Em mais um capítulo da controversa política de terceirização da saúde no Amazonas, o governador Wilson Lima (UB) decidiu entregar a gestão do Hospital e Pronto-Socorro Platão Araújo ao Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Humano (INDSH) por mais de R$ 1 bilhão. Nesta quarta-feira (4), informação obtida com exclusividade pelo Portal do Alex Braga indica que o Instituto que já comanda o Hospital Delphina Rinaldi Abdel Aziz.

Apesar do histórico de má gestão, que inclui falta de atendimento, insumos e até mortes evitáveis, o governo optou por renovar sua parceria com o INDSH, ignorando os alertas da população e dos órgãos de fiscalização.
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Uma das tragédias mais recentes ocorreu no dia 22 de maio, quando o feirante Jonatas Moraes Vieira, de 57 anos, cardiopata, morreu após ter o atendimento negado no Hospital Delphina Aziz, gerenciado justamente pelo INDSH. Ao passar mal a caminho do trabalho, ele buscou socorro na unidade, mas foi orientado a procurar a UPA Campos Sales, mais distante. Jonatas morreu na rua, sem receber nenhum atendimento.

Mesmo com um contrato bilionário de mais de R$ 1,3 bilhão, o Delphina Aziz não funciona 24 horas. A equipe do Portal Alex Braga, esteve no hospital e constatou que o atendimento é limitado ao horário de 7h às 18h, apenas mediante encaminhamento. Uma aberração para uma unidade construída para ser referência em atendimento de alta complexidade.
Chamamento público
O chamamento público para terceirizar o Platão Araújo foi lançado no dia 19 de março no site da Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM). O contrato, com validade de cinco anos, faz parte da estratégia do governo de transferir a responsabilidade pelos serviços médicos à iniciativa privada, sob o pretexto de eficiência, mas com resultados amplamente questionados.

Suspeitas de irregularidades
Além do colapso nos atendimentos, o INDSH coleciona suspeitas de irregularidades. O Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM) condenou o ex-secretário de Saúde, Anoar Samad, a devolver mais de R$ 9 milhões aos cofres públicos e pagar multa de R$ 34 mil, por problemas no 10º Termo Aditivo ao contrato de gestão com o INDSH.
A pergunta que fica é: por que o governo continua apostando em uma organização que coleciona denúncias e mortes evitáveis, mesmo diante de valores bilionários pagos com dinheiro público?
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