para construir um Centro de Parto no município, enquanto o hospital atual segue em colapso.
Bebê barrado no Hospital de Iranduba
Um dos episódios mais revoltantes ocorreu recentemente com Larissa Cavalcante, mãe de um bebê que apresentava dificuldades para respirar. Segundo o relato da jovem, o médico de plantão se recusou a atender a criança porque ela não soube informar o peso exato do filho. A justificativa: “o hospital não possui balança para esse tipo de paciente”. A situação se agravou quando, em vez de oferecer uma solução, uma funcionária da unidade ainda questionou de forma rude por que a mãe não havia pesado a criança em uma UBS antes de ir ao hospital. Mesmo com o bebê em visível sofrimento, Larissa foi convidada a se retirar do local. O caso gerou forte comoção nas redes sociais e escancarou o abandono da saúde pública no município.
NOTA IRANDUBA
O Núcleo de Reportagem Investigativa do Portal Alex Braga entrou em contato com a prefeitura de Iranduba para falar sobre esse contrato, mas até a publicação desta reportagem não obtivemos respostas. O espaço segue aberto para esclarecimentos.
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